2024/09/30

Educadores Portugueses dos séculos XIX e XX: António de Oliveira (1867 – 1923)

 

 

(Imagem do autor retirada de Dicionário de educadores portugueses)

António de Oliveira nasceu a 21 de janeiro de 1867, em Lamego, filho de António Braz de Oliveira e de Carolina Angélica de Figueiredo, uma família modesta.

Fez os seus estudos no seminário de Lamego, tendo sido ordenado sacerdote em 1892. Iniciou funções na aldeia de Serrana de Dalvares, Tarouca. Pouco depois adoeceu, supostamente com uma doença pulmonar, e mudou-se para o Porto. Aconselhado a permanecer na cidade, acabou por se tornar capelão de José Silva Tapadas do Partido Progressista.

Por volta de 1899 foi viver para Lisboa, ocupando um cargo na Sé Patriarcal que acumulou com o de capelão da Casa de Correção das Mónicas, de que foi subdiretor em 1900. Impressionado com as péssimas condições de higiene e salubridade do local, bem como pela falta de qualquer tipo de orientação intelectual, Costa tentou alterar a situação. Em 1901 foi criada a Assistência Educativa aos Menores Delinquentes e o educador redigiu um novo regulamento para a instituição, salientando-se o facto de as reclusas passarem a ser acompanhadas por professores.

Em 1902, foi criada a Casa de Correção do Distrito do Porto pelo ministro Campos Henriques e António de Oliveira foi encarregue da sua organização. Em 1903 surgiu a Casa de Correção de Lisboa, para o sexo feminino. A 18 de outubro de 1904 tornou-se capelão e superintendente da Casa de Caxias, orientada para o sexo masculino.

O seu grande objetivo foi transformar a Casa de Correção de Caxias numa escola. Nesse sentido importou material didático da Suécia para os trabalhos manuais educativos, introduziu o desenho, o canto coral e a música, o teatro, bem como a ginástica. A Casa possuía jardins escolares, museu pedagógico e biblioteca.

Após a implantação da República em 1910, António de Oliveira foi encarregue de várias comissões de serviço: a reforma do Instituto de Educação e Trabalho de Odivelas, a reforma do Colégio Militar e a criação do Instituto dos Pupilos do Exército. Paralelamente, foi-lhe solicitado que elaborasse alguns projetos de lei de proteção à infância e à delinquência.

Pode referir-se o Decreto de 1 de janeiro de 1911 que criou uma Comissão cujo objetivo era a proteção de menores em perigo. Esta Comissão passou a funcionar no edifício do extinto Colégio de S. Patrício, à Costa do Castelo, onde se instalaram alguns menores do sexo masculino e o Padre António de Oliveira.

O Padre Oliveira adoeceu, mas redigiu o Decreto de 27 de maio de 1911, conhecido por Lei de Proteção à Infância, uma inovação do ponto de vista social, humano e jurídico. O Decreto preconizava a existência de 2 instituições: a Tutoria da Infância (ou Tribunal de Menores) e a Federação Nacional dos Amigos e Defensores das Crianças.

A Tutoria da Infância funcionaria como um tribunal coletivo para proteção das crianças em perigo. As chamadas Casas de Correção, na dependência das Tutorias, passaram a chamar-se Escolas de Reforma.

Ainda doente e afastado de Caxias, o educador procurou investigar todos os mecanismos que conduziam à delinquência juvenil, através de um trabalho de campo.

Em 1919, António de Oliveira foi o primeiro Inspetor Geral da recém-criada Inspeção Geral dos Serviços de Proteção a Menores. Faleceu quatro anos mais tarde.

 

 

Fonte principal: Dicionário de educadores portugueses / dir. António Nóvoa. - Porto : ASA, 2003.

 

 MJS


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