Alice
Augusta Pereira de Melo Maulaz Moderno nasceu em Paris em 1867, filha de João
Rodrigues Pereira Moderno, médico homeopata e de Celina Pereira de Melo Maulaz.
Sendo os seus pais de origem açoriana, emigrados em França, a família passou
alguns meses na Ilha Terceira, após o nascimento da filha. Regressaram a França,
onde Alice concluiu os estudos primários. Em 1876, a família voltou
definitivamente aos Açores, fixando-se na Ilha de S. Miguel.
Aos 16
anos, Alice decidiu viver sozinha em Ponta Delgada, dando explicações de
Português e Francês. Retomou os estudos em 1887 e foi a primeira mulher a
frequentar o ensino liceal em Ponta Delgada.
Em
1893 os seus pais emigraram para os Estados Unidos, mas Alice Moderno continuou
a residir em S. Miguel onde se tornou uma das primeiras ativistas feministas
neste arquipélago.
Em
1903 adquiriu uma tipografia onde foram impressos os primeiros números do
jornal anarquista Vida Nova e do
jornal O Proletário da Federação Operária
e do Operariado. Fundou igualmente os jornais O Recreio das Salas (1888) e A
Folha (1902 – 1917) e colaborou com o Diário
dos Açores, A Pátria, Açoriano Oriental, Almanaque Micaelense, Correio
dos Açores, Viagem, O Primeiro de Janeiro ou a Revista Pedagógica.
Em
1909 adquiriu uma propriedade onde iniciou o cultivo de ananases, representando
outros produtores e exportadores através da fundação do Sindicato Agrícola
Micaelense.
Foi
professora da instrução secundária do ensino livre e, a partir de 1913,
lecionou nas Escolas Móveis e no Sindicato dos Empregados no Comércio e
Indústria.
Os
valores e ideais republicanos, bem como a defesa dos direitos da mulher foram
causas que abraçou desde cedo. Após a instauração da República participou
ativamente na vida social e política. Tornou-se sócia da Associação de Propaganda Feminista e em
1915 aderiu à Associação Feminina de Propaganda Democrática.
Foi
autora e tradutora de diversos artigos e publicou vários livros de poemas,
romances e peças de teatro. Muitos destes artigos versavam a temática da
educação, abordando a instrução popular e a criação de liceus femininos. Para
Alice Moderno o analfabetismo era um dos maiores problemas da sociedade
portuguesa, sendo absolutamente necessário investir não só no ensino, mas
também em todas as infraestruturas subjacentes como edifícios, formação de
professores ou material didático.
A
defesa dos direitos dos animais esteve igualmente presente na vida da educadora
que fundou a Sociedade Micaelense Protetora dos Animais. Desenvolveu várias iniciativas para postos veterinários na ilha, programas de
educação para os mais novos e diversas petições para banir as touradas de
morte.
Alice
Moderno faleceu a 20 de fevereiro de 1946 e deixou os seus bens a várias
instituições de beneficência, entre os quais o Hospital Veterinário de S.
Miguel.
Fonte
principal: Dicionário de educadores portugueses / dir. António Nóvoa. - Porto :
ASA, 2003.
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