D. Carlos
I (1863 - 1908), “o Martirizado”, era o filho de D. Luís e de D. Maria Pia de
Saboia. Em 1886 casou com D. Amélia de Orleães.
Subiu
ao trono em 1889 e o seu reinado ficou marcado pelo crescente descrédito da
monarquia e pela implantação do republicanismo em Portugal. Um dos eventos que
mais abalou a monarquia portuguesa foi o ultimato inglês. Portugal foi obrigado
a abandonar os territórios africanos que pretendia e a diplomacia portuguesa
foi humilhada. Os sentimentos antibritânicos foram comuns a todos os quadrantes
sociais.
Os
republicanos aproveitaram este momento e revoltaram-se, no Porto a 31 de
janeiro de 1891, proclamando a República. A revolta fracassou, mas o número de
representantes republicanos na assembleia aumentava de ano para ano.
Em
1906, devido a este clima de instabilidade politica, D. Carlos chamou João
Franco para formar governo. De imediato a Assembleia foi encerrada e iniciou-se
um período de ditadura e de repressão política. Os protestos não se fizeram
esperar e em 1908 uma nova tentativa de golpe de estado foi dominada, tendo
sido feitos muitos prisioneiros. D. Carlos promulgou um decreto no qual se
estabelecia a deportação para os conspiradores.
A 1 de
fevereiro de 1908, a família real desembarcava em Lisboa, no Terreiro do Paço,
vinda de Vila Viçosa. Foi então que ocorreu o regicídio, em que morreram D.
Carlos e D. Luís Filipe, príncipe herdeiro.
D. Carlos
foi um monarca apreciador das novas tecnologias europeias, como por exemplo a
luz elétrica. Mandou instalar esta “novidade” no Palácio das Necessidades e
planeou estender a eletrificação a todas as ruas de Lisboa. Estas medidas foram
consideradas extravagantes e desnecessárias.
Dedicou-se
à fotografia e à pintura, sendo um apaixonado por ornitologia e oceanografia. Neste
contexto, fundou o Aquário Vasco da Gama, que pretendia ser um museu
oceanográfico.
Ao nível educativo, em 1890 fundou-se o Grémio Artístico. A este juntou-se em
1899 a Sociedade Promotora e passaram
a designar-se de Sociedade Nacional de
Belas Artes em 1901.
Em
1891, com João Franco, ficaram em funcionamento 2 escolas industriais
completas, 5 incompletas e 12 elementares. O ensino industrial foi dividido em
2 ramos: arte industrial e ciência industrial.
O
ensino comercial foi reduzido a 3 anos e a 2 graus: guarda –livros e
negociantes, por um lado, e empregados de contabilidade, financeiros e grandes
negociantes, por outro.
Em
1895 implantou-se a Reforma de Jaime Moniz. Em 1897, com António José da Cunha,
as escolas industriais deviam continuar a ministrar o ensino de Desenho e os
conhecimentos teóricos necessários a operadores e aprendizes. Os cursos
industriais femininos foram abolidos e substituídos por Lavores Femininos. As
escolas elementares de comércio dividiram-se em instrução elementar, prática
geral e profissional.
A
grande inovação deveu-se ao Decreto de 18 de junho de 1896, com a
regulamentação administrativa e o recenseamento escolar ligados ao Regulamento Geral do Ensino Primário. A
estrutura curricular passou a assentar em quatro classes: o 1.º grau com a 1.ª,
2.ª e 3.ª classes e o 2.º grau com a 4.ª classe. Em 1901 só era obrigatória a
frequência do 1.º grau de ensino que incluía leitura, escrita, cálculo,
doutrina cristã, agricultura, desenho, ginástica e lavores para o currículo
feminino. O 2.º grau incluía aritmética, gramática, ciências naturais, história
pátria e educação cívica.
O
decreto de 24 de dezembro de 1901 passou a exigir o exame do 1.º grau para
acesso a lugares públicos, iniciando um processo de valorização sócio
profissional e educativa. Apesar disso, em 1911, 75% da população portuguesa
era analfabeta.
Em
1898 criou-se um Plano de Inquérito Técnico para se averiguar a causa do
fracasso no ensino técnico.
MJS
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