2023/09/21

Educação e Monarquia: D. Carlos I (1863 – 1908)

 

D. Carlos I (1863 - 1908), “o Martirizado”, era o filho de D. Luís e de D. Maria Pia de Saboia. Em 1886 casou com D. Amélia de Orleães.

Subiu ao trono em 1889 e o seu reinado ficou marcado pelo crescente descrédito da monarquia e pela implantação do republicanismo em Portugal. Um dos eventos que mais abalou a monarquia portuguesa foi o ultimato inglês. Portugal foi obrigado a abandonar os territórios africanos que pretendia e a diplomacia portuguesa foi humilhada. Os sentimentos antibritânicos foram comuns a todos os quadrantes sociais.

Os republicanos aproveitaram este momento e revoltaram-se, no Porto a 31 de janeiro de 1891, proclamando a República. A revolta fracassou, mas o número de representantes republicanos na assembleia aumentava de ano para ano.


(Imagem retirada da Internet)

Em 1906, devido a este clima de instabilidade politica, D. Carlos chamou João Franco para formar governo. De imediato a Assembleia foi encerrada e iniciou-se um período de ditadura e de repressão política. Os protestos não se fizeram esperar e em 1908 uma nova tentativa de golpe de estado foi dominada, tendo sido feitos muitos prisioneiros. D. Carlos promulgou um decreto no qual se estabelecia a deportação para os conspiradores.

A 1 de fevereiro de 1908, a família real desembarcava em Lisboa, no Terreiro do Paço, vinda de Vila Viçosa. Foi então que ocorreu o regicídio, em que morreram D. Carlos e D. Luís Filipe, príncipe herdeiro.

D. Carlos foi um monarca apreciador das novas tecnologias europeias, como por exemplo a luz elétrica. Mandou instalar esta “novidade” no Palácio das Necessidades e planeou estender a eletrificação a todas as ruas de Lisboa. Estas medidas foram consideradas extravagantes e desnecessárias.

Dedicou-se à fotografia e à pintura, sendo um apaixonado por ornitologia e oceanografia. Neste contexto, fundou o Aquário Vasco da Gama, que pretendia ser um museu oceanográfico.

Ao nível educativo, em 1890 fundou-se o Grémio Artístico. A este juntou-se em 1899 a Sociedade Promotora e passaram a designar-se de Sociedade Nacional de Belas Artes em 1901.

Em 1891, com João Franco, ficaram em funcionamento 2 escolas industriais completas, 5 incompletas e 12 elementares. O ensino industrial foi dividido em 2 ramos: arte industrial e ciência industrial.

O ensino comercial foi reduzido a 3 anos e a 2 graus: guarda –livros e negociantes, por um lado, e empregados de contabilidade, financeiros e grandes negociantes, por outro.

Em 1895 implantou-se a Reforma de Jaime Moniz. Em 1897, com António José da Cunha, as escolas industriais deviam continuar a ministrar o ensino de Desenho e os conhecimentos teóricos necessários a operadores e aprendizes. Os cursos industriais femininos foram abolidos e substituídos por Lavores Femininos. As escolas elementares de comércio dividiram-se em instrução elementar, prática geral e profissional.

A grande inovação deveu-se ao Decreto de 18 de junho de 1896, com a regulamentação administrativa e o recenseamento escolar ligados ao Regulamento Geral do Ensino Primário. A estrutura curricular passou a assentar em quatro classes: o 1.º grau com a 1.ª, 2.ª e 3.ª classes e o 2.º grau com a 4.ª classe. Em 1901 só era obrigatória a frequência do 1.º grau de ensino que incluía leitura, escrita, cálculo, doutrina cristã, agricultura, desenho, ginástica e lavores para o currículo feminino. O 2.º grau incluía aritmética, gramática, ciências naturais, história pátria e educação cívica.

O decreto de 24 de dezembro de 1901 passou a exigir o exame do 1.º grau para acesso a lugares públicos, iniciando um processo de valorização sócio profissional e educativa. Apesar disso, em 1911, 75% da população portuguesa era analfabeta.

Em 1898 criou-se um Plano de Inquérito Técnico para se averiguar a causa do fracasso no ensino técnico.


MJS



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