D.
João II "o Príncipe Perfeito" (1455 - 1495) era o filho mais novo de
D. Afonso V e de D. Isabel. Casou com D. Leonor, sua prima.
Como
era hábito, participou na governação do reino durante a vida do seu pai, tendo estado
presente na conquista de Arzila (1471) onde foi armado cavaleiro. Entre 1475 e
1476 o seu pai delegou-lhe a regência do reino enquanto se ausentou nas lutas
com Castela e com diligências diplomáticas.
O foco
do seu reinado foram as descobertas e a luta contra a concorrência castelhana
no que respeitava aos territórios conquistados e à exclusividade de navegação
da costa africana. Esta política de mare
clausum, levou à assinatura do Tratado de Toledo com Espanha em 1480,
dividindo o Atlântico pelo paralelo das Ilhas Canárias.
D. Afonso V morreu em 1481 e D. João II teve
uma enorme preocupação com a centralização do poder real e com o aumento de
poder da nobreza, sobretudo a Casa de Bragança. O monarca reprimiu com
violência algumas conspirações, o que fez com que muitos nobres se refugiassem
no estrangeiro. Foram reunidas Cortes em 1482, 1483 e 1490.
No plano da expansão, toda a costa ocidental
africana é explorada, incluindo a travessia do cabo das Tormentas por
Bartolomeu Dias em 1488. A partir de então, o monarca preparou uma viagem até à
India, enviando emissários por terra para obterem o máximo de informações: Pêro
da Covilhã e Afonso de Paiva.
Entretanto,
Cristóvão Colombo chega à América e D. João II reivindicou essas terras para a
Corte Portuguesa, tendo em conta o Tratado de 1480. Castela opõe-se e seguem-se
negociações entre as duas nações que culminam com a assinatura do Tratado de
Tordesilhas em 1494. Ficou determinado que a linha que dividia a Terra em duas
zonas de influência se localizava a 370 léguas a oeste da Ilha de Santiago em
Cabo Verde. Uma vez que esta zona incluía o Brasil, supõe-se que já se conhecia
o Brasil.
Ao
nível da política externa, D. João II estabeleceu relações diplomáticas com
vários países europeus, garantindo o sucesso da política de Descobertas.
Os
últimos anos de reinado foram marcados pelo problema da sucessão: o infante D.
Afonso, legítimo herdeiro, faleceu em 1491. O rei pretendia que D. Jorge, seu
filho ilegítimo herdasse o trono, mas a rainha opôs-se. O sucessor designado
acabou por ser D. Manuel, irmão de D. Leonor.
No que
respeita à educação e ensino, o desenvolvimento do comércio e da indústria
levaram a inevitáveis alterações económicas e culturais: a intensificação das
trocas comerciais com o estrangeiro e o aumento de cargos públicos. Estas
alterações conduziram à procura de “mestres de saber ler”, recrutados entre
estudantes, bacharéis ou clérigos.
Houve uma consciencialização da necessidade de instrução dos filhos, quer ao nível económico quer ao nível social e político. A ascensão social da burguesia necessita do apoio cultural que se baseia na educação. O ensino já não se faz exclusivamente na igreja, mas também na corte e nas casas nobres e burguesas. A maior parte dos alunos era do sexo masculino, mas a instrução também se alargou ao sexo feminino, sobretudo nas classes mais elevadas. A língua nacional afirmou-se, fixando-se por escrito na literatura. Essa mudança irá ocorrer ao longo do século XVI.
MJS
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