A publicação Educação social: revista de pedagogia e sociologia, foi editada entre 1924 e 1927 e dirigida por Adolfo Lima. A Empresa Literária Fluminense foi a editora da referida publicação periódica e a Imprensa Libânio da Silva foi a tipografia impressora responsável.
A Empresa Literária Fluminense, fundada em 1905, era especializada no setor de edições técnicas e, por sua vez, a Empresa Libânio da Silva[1] foi a tipografia que trouxe à luz as páginas de pedagogia social:
“A sociologia e a pedagogia estão ligadas. Se esta é, de
facto, baseada na psicologia, ela tem, todavia, o seu ideal e a sua pratica
adento da sciência social. A pedagogia fica entre as fronteiras da psicologia e
da sociologia.” (Lima, 1924:1)
Como verificamos, o debate pedagógico, nesta década, é um boomerang entre a antiga e a nova educação, a primeira centrada na retórica e outra na filosofia. Adolfo Lima, diretor da publicação Educação social, revista de pedagogia e sociologia, foi advogado, pedagogista e escritor ligado aos movimentos libertários e de renovação pedagógica que tiveram ação em Portugal durante a 1.ª República Portuguesa.
Bacharel em
direito pela Universidade de
Coimbra, foi professor de metodologia na Escola Normal Primária de Lisboa, onde
produziu uma notável obra no domínio da pedagogia:
“[…] proeminente professor e reputado pedagogo da nossa 1.ª República, desenvolveu o seu projeto educativo, com maior acuidade, na Escola Oficina n.º 1, no bairro da Graça, em Lisboa, e na Escola Normal Primária de Lisboa, em Benfica […]. De facto, nos primeiros 20 anos do nosso século, bem poderíamos dizer que a Escola Oficina n.º 1 se constituiu num verdadeiro ex libris da educação nova em Portugal, como o testemunham numerosos elogios prestados por personalidades como João de Barros, Agostinho da Silva, Adolfo Coelho, entre outros.” (Silva, 2014:66)
Foi professor
livre de sociologia no curso livre de artes de representar na Associação da
Classe dos Artistas Dramáticos (1908), nos serviços educativos da Voz do Operário, na Sociedade de Estudos Pedagógicos, na Liga de Acção Educativa, mas também no ensino secundário particular
em diversos colégios de Lisboa, no Liceu Pedro Nunes (1911-1923). Foi diretor
interino e professor de metodologia da Escola Normal Primária de Lisboa (pediu
a exoneração em 1921).
O primeiro
responsável da secção portuguesa da Liga Internacional Pró-Educação Nova,
tarefa que exerceu até à data da sua prisão em 1927. Adolfo Lima era defensor
de uma pedagogia social ou sociológica, onde a educação estava ligada à
realidade social. Foi igualmente o principal defensor da escola única,
cabendo-lhe aliás a conceção das "escolas primárias superiores" em
1919, criadas por iniciativa de Leonardo Coimbra, de encerradas mais tarde por
António Sérgio.
Libânio da Silva, em 1908, escreveu o Manual do tipógrafo, de lições tecnológicas para os que iniciavam a aprendizagem na tipografia. Este manual foi a grande obra de referência da tipografia portuguesa – veio a colmatar o vazio existente no país, não só na formação técnica como também na criação de trabalho criativo e inovador.
Libânio da Silva
fez da sua empresa – a Imprensa Libânio da Silva – um modelo da própria arte
tipográfica. Em sociedade, foi também editor: Guimarães, Libânio & Cª e Libânio
& Cunha-Editores.
“A
ligação à cultura, ao ensino e à intervenção politica como forma de legitimação
nas artes gráficas também não mudou muito. Libânio cumpriu todos estes pontos:
trabalhou para clientes culturais; escreveu um manual de tipografia e era
conhecido pelas condições de aprendizagem das suas oficinas; escreveu e
conferenciou sobre as condições de trabalho e as tabelas de preço das
tipografias.” (The Ressabiator, 2010)
Libânio da Silva participou nos movimentos de afirmação da força dos tipógrafos em Portugal, designadamente na dinamização associativa, e conquistou prémios de trabalhos gráficos em exposições nacionais e estrangeiras. Apresentado em 1913, como "industrial e escritor", na Comissão Organizadora da Exposição Nacional de Artes Gráficas de Lisboa.
BIBLIOGRAFIA:
LIMA, Adolfo (1924).
“Educação social.” Educação social:
revista de pedagogia e sociologia; A. 1, n.º 1 (10 Jan. 1924), p. 1-4
________ (1915). “A escola e a
criança.” Boletim pedagógico; A. 1,
n.º 7 (15 Set. 1915), p. [85]-8
________ (1924). “A escola
única.” Educação social; A. 1, n.º 2 (25 Jan. 1924), p. 27-29
________ (1924). “Os períodos da
evolução da criança: ciclos da educação, cotejo dos autores.” Educação social; A. 1, n.º 17/18 (15
Set. 1924), p. 320-328
THE
RESSABIATOR (Junho 10, 2010). Fatalismo ou quê? [em linha]. [Consult.
2 de fevereiro de 2021]. Disponível:
https://ressabiator.wordpress.com/tag/libanio-da-silva/
SILVA, António (2014). “Adolfo Lima e a introdução
do teatro escolar educativo em Portugal” [em linha]: Revista Portuguesa de Educação Artística, Vol. 4 (2014). [Consult.
2 de fevereiro de 2021]. Disponível:
https://rpea.madeira.gov.pt/index.php/rpea/article/view/45
TIPOGRAFOS.NET (cop. 2007). “Libânio
da Silva (1854-?)” [em linha]: Tipográfico
[Consult. 2 de fevereiro de 2021]. Disponível:
http://www.tipografos.net/portugal/libanio-silva.html
[1]
Libânio Venâncio da Silva (1854-1916) começa a trabalhar na Lallemant Fréres
Typographie, importante empresa lisboeta da época. Autodidata, cedo procurou
conhecer os segredos da tipografia e todos o apontam como modelo quer de
operário, quer de empresário. Ficou conhecido como mestre Libânio, lidou com as
grandes figuras da época, amou o teatro e foi colaborador de jornais, tradutor
e poeta. Em 1899 foi um dos entusiastas da homenagem portuguesa a Émile Zola,
tendo produzido na sua tipografia o jornal Pró-Justiça. Tratou-se de uma
homenagem dos operários do Livro em Portugal e apresenta, no final, um poema de
Libânio da Silva ao seu "herói entre os heróis". Morre em 1916, em
Lisboa, sem ver concretizada a ideia da Escola de Artes Gráficas.
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