A Escola Elementar e Comercial Portuense, criada em
1895, vê alterada a sua designação em 1915 para Escola Comercial Oliveira
Martins. Vinte anos após, esta
escola comercial adota, o historiador e político, Joaquim Pedro de Oliveira
Martins como patrono.
Oliveira Martins era filho de Francisco Cândido Gonçalves Martins,
oficial da Junta do Credito Publico, e de sua mulher, D. Maria Henriqueta
Morais de Oliveira; neto paterno do desembargador Joaquim Pedro Gomes de
Oliveira, que foi por duas vezes ministro do rei D. João VI, e membro do
governo supremo do Reino em 1820 até à constituição das cortes, em 26 de
janeiro de 1821.
Cursou as
aulas do Liceu Nacional de Lisboa, chegando a fazer alguns exames. Seus pais
desejavam que seguisse a carreira militar estudando engenharia, mas por
infelicidade ficou órfão aos doze anos de idade, porque seu pai faleceu em
1857, vítima da febre-amarela, que nesse ano assaltou a capital, deixando viúva
e seis filhos em más circunstâncias. Faltando-lhe recursos, teve de interromper
os estudos, dedicando-se à vida comercial para angariar meios de subsistência,
exercendo desde então no comércio ou na indústria diversos empregos.
Através
duma vida difícil, mas guiado pelo amor de sua mãe, foi completando a sua
educação literária, até que em 1870 se empregou nas minas de Santa Eufémia, de
Córdova, e partindo nesse ano para Espanha, ali se conservou até 1874, ano em
que veio para o Porto, onde fixou residência, conseguindo o lugar de diretor da
exploração do caminho de ferro do Porto à Povoa do Varzim e Vila Nova de
Famalicão. Em 1878 apresentou-se no concurso aberto pela Academia Real das
Ciências de Lisboa, com a memória relativa à Circulação fiduciária, que
lhe valeu o prémio da medalha de ouro da mesma academia, e o título de sócio
correspondente.
Em 1880
foi eleito presidente da Sociedade de Geografia Comercial do Porto, de que se
demitiu dois anos depois, em 1882, sendo-lhe então conferido o título de
presidente honorário. Nesse mesmo ano a Real Academia, de Espanha lhe conferiu
o diploma de sócio correspondente. Oliveira Martins também era sócio do
Instituto de Coimbra, e de diversas sociedades científicas nacionais e
estrangeiras.
Em 1881
fez parte da comissão distrital do Porto, no inquérito industrial, e redigiu o
relatório da mesma comissão. Este relatório foi impresso em separado no Porto;
e depois incorporado na edição oficial de Lisboa.
Em 1884
foi nomeado membro da direção do Museu Industrial e Comercial do Porto, e vogal
da comissão encarregada de propor ao governo algumas providências tendentes a
melhorar a situação das classes operarias, com respeito ao trabalho; aos
salários, ás crises industriais, e a outros assuntos de interesse publico. As
suas ideias avançadas o afastaram algum tempo dos partidos monárquicos, mas
depois, mudando de orientação, passou ás fileiras da monarquia, fundando em
1885 o jornal A Província.
“No ideário político de Oliveira
Martins, a evolução de um federalismo republicano e descentralizador (de
inspiração proudhoniana) para uma apologia a um socialismo de Estado e do
reforço do poder central (base do projeto político cesarista) pode ser
atribuída ‘à sua vivência na Andaluzia durante a I República Espanhola e ao
modo crítico como considerou esta experiência política’. Oliveira Martins, ao
perceber que o sistema federativo e de caráter liberal da Primeira República
Espanhola serviu para aumentar e perpetuar o poder dos grandes proprietários de
terra e de capitais às custas da exploração das camadas sociais menos abastadas
(como observou no caso dos trabalhadores das minas), compreendeu que o
fundamental seria a modernização do país no sentido de um Estado Social.”
(Botton, 2016, p. 26)
Em 1883
foi deputado pela primeira vez, eleito por Viana do Castelo, e em 1887 o elegeu
o círculo do Porto, sendo reeleito ainda em outras legislaturas. No ano de 1887
apresentou ao parlamento o seu projeto de lei sobre fomento rural. Dirigiu a Régie
antes do atual monopólio do tabaco. Em 1888, a Associação dos Tipógrafos do
Porto ofereceu-lhe uma estatueta simbolizando o trabalho, em tributo de
reconhecimento pela proteção dispensada à classe.
Colaborou
nos principais jornais literários e científicos de Portugal, corno: O
Arquivo Pitoresco, Ocidente, Dois Mundos, publicado em Paris; Revista
Ocidental, Revista Científica, Revista de Portugal, Revista de Educação e
Ensino; além dos jornais políticos: A Província, O Tempo, Jornal do
Comércio, O Repórter, Protesto, e em outros jornais socialistas; no
Cruzeiro, do Rio de Janeiro, e outros jornais do Brasil, para onde escrevia
correspondências.
“Em Oliveira Martins, o caráter
dramático da história esteia a educação crítica dos indivíduos a partir da
realidade, o que bem se exemplifica na carga pedagógica que atribuiu à crise
financeira de 1890-91, lida na última Advertência ao Portugal Contemporâneo.
Para ele, coroava-se então um momento de reflexão, experimentado em duas outras
crises da nação: a do último terço do século XVII (a época de lutas que findam
na Restauração de 1640) e a da primeira metade do século XIX (os anos de
conflito que vão de 1820 ao governo da Regeneração em 1851)” (Bastos, 2007, p.
7).
No ano de 1903, uma comissão de amigos dedicados de
Oliveira Martins mandou erigir no cemitério dos Prazeres um jazigo monumento à
sua memória, para onde foram trasladados no dia 21 de novembro desse ano os
seus restos mortais, que se conservavam depositados no jazigo de sua família.
Conjuntamente foram recolhidos no novo jazigo os restos mortais de sua mãe, D.,
Maria Henriqueta Morais de Oliveira, sendo os ofícios fúnebres celebrados na
capela do cemitério.
BIBLIOGRAFIA:
BASTOS, Ana Luiza Marques (2007). “O realismo histórico de Oliveira Martins” [em linha]. Revista Intellectus, Ano 6, Vol. 2 (2007). [Consult. 6 de março de 2020]. Disponível:
BOTTON, Rafael Reigada (2016). Decadência de Portugal e o Cesarismo: um estudo sobre a historiografia de J. P. de Oliveira Martins [em linha]. Rio Grande do Sul: Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas. [Consult. 6 de março de 2020]. Disponível: http://tede2.pucrs.br/tede2/bitstream/tede/6649/2/DIS_RAFAEL_REIGADA_BOTTON_COMPLETO.pdfMATOS, Sérgio Campos (2019). Oliveira Martins [em linha]. Lisboa: Camões, Instituto da Cooperação e da Língua, Portugal. [Consult. 6 de março 2020]. Disponível: http://cvc.instituto-camoes.pt/seculo-xix/oliveira-martins.html#.XNKKSE1Ybcs
SERRÃO, Joel (s.d.]. Joaquim
Pedro de Oliveira Martins
[em linha]. Lisboa: Iniciativas
Editoriais. [Consult. 8 de maio de 2019]. Disponível:
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