2020/03/11

Liceu de Setúbal




LICEU DE SETÚBAL
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AGRUPAMENTO DE ESCOLAS BARBOSA DU BOCAGE


Setúbal era uma simples vila e só em 1860 se tornou cidade e em 1926 veio a ser capital de distrito. Por esta razão, Setúbal não podia ter um liceu nacional uma vez que, estes eram reservados às capitais de distrito. Em 1858, o município decidiu criar o seu próprio liceu, que funcionou durante cinco anos como liceu particular.


  


As origens do Liceu de Setúbal remontam a meados do século XIX, mais concretamente a 1857, começando a funcionar no dia 2 de Agosto de 1858 como Liceu Municipal. Em 1906 passa a integrar a rede nacional de estabelecimentos de ensino secundário com o nome de Liceu Nacional de Bocage adotando, sucessivamente, as seguintes denominações:
-  Em 1921 − Liceu Central de Bocage;
-  Em 1924 − Liceu Nacional de Bocage;
-  Em 1925 − Liceu Central de Bocage;
-  Em 1928 − Liceu Nacional de Bocage;
-  Em 1936 − Liceu Provincial de Bocage;
Em 1947 −Liceu Nacional de Setúbal, denominação que manteve até 1979, altura em que adota o nome de Escola Secundária de Bocage.

Desde a sua criação até à atualidade, passa por várias designações, as primeiras classificações são não oficiais: liceu particular e, posteriormente, liceu municipal. Quando se tornou oficial, teve as designações de Liceu Central, Liceu Nacional, Liceu Provincial Central e, por último, quando em 1979 foram extintos os Liceus e as Escolas Técnicas, Escola Secundária de Bocage.

Depois de algumas instalações provisórias, o Liceu foi instalado, em 1908, num um edifício próprio, construído especificamente para esse fim, na Avenida Mariano de Carvalho, sob projeto do arquiteto Rosendo Carvalheira[1]. Alegados problemas estruturais levaram ao abandono deste edifício, tendo voltado a ocupar instalações provisórias até à mudança, em 1949, para o edifício que hoje ocupa, na Avenida Dr. Rodrigues Manito, construído sob projeto do arquiteto José Sobral Branco[2].



O edifício atual, com obra iniciada em 7 de janeiro de 1946, custeado em 7.500 contos, foi oficialmente inaugurado em 6 de Fevereiro de 1949[3], mas só começou a funcionar em 30 de Abril desse mesmo ano. É limitado a poente pela Avenida Dr. António Rodrigues Manito (antigo presidente da Câmara Municipal de Setúbal), a nascente pela Praceta Dr. Manuel Neves Nunes de Almeida e a Sul pela Rua Dr. António Manuel Gamito. Estas duas últimas personalidades foram professores e dirigentes desta instituição de ensino.

O edifício do Liceu de Setúbal, o 18.º construído no Continente desde 1926, destinou-se à instalação definitiva do Liceu daquela cidade que funcionou disperso por algumas dependências provisórias cedidas pela Câmara Municipal.

Com 5.000 m2 de superfície de pavimento e capacidade para 500 alunos, o novo edifício ocupa um terreno de 23.000 m2 situado numa zona de expansão residencial prevista no plano de urbanização de então.

Desde início que o Liceu foi masculino, somente a partir de 1907 é que foram permitidas a inclusão de alunas. Entre 1857 e 1906, o liceu funcionou segundo a lógica municipal, através da qual e apesar das grandes dificuldades estruturais, financeiras e pedagógicas, se afirmou como instituição de ensino secundário. Entre 1906 e 1956, o liceu funcionou segundo a lógica nacional, através da qual não só pretendeu colocar-se em pé de igualdade com os seus congéneres.




A escola foi objeto de obras de recuperação/requalificação, que terminaram no ano 2000, permitindo melhorias significativas. O edifício possui três pisos, por onde se distribuem as instalações, e uma área exterior com espaços desportivos e de lazer. Em 2004 foi criado o Agrupamento de Escolas Barbosa du Bocage:


O Agrupamento de Escolas Barbosa du Bocage localiza-se na cidade de Setúbal, sede do concelho, e foi criado no ano letivo de 2004-2005. Para além da escola-sede, Escola Básica Barbosa du Bocage (com os 2.º e 3.º ciclos), é constituído por dois jardins de infância e seis escolas básicas do 1.º ciclo, duas com educação pré-escolar. Foi avaliado em janeiro de 2010, no âmbito do programa de avaliação externa das escolas.

Desempenham funções no Agrupamento 174 docentes, dos quais 92,5% pertencem aos quadros, o que indicia elevada estabilidade. O pessoal não docente totaliza 82 trabalhadores e 48,8% destes têm 10 ou mais anos de serviço.


                                                                                             
BIBLIOGRAFIA:

INSPEÇÃO-GERAL DA EDUCAÇÃO (2010). Avaliação externa das escolas: Escola Secundária de Bocage, Setúbal: relatório de escola [em linha]. Setúbal: IGE. [Consultado 12 de jan. de 2020]. Disponível: http://www.ige.min-edu.pt/upload/AEE_2010_DRLVT/AEE_10_ES_Bocage_R.pdf

LAGO, Nuno Carvalho da Costa (2015). Sanatório Albergaria - do abandono da construção à produção de uma nova realidade [em linha]. Porto: Repositório Aberto da Universidade do Porto, FAUP. [Consultado 12 de jan. de 2020]. Disponível: <https://repositorio-aberto.up.pt/handle/10216/82872>.


ESCOLA SECUNDARIA DU BOCAGE (2019). História [em linha]. Setúbal: Escola Secundária du Bocage. [Consultado 12 de jan. de 2020]. Disponível: <http://www.esbocage.com/>

INSPECÇÃO-GERAL DA EDUCAÇÃO E CIÊNCIA (2016). Escola Secundária du Bocage, Setúbal: relatório [em linha]. Lisboa: IGEC. [Consultado 12 de jan. de 2020]. Disponível: <http://www.ige.min-edu.pt/upload/AEE_2017_Sul/AEE_2017_ES_Barbosa_Du_Bocage-Setubal_R.pdf>.


INSPECÇÃO-GERAL DA EDUCAÇÃO E CIÊNCIA (2016). Avaliação externa das escolas: Agrupamento de Escolas Barbosa du Bocage, Setúbal: relatório [em linha]. Lisboa: IGEC. [Consultado 12 de jan. de 2020]. Disponível <http://www.ige.min-edu.pt/upload/AEE_2015_Sul/AEE_2015_AE_Barbosa_Bocage-Setubal_R.pdf>.


  

[1] Rosendo Garcia de Araújo Carvalheira (São Paio, Arcos de Valdevez 1863Sintra, 1919). Forma-se em Condutor de Obras Públicas, a sua estética é influenciada pela obra literária de Alexandre Herculano. Rosendo Carvalheira dedicou-se a obras de cariz assistencial, organizando projetos de dispensários antituberculose. Ainda nesta arquietura, colaborou na construção do primeiro sanatório marítimo português, o Sanatório Santana, na Parede e de outros dispersos pelo país. Escreve ara a Revista Co­lonial e Marítima, Boletim dos Condutores de Obras Públicas, Jornal do Co­mércio, Arquitectura Portuguesa e Boletim do Grémio Técnico Português. Rosendo Carvalheira nunca deixou de seguir as atividades às quais estava ligado: presidente das as­sembleias gerais da Sociedade Nacional de Belas-Artes e do Grémio Técnico Português e vice-presidente da assembleia-geral da Associação dos Arqueólogos Portugueses. Algumas das suas obras atravessaram os anos e estarão ainda, à observação de todos nós, outras desapareceram: do que resta destacam-se, o Liceu Passos Manuel, o Liceu Nacional de Setúbal, o Sanatório Santana e o Instituto Rainha D. Amélia, etc. (cf. Lago, 2015, p. 44).
[2] José Sobral Blanco (1905-1990) nasce numa pequena povoação da Galiza, mas desenvolve toda a sua formação em Lisboa, completando o curso de arquitectura na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa na década de 1920. No início dos anos 1930 faz parte das equipas de projectistas da JCETS – Junta das Construções para o Ensino Técnico e Secundário, no âmbito da qual participa no Plano de novas Construções, Ampliações e Melhoramentos de Edifícios Liceais aprovado em 1938. José Sobral Blanco projecta e acompanha a execução de diversos liceus: Setúbal (1945), Carolina Michaelis, no Porto (1951), Oeiras (1953) e Portimão (1965). É ainda no âmbito da Junta que se inicia o Plano das Construções para o Ensino Técnico, a partir de 1947. Sobral Blanco assina, nesta altura, os projectos de diversas escolas comerciais e industriais: Setúbal (1951), Portalegre (1953), Marquesa de Alorna, em Lisboa (1955), Torres Novas (1956) e Oliveira de Azeméis (1959). Em 1969, a JCETS é transformada em Direcção-Geral das Construções Escolares. Sobral Blanco mantém-se nela até à sua aposentação, em 1975.
[3] Houve sessões de poesia, bailado e actuações do orfeão e de uma orquestra da Câmara. Foram criados prémios escolares, que eram entregues nestas cerimónias e que visavam estimular os alunos a terem melhores resultados escolares. Foi ainda criado um jornal escolar, com o nome Gazeta Académica. Este período foi de grande importância tanto para os alunos como para a sociedade.


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