Setúbal era uma simples vila e só em 1860 se tornou
cidade e em 1926 veio a ser capital de distrito. Por esta razão, Setúbal não
podia ter um liceu nacional uma vez que, estes eram reservados às capitais de
distrito. Em 1858, o município decidiu criar o seu próprio liceu, que funcionou
durante cinco anos como liceu particular.
(Imagem do Liceu Nacional de Setúbal)
As origens do Liceu de
Setúbal remontam a meados do século XIX, mais concretamente a 1857, começando
a funcionar no dia 2 de Agosto de 1858 como Liceu Municipal. Em 1906 passa a
integrar a rede nacional de estabelecimentos de ensino secundário com o nome de
Liceu Nacional de Bocage adotando, sucessivamente, as
seguintes denominações:
- Em 1921 − Liceu
Central de Bocage;
- Em 1924 − Liceu
Nacional de Bocage;
- Em 1925 − Liceu
Central de Bocage;
- Em 1928 − Liceu
Nacional de Bocage;
- Em 1936 − Liceu
Provincial de Bocage;
- Em 1947 −Liceu
Nacional de Setúbal, denominação que manteve até 1979, altura em que adota o
nome de Escola Secundária de Bocage.
Desde a sua criação
até à atualidade, passa por várias
designações, as primeiras classificações são não oficiais: liceu particular e,
posteriormente, liceu municipal. Quando se tornou oficial, teve as designações
de Liceu Central, Liceu Nacional, Liceu Provincial Central e,
por último, quando em 1979 foram extintos os Liceus e as Escolas Técnicas,
Escola Secundária de Bocage.
Depois de algumas instalações provisórias, o Liceu foi instalado,
em 1908, num um edifício próprio, construído especificamente para esse fim, na
Avenida Mariano de Carvalho, sob projeto do arquiteto Rosendo Carvalheira [1].
Alegados problemas estruturais levaram ao abandono deste edifício, tendo
voltado a ocupar instalações provisórias até à mudança, em 1949, para o
edifício que hoje ocupa, na Avenida Dr. Rodrigues Manito, construído sob
projeto do arquiteto José Sobral Branco[2].
(Imagem da fachada do Liceu Nacional de Setúbal)
O edifício atual, com obra
iniciada em 7 de janeiro de 1946, custeado em 7.500 contos, foi oficialmente
inaugurado em 6 de Fevereiro de 1949[3],
mas só começou a funcionar em 30 de Abril desse mesmo ano. É limitado a poente
pela Avenida Dr. António Rodrigues Manito (antigo presidente da Câmara
Municipal de Setúbal), a nascente pela Praceta Dr. Manuel Neves Nunes de
Almeida e a Sul pela Rua Dr. António Manuel Gamito. Estas duas últimas
personalidades foram professores e dirigentes desta instituição de ensino.
O edifício do Liceu de Setúbal, o 18.º construído
no Continente desde 1926, destinou-se à instalação definitiva do Liceu daquela
cidade que funcionou disperso por algumas dependências provisórias cedidas pela
Câmara Municipal.
Com 5.000 m2 de superfície de pavimento e capacidade para 500
alunos, o novo edifício ocupa um terreno de 23.000 m2 situado numa zona de
expansão residencial prevista no plano de urbanização de então.
Desde início que o Liceu foi masculino, somente
a partir de 1907 é que foram permitidas a inclusão de alunas. Entre 1857 e 1906, o liceu funcionou segundo a
lógica municipal, através da qual e apesar das grandes dificuldades
estruturais, financeiras e pedagógicas, se afirmou como instituição de ensino
secundário. Entre 1906 e 1956, o liceu funcionou segundo a lógica nacional,
através da qual não só pretendeu colocar-se em pé de igualdade com os seus
congéneres.
(Imagem da fachada do Liceu Nacional de Setúbal)
A escola
foi objeto de obras de recuperação/requalificação, que terminaram no ano 2000,
permitindo melhorias significativas. O edifício possui três pisos, por onde se
distribuem as instalações, e uma área exterior com espaços desportivos e de
lazer. Em 2004 foi criado o Agrupamento de Escolas Barbosa du
Bocage:
(Constituição do Agrupamento de Escolas Barbosa du Bocage)
O Agrupamento
de Escolas Barbosa du Bocage localiza-se na cidade de Setúbal, sede do
concelho, e foi criado no ano letivo de 2004-2005. Para além da escola-sede,
Escola Básica Barbosa du Bocage (com os 2.º e 3.º ciclos), é constituído por
dois jardins de infância e seis escolas básicas do 1.º ciclo, duas com educação
pré-escolar. Foi avaliado em janeiro de 2010, no âmbito do programa de
avaliação externa das escolas.
Desempenham
funções no Agrupamento 174 docentes, dos quais 92,5% pertencem aos quadros, o
que indicia elevada estabilidade. O pessoal não docente totaliza 82
trabalhadores e 48,8% destes têm 10 ou mais anos de serviço.
P.M.
BIBLIOGRAFIA:
INSPEÇÃO-GERAL DA EDUCAÇÃO (2010). Avaliação externa das escolas: Escola Secundária de Bocage, Setúbal:
relatório de escola [em linha]. Setúbal: IGE. [Consultado 12 de jan. de 2020].
Disponível: http://www.ige.min-edu.pt/upload/AEE_2010_DRLVT/AEE_10_ES_Bocage_R.pdf
LAGO, Nuno Carvalho da Costa (2015). Sanatório
Albergaria - do abandono da construção à produção de uma nova realidade [em linha]. Porto:
Repositório Aberto da Universidade do Porto, FAUP. [Consultado 12 de jan. de 2020]. Disponível: <https://repositorio-aberto.up.pt/handle/10216/82872>.
ESCOLA SECUNDARIA DU BOCAGE (2019). História [em linha]. Setúbal:
Escola Secundária du Bocage. [Consultado 12 de jan. de 2020]. Disponível:
<http://www.esbocage.com/>
INSPECÇÃO-GERAL DA
EDUCAÇÃO E CIÊNCIA (2016). Escola
Secundária du Bocage, Setúbal: relatório [em linha]. Lisboa: IGEC. [Consultado
12 de jan. de 2020]. Disponível: <http://www.ige.min-edu.pt/upload/AEE_2017_Sul/AEE_2017_ES_Barbosa_Du_Bocage-Setubal_R.pdf>.
INSPECÇÃO-GERAL DA EDUCAÇÃO E CIÊNCIA (2016). Avaliação
externa das escolas: Agrupamento de Escolas Barbosa du Bocage,
Setúbal: relatório [em linha]. Lisboa: IGEC. [Consultado 12 de jan.
de 2020]. Disponível <http://www.ige.min-edu.pt/upload/AEE_2015_Sul/AEE_2015_AE_Barbosa_Bocage-Setubal_R.pdf>.
[1] Rosendo Garcia de
Araújo Carvalheira (São Paio, Arcos de Valdevez 1863 — Sintra, 1919). Forma-se em Condutor de Obras Públicas, a sua estética é
influenciada pela obra literária de Alexandre Herculano. Rosendo Carvalheira
dedicou-se a obras de cariz assistencial, organizando
projetos de dispensários
antituberculose. Ainda nesta arquietura, colaborou na
construção do primeiro sanatório marítimo português, o Sanatório Santana, na
Parede e de outros dispersos pelo país. Escreve
ara a Revista Colonial e Marítima, Boletim dos Condutores de Obras Públicas,
Jornal do Comércio, Arquitectura Portuguesa e Boletim do Grémio Técnico
Português.
Rosendo Carvalheira nunca deixou de seguir as
atividades às quais estava ligado: presidente das assembleias gerais da
Sociedade Nacional de Belas-Artes e do Grémio Técnico Português e
vice-presidente da assembleia-geral da Associação dos Arqueólogos Portugueses. Algumas das suas obras atravessaram os
anos e estarão ainda, à observação de todos nós, outras desapareceram: do que
resta destacam-se, o Liceu Passos Manuel, o Liceu Nacional de Setúbal, o
Sanatório Santana e o Instituto Rainha D. Amélia, etc. (cf. Lago, 2015, p. 44).
[2] José Sobral
Blanco (1905-1990) nasce numa pequena povoação da Galiza, mas desenvolve
toda a sua formação em Lisboa, completando o curso de arquitectura na Escola
Superior de Belas Artes de Lisboa na década de 1920. No início dos anos 1930
faz parte das equipas de projectistas da JCETS – Junta das Construções para o
Ensino Técnico e Secundário, no âmbito da qual participa no Plano de novas
Construções, Ampliações e Melhoramentos de Edifícios Liceais aprovado em 1938.
José Sobral Blanco projecta e acompanha a execução de diversos liceus: Setúbal
(1945), Carolina Michaelis, no Porto (1951), Oeiras (1953) e Portimão (1965). É
ainda no âmbito da Junta que se inicia o Plano das Construções para o Ensino
Técnico, a partir de 1947. Sobral Blanco assina, nesta altura, os projectos de diversas
escolas comerciais e industriais: Setúbal (1951), Portalegre (1953), Marquesa
de Alorna, em Lisboa (1955), Torres Novas (1956) e Oliveira de Azeméis (1959).
Em 1969, a JCETS é transformada em Direcção-Geral das Construções Escolares.
Sobral Blanco mantém-se nela até à sua aposentação, em 1975.
[3] Houve sessões de poesia, bailado e
actuações do orfeão e de uma orquestra da Câmara. Foram criados prémios
escolares, que eram entregues nestas cerimónias e que visavam estimular os
alunos a terem melhores resultados escolares. Foi ainda criado um jornal
escolar, com o nome Gazeta Académica. Este período foi de grande
importância tanto para os alunos como para a sociedade.
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