2024/12/09

Educadores Portugueses dos séculos XIX e XX: Bento de Jesus Caraça (1901 – 1948)

 

(Imagem do autor retirada da internet)
 

Bento de Jesus Caraça nasceu a 18 de abril de 1901 em Vila Viçosa, filho de João António Caraça e de Domingas Espadinha, trabalhadores rurais. Aprendeu a ler e a escrever com um dos trabalhadores, tendo a concluído a instrução primária em 1911. Frequentou o curso liceal no Liceu de Santarém e terminou –o no Liceu de Pedro Nunes em Lisboa em 1918.

Em 1923 licenciou-se no Instituto Superior do Comércio e em 1924 foi nomeado Primeiro Assistente. Em 1927 ascendeu a professor extraordinário e em 1929 a professor catedrático de Matemáticas Superiores.

Apoiou a Universidade Popular Portuguesa desde a sua fundação, em 1919, e integrou o seu Conselho Administrativo. Em 1936 fundou o Núcleo de Matemática, Física e Química com outros doutorados nesta área. Em 1938, juntamente com Mira Fernandes e Beirão da Veiga, fundou o Centro de Estudos de Matemáticas Aplicadas à Economia, do qual foi presidente até 1946.

Em 1940 foi criada a Gazeta da Matemática em colaboração com António Aniceto Monteiro, Hugo Batista Ribeiro, José da Silva Paulo e Manuel Zaluar Nunes. No ano seguinte, surgiu a Biblioteca Cosmos dedicada à divulgação de livros científicos e culturais. Foi aqui que publicou a obra Conceitos Fundamentais de Matemática, que alterou a abordagem da história da Matemática.

Após a implantação do Estado Novo, Bento de Jesus Caraça envolveu-se em várias atividades políticas antifascistas. Foi membro do Movimento de Unidade Nacional Antifascista- MUNAF, criado em 1943 e presidente do Movimento de Unidade Democrática- MUD, criado em 1945.

Entre 1943 e 1944 foi presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática juntamente com Aureliano de Mira Fernandes. Em 1946 foi preso pela PIDE e afastado do ensino.

Bento de Jesus Caraça denunciou alguns problemas do sistema de ensino da matemática como a extensão dos programas e das matérias lecionadas. Lutou pelo acesso de todos à cultura e à educação. Um dos seus escritos mais marcantes foi a conferência de 1933, A cultura integral do indivíduo, onde refletiu sobre cultura, sabedoria, liberdade e civilização.

 


Fonte principal: Dicionário de educadores portugueses / dir. António Nóvoa. - Porto : ASA, 2003.


MJS


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