2024/12/02

Educadores Portugueses dos séculos XIX e XX: Faria de Vasconcelos (1880 – 1939)

 


(Imagem do autor retirada da internet)

 

António de Sena Faria de Vasconcelos Cabral Azevedo nasceu em Castelo Branco a 2 de março de 1880, filho de Luís Cândido de Faria e Vasconcelos, licenciado em direito e delegado do Procurador Régio e de Maria Rita de Sena Belo de Vasconcelos.

Foi aluno do Colégio do Espírito Santo de Braga até 1895 e posteriormente licenciou-se em Direito na Universidade de Coimbra em 1901 com a tese O Materialismo Histórico e a Reforma Religiosa do Século XVI.

Em 1902 publicou a obra O Ensino Ético-Social das Multidões, em que sustentou a teoria de que as sociedades modernas se encontravam debilitadas, sendo necessária uma nova educação moral e científica, através da educação.

Desde cedo se interessou pela vertente pedagógica e educativa como forma de transformação social. Nesse sentido, frequentou a Universidade Nova de Bruxelas onde obteve o grau de Doutor em Ciências Sociais em 1904 com a tese Esquisse d’une Théorie de la Sensibilité Sociale. Entre 1904 e 1914 foi regente de Psicologia e Pedagogia no Instituto de Altos Estudos.

Faria de Vasconcelos aderiu ao movimento da Escola Nova, cujo núcleo mais ativo se situava no Instituto Jean-Jacques Rousseau. Em 1912, o educador fundou a Escola de Bierges em Bruxelas, cuja experiência foi relatada na obra Une École Nouvelle en Belgique publicada em 1915. Nesta escola cumpriram-se 28,5 dos 30 princípios da escola nova, de acordo com o Bureau International des Écoles Nouvelles.

Devido à eclosão da Primeira Guerra Mundial, o pedagogo mudou-se para Genève em 1914 onde exerceu funções docentes no Instituto jean-Jacques Rousseau. Mais tarde, realizou um trabalho de destaque em Cuba (1915-1917) e na Bolívia (1917-1920) que se estendeu a toda a América Latina através da obra Didactica de la Escuela Nueva.

Em 1921 regressou a Portugal e passou a exercer o cargo de professor de Pedagogia na Escola Normal Superior. Foi cofundador do Grupo Seara Nova, tendo participado ativamente na revista Seara Nova, na Educação Popular e n’ A Batalha.

Tornou-se Assistente da Faculdade de Letras de Lisboa em 1922 e publicou alguns artigos sob o título Bases para a Solução dos Problemas da Educação Nacional que estruturaram a reforma da educação de João Camoesas.

Empenhou-se na organização da Universidade Popular Portuguesa, fundada em 1919 por Ferreira de Macedo. Em 1924 publicou a obra Lições de Psicologia Geral e em 1925 fundou o Instituto de Orientação Profissional em Lisboa.

Em 1931 envolveu-se na organização do Instituto Dr. Navarro de Paiva em articulação com o Instituto de Reeducação Mental e Pedagógica. O Instituto destinava-se a jovens do sexo masculino entre os 9 aos 16 anos que seriam úteis à sociedade através de uma reeducação e da prática de um ofício adequado.

Seria interessante relembrar o artigo publicado neste blogue sobre Faria de Vasconcelos e o seu respetivo espólio bibliográfico e arquivístico, em 2011.

 


Fonte principal: Dicionário de educadores portugueses / dir. António Nóvoa. - Porto : ASA, 2003.


MJS


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