2024/09/19

Educadores Portugueses dos séculos XIX e XX: António Aurélio da Costa Ferreira (1879 – 1922)

 

(Imagem do autor retirada da internet)


António Aurélio da Costa Ferreira, nasceu a 18 de janeiro de 1879 no Funchal, filho de Francisco da Costa Ferreira, funcionário público, e de Teodolinda Augusta de Freitas Ferreira. Concluiu a instrução primária em Viana do Castelo, voltando novamente ao Funchal. Aqui frequentou o Liceu, entre 1889 e 1894.

Em 1894 matriculou-se em Filosofia na Universidade de Coimbra, tendo-se licenciado em 1899. No ano seguinte, inscreveu-se em Medicina, curso que terminou em 1905. Como médico, estagiou em Paris, Bruxelas e Lisboa.

Publicou artigos de opinião em várias publicações como A Social, A Gazeta Ilustrada, Resistência, Centenário da Sebenta, entre outros. Também se iniciou na escrita de artigos científicos na revista Instituto.

Em 1907, após ter efetuado provas, passou a lecionar no Liceu do Largo de S. Domingos e depois no Liceu Camões.

Vereador republicano na Câmara Municipal de Lisboa, de 1908 a 1911, defendeu várias medidas no âmbito da Educação, Cultura, Desporto Escolar e assistência médica e social às crianças desfavorecidas do concelho. No âmbito da atividade política, foi eleito como deputado por Setúbal em agosto de 1910, e em 1911, pelo círculo do Funchal. Exerceu também funções de Ministro do Fomento, de junho de 1912 a janeiro de 1913. No entanto, esta passagem pelo governo correspondeu à sua desilusão com a política ativa.

Nomeado para Diretor da Casa Pia de Lisboa em março de 1911, Costa Ferreira norteou a sua atuação dentro dos propósitos da “Escola Nova”, concedendo plena liberdade às crianças e encaminhando-as para as artes e ofícios conforme as aptidões demonstradas. Incentivou igualmente as aulas de trabalhos manuais, música e desporto.

Há que referir a sua dedicação às crianças com necessidades educativas especiais, principalmente na Casa Pia. Desenvolveu, assim, vários esforços conducentes à reabilitação, ensino e integração social dos de alunos com necessidades educativas especiais, surdos-mudos e outros. Criou, em 1912, a Colónia de S. Bernardino, em Atouguia da Baleia, próximo de Peniche. No ano seguinte, dedicou-se ao curso de formação de professores para surdos-mudos. Em 1915 fundou o Instituto Médico-Pedagógico. No âmbito da formação de professores, lecionou Pedologia, Higiene Geral e Higiene Escolar na Escola Normal de Lisboa. Em 1917 foi docente de Anatomia Patológica na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa.

Para Costa Ferreira o tempo do mestre-escola estava ultrapassado pois já não bastava ensinar a ler, escrever e contar. O futuro professor deveria, por isso, possuir conhecimentos sobre Pedologia, Higiene Escolar, Trabalhos Manuais e Ginástica. Estas disciplinas não só desenvolviam a motricidade, mas também promoviam o desenvolvimento intelectual. A individualização do ensino e a importância do desenvolvimento dos sentidos mereceram também a sua atenção.

Em sua homenagem, a partir de 1929, o Instituto Médico-Pedagógico da Casa Pia de Lisboa recebeu a denominação de Instituto António Aurélio da Costa Ferreira, seu fundador. O seu nome também está associado ao Instituto de Inovação Educacional.

 

 

Fonte principal: Dicionário de educadores portugueses / dir. António Nóvoa. - Porto : ASA, 2003.

 

MJS


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