Alice
Evelina Pestana Coelho, também conhecida por Caïel, nasceu a 7 de abril de 1860
em Santarém, filha de Eduardo Augusto Vilar Coelho, funcionário público e de Matilde
Laura Soares Pestana. A sua mãe, uma mulher culta e dedicada à literatura,
faleceu ao dar à luz o irmão, José Eduardo, quando Alice tinha apenas cinco
anos. Foi, assim, criada pela avó materna, Epifânia Alexandrina Soares Pestana.
A sua
educação foi feita em casa, tendo aprendido diversos idiomas, rudimentos de
matemática e de história, bem como canto e piano. No entanto, este tipo de
aprendizagem deixou-a insatisfeita e com vontade de alargar os seus
conhecimentos. Recorreu a aulas particulares e em 1877 fez exames de Português
e Inglês no Liceu Nacional de Lisboa; em 1879, Francês, Geografia, Cronologia e
História; e em 1880, Princípios de Física e Química e Introdução à História
Natural.
A
partir de 1877, Alice Pestana deu aulas particulares de Inglês e Francês e
publicou o seu primeiro artigo na revista The
Financial and Mercantil Gazette e n’ O
Espectro da Granja. Em 1885 publicou o conto Duas lições nas Repúblicas:
revista política e literária. No período compreendido entre 1888 e 1893 fez
várias viagens pela Europa e escreveu contos, novelas, ensaios e artigos.
A 2 de
novembro de 1888 foi nomeada por José Luciano de Castro para fazer a sua
primeira viagem de estudo a Inglaterra, Suíça e França. Em 1892 redigiu O que deve ser a educação secundária da mulher?,
apresentado no Congresso Pedagógico Hispano-Português-Americano, alertando para
a necessidade da existência de uma Escola-modelo.
Tornou-se
amiga de figuras de renome do panorama intelectual português, com destaque para
Bernardino Machado. Através deste, conheceu Francisco Giner de Ríos, o
pedagogo fundador da Institución Libre de Enseñanza. De los Ríos defendia a ideia de que a
educação não era a mera transmissão de conhecimentos, mas sobretudo uma
formação de cidadãos. Nesta instituição conheceu Pedro Blanco Suárez, com quem
casou em 1901, passando a residir em Madrid.
Em 1914 lecionou Francês e Inglês na Institución Libre de Enseñanza e dirigiu um Lar de Estudantes, juntamente com o seu marido, acolhendo alunos vindos da província. Ainda neste ano foi bolseira da Junta de Ampliación de Estudios, para realizar um relatório sobre a situação da educação em Portugal. Este relatório foi publicado em 1915 com o título La educación en Portugal. Em 1916 fundou o Protectorado del niño delincuente, onde exerceu a função de Secretária até 1925, data em que o projeto terminou pela falta de financiamento.
As
bases do seu pensamento foram a educação das crianças e das mulheres, a paz e a
solidariedade social. Para ela, a mulher digna e com consciência social deveria
ser uma mulher com educação, qualquer que fosse o seu estatuto social.
Fonte
principal: Dicionário de educadores portugueses / dir. António Nóvoa. - Porto :
ASA, 2003.
MJS
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