2023/07/24

Educação e Monarquia: D. Maria I (1734 – 1816)

 

D. Maria I (1734 – 1816), “a Piedosa”, era filha primogénita de D. José I e de D. Mariana Vitória de Áustria. Casou com o seu tio, D. Pedro III, príncipe consorte, em 1760 e subiu ao trono em 1777.

Ao nível do comércio externo, D. Maria retomou o comércio da rota do cabo, uma vez que Inglaterra e França se encontravam envolvidas nos processos revolucionários. Liberalizou a economia e extinguiu as Companhias do Grão-Pará e Maranhão e de Pernambuco e Paraíba.

Ao nível interno, o Marquês de Pombal foi afastado do governo e os presos políticos foram libertados. Concedeu asilo a vários nobres franceses que fugiram do Terror da Revolução Francesa.

D. Maria fundou várias instituições culturais e de assistência pública: a Academia Real das Ciências de Lisboa e a Academia Real de Marinha (1779), a Casa Pia de Lisboa (1780) e a Real Biblioteca Pública da Corte (1796). A Casa Pia foi verdadeiramente inovadora, uma vez que se destinava à educação de crianças órfãs ou financeiramente muito desfavorecidas. Fez igualmente intervenções em vários edifícios, nomeadamente no palácio de Queluz.


(Imagem retirada da Internet)

A par destas instituições, D. Maria mandou edificar a Basílica da Estrela e o Teatro de S. Carlos em Lisboa. No Porto, construiu o Hospital de Santo António e o Teatro de São João.

A partir de 1792, D. Maria foi considerada mentalmente instável e foi o seu filho que se encarregou dos assuntos de Estado. Em 1799 foi D. João que assumiu o cargo de regente. Em 1807, em virtude das invasões francesas, D. Maria embarcou para o Brasil, juntamente com a família real, onde viria a falecer.

No que respeita às políticas educativas, depois da morte de D. José I muitas escolas primárias foram encerradas e outras entregues a religiosos. O governo tendeu a valorizar o ensino da formação profissional qualificada. Devido a este desinteresse pela instrução elementar, a Junta das Escolas pediu, em 1801, a criação de 200 escolas. Foram abertas apenas 21. A abertura de escolas particulares foi dificultada pelo governo.

Relativamente ao ensino artístico, em 1779 os estudos da Real Escola Náutica do Porto foram ampliados e em 1780 criou-se a Aula de Desenho e Debuxo. Em 1803 foi incorporada na Academia Real de Marinha e Comércio, com diretores como Vieira Portuense e Domingos Sequeira. Nos reinados seguintes, em 1836 com D. Maria II passou para a Academia de Belas Artes e em 1881, com D. Luís deu origem à atual Escola de Belas Artes.

Em 1780 surgiu a aula de Desenho na Casa Pia. Neste ano, Volkmar Machado fundou a Academia do Nu no Palácio de Gregório de Barros e Vasconcelos. Com a morte do proprietário, passaram para o Palácio de Pina Manique, com professores como Machado de Castro e Pedro Alexandrino.

Em 1781 J. Carneiro da Silva, incentivou a criação da Aula Régia de Desenho, com Desenho Histórico ou de Figura e Desenho de Arquitetura Civil, a cargo de José da Costa e Silva. Tratava-se de um ensino publico. Aqui os alunos aprendiam aritmética e geometria elementar. Posteriormente passavam a copiar desenhos de arquitetos e estudavam noções de perspetiva. Domingos Sequeira estudou aqui.

Em 1802 a Gravura Artística reabriu com F. Bartolozzi e separou-se da Imprensa Régia em 1805. No reinado de D. João VI em 1823 passará para a Intendência das Obras Públicas. Ainda em 1802 tentou renovar-se o ensino da pintura na escola que se destinava às obras do Palácio da Ajuda.

Apesar da intervenção do estado, a ação dos mestres foi muito importante. Durante o século XVIII, André Gonçalves teve vários alunos.


MJS



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