Carolina
Beatriz Ângelo nasceu na Guarda em 1878, filha de Viriato António Ângelo,
jornalista e de Emília Clementina de Castro Barreto. Foi a primeira mulher
cirurgiã em Portugal e a primeira mulher a votar.
Beatriz
viveu a sua infância num ambiente liberal, sendo o seu pai apoiante do Partido
Progressista. Frequentou o Liceu da Guarda onde concluiu os estudos primários e
secundários.
Com a
mudança da família para Lisboa, prosseguiu o seu percurso académico na Escola
Politécnica e na Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa. Aqui concluiu o curso de
Medicina em 1902, tendo sido a única mulher na sua turma.
Beatriz
casou a 3 de dezembro de 1902 com Januário Gonçalves Barreto Duarte
(1877-1910), médico e ativista republicano, do qual teve uma filja, Maria
Emília Ângelo Barreto (1903-1981).
Em
1903 apresentou a sua dissertação Prolapsos
Genitaes (Apontamentos) e tornou-se a primeira mulher a operar no Hospital
de São José. Trabalhou no Hospital Psiquiátrico de Rilhafoles, com a orientação
de Miguel Bombarda e acabou por estabelecer o seu próprio consultório
particular onde exerceu a especialidade de ginecologia.
A par
da carreira profissional, Carolina envolveu-se nos vários movimentos feministas
que despontavam pela Europa. Em 1906 ingressou no comité português da
organização La Paix et le Désarmement par
les Femmes, bem como na Maçonaria. Em 1909 integrou a comissão fundadora da
Liga Republicana das Mulheres Portuguesas
que defendia o sufrágio feminino, o direito ao divórcio, a educação das
crianças e igualdade de direitos e deveres entre ambos os sexos.
O seu
marido vem a falecer em 1910, antes da implantação da República. Com o 5 de
outubro, Beatriz envolveu-se na fundação da Associação
de Propaganda Feminista que pretendia fundar uma escola de enfermeiras e
promover a emancipação das mulheres.
Em
1911, com as primeiras eleições da república, Beatriz Ângelo viu na lei
eleitoral uma oportunidade de a reverter a seu favor. De acordo com a mesma,
podiam votar “cidadãos portugueses com mais de 21 anos, que soubessem ler e
escrever e fossem chefes de família”. Considerando preencher todos os
requisitos fez um requerimento ao Presidente da Comissão Recenseadora para ser
incluída no recenseamento. O pedido foi recusado e carolina apresentou recurso
em tribunal que lhe veio a dar razão. Desta forma, tornou-se a primeira mulher
portuguesa a exercer o direito de voto.
Faleceu
a 3 de outubro de 1911 vítima de uma síncope cardíaca.
MJS
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