O Deserto dos Carmelitas Descalços e Conjunto Edificado do Palace-Hotel no Buçaco são considerados monumentos nacionais, habilitados a constituírem a lista de Património Mundial da Humanidade.
Estas áreas inserem-se no
extremo noroeste da Serra do Buçaco, no concelho da Mealhada. O Deserto dos
Carmelitas Descalços encontra-se aqui, delimitado com um muro e inclui o
Convento de Santa Cruz do Bussaco, o Sacromonte, ermidas de habitação, 23
capelas e sete fontes.
A expressão “Deserto”
referia-se a uma região inóspita, onde viviam os monges eremitas durante o
Cristianismo primitivo, permitindo a vida em comunidade, embora isolada e em
retiro espiritual. Trata-se de uma zona extremamente rica o ao nível da
biodiversidade, com mais de 250 espécies vegetais e um clima muito próprio com
temperaturas amenas, precipitação frequente e nevoeiros matinais.
A Ordem dos Carmelitas
Descalços é um ramo da Ordem do Carmo. Surgiu na sequência de uma reforma de
Santa Teresa de Ávila e de S. João da Cruz durante o século XVI. O nome
“Carmelitas” vem de Monte Carmelo, local onde se isolaram alguns peregrinos e
cruzados. Frei António do Santíssimo Sacramento liderava a Ordem que se
instalou nesta região durante cerca de 200 anos, entre 1628 e 1834.
O Sacromonte era uma subida da
Serra que recriava a Via Sacra, no final da qual se encontra uma cruz, e foi
mandado construir por D. Manuel Saldanha em 1644. Com a extinção das Ordens
Religiosas, estes bens passaram a ser património do Estado.
O Palace Hotel do Buçaco,
construído no espaço do antigo convento, inclui um conjunto de edifícios
erigidos entre 1888 e 1922. Inclui o hotel (1888 – 1899), a Casa dos Cedros
(1899), a ala sul e a galeria (1904), a Casa dos Brasões (1905- 1910) e a Casa
do Arcos, a partir da qual se construiu a Casa dos Embrechados (1922).
Este complexo, mandado
edificar pelo rei D. Carlos I, apresenta um estilo neo-gótico e traços do
neomanuelino, da autoria de Luigi Manini. Evoca o império português através dos
símbolos nacionais e de imagens de monumentos marcantes. No seu interior
encontram-se inúmeras tapeçarias, peças chinesas e indo-portuguesas, mobiliário
e obras de arte de Jorge Colaço, António Gonçalves, Costa Motta Sobrinho, João
Vaz, António Ramalho ou Carlos Reis
O edifício principal tem três pisos e um torreão. A Casa dos Brasões foi edificada em 1905, segundo o projeto de Manuel Joaquim Norte Júnior, como um pavilhão real, onde pernoitavam os monarcas que visitavam o local. Este edifício ligou-se posteriormente à Casa do Cedro.
MJS
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