O Centro Histórico de Angra do
Heroísmo, localizado na Ilha Terceira, Açores é um conjunto arquitetónico
considerado Património Mundial pela UNESCO a 7 de dezembro de 1983.
Geograficamente, Angra do Heroísmo situa-se a meio da costa meridional da ilha,
numa enseada sobre o mar.
A Terceira, tal como as restantes ilhas, tem uma origem geológica vulcânica que se reflete na paisagem com três maciços vulcânicos. A beleza natural manifesta-se na vegetação exuberante e nas pastagens.
A sua elevação a património
mundial deve-se à sua importância histórica e aos edifícios que são exemplares
únicos de arquitetura, criando um conjunto técnico e paisagístico de grande
relevância e um dos exemplos mais representativos do urbanismo renascentista.
Os Açores eram conhecidos
provavelmente desde o reinado de D. Afonso IV (1291 – 1357), mas foram
oficialmente reconhecidos com a chegada de Gonçalo Velho a Santa Maria em,
1431, sendo as restantes ilhas (re)descobertas nos anos subsequentes.
O território começou a ser
ocupado cerca de 1450 através de uma carta de doação de D. Henrique a Jácome de
Bruges. Apesar disso, em 1460 as ilhas da Graciosa e Terceira ainda estavam por
povoar, pelo que foram entregues a D. Fernando, sendo a Ordem de Cristo
responsável pelo desenvolvimento espiritual das mesmas. Com D. Afonso V, a
Terceira é entregue a Álvaro Martins.
A ilha Terceira foi dividida
pela infanta D. Beatriz em 2 capitanias: Angra, entregue a João Vaz Corte Real
e Praia, entregue a Álvaro Martins.
A vila desenvolveu-se à volta
do Castelo de S. Luís, tendo sido feitas importantes infraestruturas, como a
canalização da Ribeira, o cais da Alfândega e a muralha da baía. Elevada a vila
em 1478, Angra assiste a um grande desenvolvimento urbano ligado às navegações
e descobrimentos portugueses, uma vez que era escala da maior parte destas
expedições. Em 1534 tornou-se cidade, tendo sido construídos os edifícios
principais: Sé de Angra (1570-1642), Colégio dos Jesuítas (1658), Câmara
Municipal (1611) e fortificações de S. Sebastião e S. Filipe (posteriormente
designada S. João Batista).
Em 1766 foi criada a Capitania
Geral dos Açores, com sede em Angra. Com o Liberalismo, tornou-se a sede dos
constitucionalistas. No decorrer do século XIX, a cidade permanece quase
inalterada, até ao sismo de 1980 que destruiu cerca de 50% do património
urbano. Houve um enorme esforço de restauro e reconstrução da cidade após este
evento.
A planta da cidade tem uma
estrutura axial, atravessada pela Rua da Sé. Aqui se encontra um dos mais
importantes monumentos, a Sé de Angra, que é o principal edifício religioso. O
Colégio dos Jesuítas, um majestoso edifício, ocupa uma posição de destaque no
centro da cidade.
O Convento de S. Francisco,
pertencente à Ordem Franciscana, foi inicialmente uma pequena capela (século
XVI), tendo ampliado as instalações, com uma influência bastante mais austera.
Podem-se ainda referir, ao nível da construção religiosa, o Convento da
Esperança, o Convento de S. Gonçalo, a Ermida de Nossa Senhora dos Remédios e a
Igreja de S. João Batista.
Em toda a ilha existem
pequenos edifícios dedicados ao culto do Divino Espírito Santo, pequenas
ermidas bastante simples. A Festa do Divino Espírito Santo é a mais importante
manifestação cultural da região, com procissões e diversos rituais.
A arquitetura militar tem
igualmente grande destaque, como é o caso do Forte de S. João Batista que segue
o modelo renascentista e o Forte de S. Sebastião.
No que respeita à arquitetura
civil, um dos exemplos mais significativos é a Casa do Capitão, um edifício
quatrocentista que pertenceu a Martins Homem e a Corte Real; a Casa de Dona
Violante do Conto, um solar quinhentista; o Palácio Bettencourt, a Casa do
Contratador Prudência e a Câmara Municipal.
A casa típica das ilhas é
construída em pedra e possui um telhado elaborado em telha cerâmica de meia
cana.
A Praça Velha é um dos locais
mais emblemáticos de Angra, tendo sido desenhada pelo Mestra Maduro Dias, com o
objetivo de se tornar o ponto de encontro entre dois arruamentos. É um espaço
amplo, o verdadeiro centro da cidade, situada em frente da Câmara Municipal.
MJS
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