2021/01/14

Património Mundial de Portugal: Centro Histórico de Angra do Heroísmo

(Imagem da praça central da Ilha de Angra do Heroísmo, Açores. Retirada na internet)

O Centro Histórico de Angra do Heroísmo, localizado na Ilha Terceira, Açores é um conjunto arquitetónico considerado Património Mundial pela UNESCO a 7 de dezembro de 1983. Geograficamente, Angra do Heroísmo situa-se a meio da costa meridional da ilha, numa enseada sobre o mar.

A Terceira, tal como as restantes ilhas, tem uma origem geológica vulcânica que se reflete na paisagem com três maciços vulcânicos. A beleza natural manifesta-se na vegetação exuberante e nas pastagens.

A sua elevação a património mundial deve-se à sua importância histórica e aos edifícios que são exemplares únicos de arquitetura, criando um conjunto técnico e paisagístico de grande relevância e um dos exemplos mais representativos do urbanismo renascentista.

Os Açores eram conhecidos provavelmente desde o reinado de D. Afonso IV (1291 – 1357), mas foram oficialmente reconhecidos com a chegada de Gonçalo Velho a Santa Maria em, 1431, sendo as restantes ilhas (re)descobertas nos anos subsequentes.

(Vista aérea da Ilha de Angra do Heroísmo, Açores. Retirada na internet)

O território começou a ser ocupado cerca de 1450 através de uma carta de doação de D. Henrique a Jácome de Bruges. Apesar disso, em 1460 as ilhas da Graciosa e Terceira ainda estavam por povoar, pelo que foram entregues a D. Fernando, sendo a Ordem de Cristo responsável pelo desenvolvimento espiritual das mesmas. Com D. Afonso V, a Terceira é entregue a Álvaro Martins.

A ilha Terceira foi dividida pela infanta D. Beatriz em 2 capitanias: Angra, entregue a João Vaz Corte Real e Praia, entregue a Álvaro Martins.

A vila desenvolveu-se à volta do Castelo de S. Luís, tendo sido feitas importantes infraestruturas, como a canalização da Ribeira, o cais da Alfândega e a muralha da baía. Elevada a vila em 1478, Angra assiste a um grande desenvolvimento urbano ligado às navegações e descobrimentos portugueses, uma vez que era escala da maior parte destas expedições. Em 1534 tornou-se cidade, tendo sido construídos os edifícios principais: Sé de Angra (1570-1642), Colégio dos Jesuítas (1658), Câmara Municipal (1611) e fortificações de S. Sebastião e S. Filipe (posteriormente designada S. João Batista).

Em 1766 foi criada a Capitania Geral dos Açores, com sede em Angra. Com o Liberalismo, tornou-se a sede dos constitucionalistas. No decorrer do século XIX, a cidade permanece quase inalterada, até ao sismo de 1980 que destruiu cerca de 50% do património urbano. Houve um enorme esforço de restauro e reconstrução da cidade após este evento.

A planta da cidade tem uma estrutura axial, atravessada pela Rua da Sé. Aqui se encontra um dos mais importantes monumentos, a Sé de Angra, que é o principal edifício religioso. O Colégio dos Jesuítas, um majestoso edifício, ocupa uma posição de destaque no centro da cidade.

(Imagem do centro histórico da Ilha de Angra do Heroísmo, Açores. Retirada na internet)

O Convento de S. Francisco, pertencente à Ordem Franciscana, foi inicialmente uma pequena capela (século XVI), tendo ampliado as instalações, com uma influência bastante mais austera. Podem-se ainda referir, ao nível da construção religiosa, o Convento da Esperança, o Convento de S. Gonçalo, a Ermida de Nossa Senhora dos Remédios e a Igreja de S. João Batista.

Em toda a ilha existem pequenos edifícios dedicados ao culto do Divino Espírito Santo, pequenas ermidas bastante simples. A Festa do Divino Espírito Santo é a mais importante manifestação cultural da região, com procissões e diversos rituais.

A arquitetura militar tem igualmente grande destaque, como é o caso do Forte de S. João Batista que segue o modelo renascentista e o Forte de S. Sebastião.

No que respeita à arquitetura civil, um dos exemplos mais significativos é a Casa do Capitão, um edifício quatrocentista que pertenceu a Martins Homem e a Corte Real; a Casa de Dona Violante do Conto, um solar quinhentista; o Palácio Bettencourt, a Casa do Contratador Prudência e a Câmara Municipal.

A casa típica das ilhas é construída em pedra e possui um telhado elaborado em telha cerâmica de meia cana.

A Praça Velha é um dos locais mais emblemáticos de Angra, tendo sido desenhada pelo Mestra Maduro Dias, com o objetivo de se tornar o ponto de encontro entre dois arruamentos. É um espaço amplo, o verdadeiro centro da cidade, situada em frente da Câmara Municipal.


MJS


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