(Imagem da fachada da Escola Secundária Alexandre Herculano. Retirada da internet)
Com o aumento demográfico verificado em finais
de oitocentos e, acima de tudo, devido às exigências sociais republicanas,
impunha-se a construção de novos estabelecimentos liceais no país. Neste
panorama político, a cidade do Porto seria dividida em duas grandes zonas
pedagógicas, instalando-se em cada uma delas um liceu central, por Decreto de 4
de janeiro de 1906.
A criação de um liceu no porto foi imediata em
instalações provisórias e inapropriadas - num velho e feio pardeiro, ali à rua do Sol, com um
pavilhão anexo apenas coberto por telhados de zinco[1]-,
passados dois anos, em 1908, o referido liceu já ostentando a denominação de
Liceu Central de Alexandre Herculano e, desta feita, procedeu-se à sua transferência
para a Rua de Sto. Ildefonso.
Depois de ter sido lançada a primeira pedra da
construção do Liceu, em 1916, em cerimónia oficial testemunhada pelo presidente
da República Bernardino Machado (1851-1944), a conclusão do projecto
verificou-se apenas em 1934, da autoria do conhecido arquitecto José Marques da
Silva (1869-1947), que viveu em Paris, entre 1889 e 1896, depois de ter cursado
na Academia de Belas-artes do Porto, e antes de ter obtido vários prémios de
reconhecimento internacional, designadamente no âmbito das Exposições
Universais de Paris (1900) e do Rio de Janeiro (1908).
(Imagem da fachada da Escola Secundária Alexandre Herculano. Retirada da internet)
Um longo período pautado por diversas
adversidades, não apenas económicas, como, sobretudo, políticas, ditadas, quer
pelo envolvimento do país na I Grande Guerra, quer pelos sucessivos tumultos
registados entre finais da segunda década, inícios da terceira, culminando no
estabelecimento da Ditadura Militar e do Estado Novo, no início do qual
seria finalizado, ainda que já fosse frequentado desde o ano letivo de
1921-1922.
Contemplando de início 28 salas de aula, com
áreas específicas destinadas ao ensino de física, química, geografia, desenho e
música, a par de uma biblioteca, anfiteatro para apresentação de teatros e, já
num segundo momento, de cinema, cinco pátios de recreio, um de desporto, três
ginásios, piscina, cozinha e refeitórios, sanitários, gabinetes médicos, sala
de professores, gabinete do médico escolar e três cómodos para o reitor, o
projeto denunciava um conhecimento assaz profundo das mais recentes teorias e
práticas pedagógicas, designadamente das implementadas além-fronteiras, assim
como, certamente, uma colaboração estreita e verdadeiramente exemplar entre
arquiteto e pedagogos.
(Imagem do interior da Escola Secundária Alexandre Herculano. Retirada da internet)
As alterações verificadas, desde então,
resumiram-se à construção de 8 novas salas de aula e de uma capela, já nos anos
sessenta, perante o aumento do número de alunos entretanto registado,
amplamente frequentado por destacados membros da sociedade portuense,
nomeadamente das suas Artes e Letras.
(Imagem de um corredor de acesso ao ar livre na Escola Secundária Alexandre Herculano. Retirada da internet)
O Agrupamento de Escolas Alexandre
Herculano (AEAH) foi criado em junho de 2012, sendo então frequentado por cerca
de 2800 alunos. Atualmente, o agrupamento conta com uma população discente
composta por cerca de 15521 alunos, sendo constituído por todos os anos de
escolaridade/níveis de ensino (da Educação Pré-escolar ao Ensino Secundário).
O AEAH compreende nove estabelecimentos de
ensino (seis escolas básicas com educação pré-escolar e 1.º ciclo, duas escolas
básicas com 2.º e 3.º ciclos e uma escola secundária) situados na zona central
e oriental do concelho do Porto, a saber: na Freguesia do Bonfim, situam-se as
Escolas Básicas da Alegria, do Campo 24 de agosto, da Lomba, Dr. Augusto César
Pires de Lima e a Escola Secundária Alexandre Herculano, sede do agrupamento
onde se prevê, a curto prazo, a realização de obras de requalificação; na
Freguesia de Campanhã, estão localizadas as Escolas Básicas das Flores, Ramalho
Ortigão e de Noeda; na União de Freguesias do Centro Histórico do Porto, está
situada a Escola Básica do Sol.
As unidades educativas enunciadas, construídas
há largos anos, são geograficamente pouco dispersas e estão inseridas num meio
urbano com grande diversidade étnico-cultural, circunstanciado pelo forte
decréscimo da população estudantil que se tem vindo a verificar, desde os anos
80, como reflexo da deslocação demográfica de grandes massas populacionais para
a periferia do Porto.
O
AEAH tem vindo a promover a inclusão e a sensibilização para a diferença,
integrando:
- Uma Escola de Referência para a Educação
Bilingue de Alunos Surdos (EREBAS), a funcionar na escola sede;
- Uma Unidade de Apoio Especializado para a Educação de Alunos com Multideficiência, também a funcionar na escola sede;
- Uma Unidade de Ensino Estruturado para Alunos com Perturbações no Espetro do Autismo, a funcionar na escola básica do Campo 24 de Agosto.
Atualmente,
e no âmbito do novo enquadramento legal, o DL 54/2018, de 6 de julho, estas
valências integram o Centro de Apoio à Aprendizagem. Para além disso, apresenta
a oferta, em regime presencial, do Ensino Recorrente e dos Cursos PFOL
(Português Para Falantes de Outras Línguas).
P. M.
BIBLIOGRAFIA:
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DE ESCOLAS ALEXANDRE HERCULANO (2017). +Projeto educativo 2017/21 [em linha].
Porto: A.E.A.H. [Consult. 5 de maio de 2019]. Disponível: http://www.aealexandreherculano.pt/2018-19/documentos/projeducativo.pdf
AGRUPAMENTO DE ESCOLAS
ALEXANDRE HERCULANO (2013). Regulamento
interno [em linha]. Porto: A.E.A.H. [Consult. 5 de maio de 2019].
Disponível: http://www.aealexandreherculano.pt/2013-14/Reg_Interno_AEAH.pdf
COENTRÃO,
Abel (2019). Reabilitação
do liceu Alexandre Herculano não teve concorrentes [em linha]. Lisboa: Jornal Públio [Consult. 5 maio de
2019]. Disponível: https://www.publico.pt/2019/01/03/local/noticia/reabilitacao-liceu-alexandre-herculano-nao-concorrentes-1856566
DICIONÁRIO HISTÓRICO (s.d.). Carvalho e Araújo (Alexandre Herculano de). [em linha]. [Consult. 5 de maio de 2019]. Disponível: http://www.arqnet.pt/dicionario/herculanoalex.html
DIREÇÂO-GERAL
DO PATRIMONIO CULTURAL (2003). Liceu
Alexandre Herculano [em linha]. [Consult. 5 de maio]. Disponível: http://www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/6853117/
NÓVOA,
António (coord.) (2003). Liceus de
Portugal: histórias arquivos memórias. Lisboa: ASA.
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