Ginestal Machado (1874 - 1940)
A Escola Industrial e Comercial de Santarém foi criada
pelo Decreto n.º
40725, de 8 de agosto de 1956. Passadas três décadas, em 1987, adotou como
patrono António Ginestal Machado (cf. Portaria n.º
261/87, de 2 de abril de 1987).
Ginestal Machado nasceu na vila de Almeida, a 3 de maio de
1874 e faleceu na cidade de Santarém, a 28 de junho de 1940. Estudou no
Liceu da Guarda, frequentando posteriormente, em Lisboa, a Escola Naval, onde
se diplomou (1895), concluindo depois o Curso Superior de Letras (1897).
Inicia a aprendizagem das primeiras letras na terra
natal e desde cedo demonstra o desejo de vir a ser professor. O prosseguimento
dos estudos obriga-o a mudar-se para Braga, onde frequentou o Liceu. A morte do
pai, aos 13 anos, marca-o profundamente e, confrontado com as dificuldades da
vida, é obrigado a abandonar a Escola. O sentido da responsabilidade e de
autonomia levam-no, em 1891, a assentar praça no Regimento de Infantaria, na
Cidade da Guarda, conjugando em simultâneo a vida castrense e a conclusão dos
Estudos Secundários.
Formou-se na Faculdade de Direito de Coimbra e exerceu
o Magistério Liceal. Fez parte do Partido Unionista, do qual veio a ser um dos principais
dirigentes, sendo partidário de uma linha republicana moderada. Promoveu a
fusão do seu partido com o Evolucionista, do qual resultou o Partido Liberal,
depois transformado no Partido Nacionalista.
“Ginestal Machado, dirigente de
diversas colectividades ao longo das décadas em estudo, definiu um projecto
cultural que ainda hoje apresenta marcas nalgumas colectividades da cidade.
Será que podemos enquadrá-lo na ‘cultura popular’? Sendo que esta foi uma das
grandes questões colocadas ao longo deste estudo, consideramos que o ideário de
Ginestal não correspondia estritamente aos universos da ‘cultura popular’, uma
vez que aqueles que beneficiaram das oportunidades culturais trabalhavam
essencialmente nos serviços, na administração pública e no comércio” (Moreira,
2013, p. 409).
Desempenhou
lugar de relevo na política portuguesa do início do século. Amigo pessoal de
Brito Camacho, fez parte do partido unionista. Deve-se-lhe a formação do
Partido Liberal, que resultou da fusão do Partido Unionista e Evolucionista.
Foi membro da Câmara dos Deputados, Ministro da Instrução Pública (1921) e
Chefe de um efémero governo que durou apenas 33 dias (de 15 de novembro a 18 de dezembro de 1923).
Antes da implantação da República, iniciou uma colaboração
regular na imprensa, tanto local como nacional, e participou ativamente na
Liga Nacional de Instrução (criada em 1907 por Trindade Coelho e Borges
Grainha) e na Junta Liberal (fundada em 1909 por Miguel Bombarda), tendo
presidido às respetivas delegações na cidade de Santarém.
Ginestal Machado desenvolveu a sua carreira profissional em
Santarém: em 1904 foi professor efetivo do Liceu Nacional de Santarém, em 1909
foi eleito presidente da Junta Distrital da mesma cidade, em 1910 liderou o
movimento republicano no distrito de Santarém durante a implantação da
República Portuguesa, em 1917 foi eleito vogal da Junta Geral de distrito e em
1919 foi provedor da Santa Casa da Misericórdia de Santarém.
“[…] ministro
português da Instrução Pública, Ginestal Machado (1874-1940), o carácter social
da ciência nas suas duas vertentes: ‘porque é o producto mais alto da sociedade
humana’ e porque é ‘predominante no desenvolvimento da civilização’” (Bernardo,
2013, p. 47).
O seu nome faz parte da Toponímia de: Almeida; Lisboa
(Freguesia de São Domingos de Benfica, Edital de 14-05-1979, ex-Rua G à Estrada
da Luz), Santarém.
Doado pelos herdeiros à Biblioteca Nacional de Portugal em
julho de 2008, o espólio (24 caixas, mais alguns documentos de grande formato)
testemunha a sua atividade profissional e política, com especial relevo na
década de 1920, incluindo manuscritos e datiloscritos, correspondência do autor
e de terceiros, documentos biográficos, arquivo de imprensa, impressos e
fotografias.
A própria Biblioteca Histórica da Educação, do
Ministério da Educação e Ciência, dispõe no seu espólio 79 títulos de manuais
escolares, compêndios, tratados e seletas. Este material didático está
disponível no Sistema
Integrado de Bibliotecas do Ministério da Educação e Ciência (SIBME), sob a
cota AGM.
P. M.
BIBLIOGRAFIA:
ALMEIDA,
Pedro Tavares (2010). Espólio de António
Ginestal Machado 1874-1940: inventário. Lisboa : Biblioteca Nacional de Portugal (ISBN: 9789725654569).
BERNARDO, Luis
Miguel (2013). Cultura científica em
Portugal: uma perpectiva histórica. Porto: Universiadde do Porto (ISBN
978-989-7460-20-3).
CARVALHO,
Rómulo de (1996). História do Ensino em Portugal: desde a Fundação da Nacionalidade
até ao fim do Regime de Salazar-Caetano. Lisboa:
Fundação Calouste Gulbenkian, 2.ª edição.
INSPECÇÃO-GERAL DA
EDUCAÇÃO E CIÊNCIA (2014). Avaliação
externa das escolas, Relatório, Agrupamento de Escolas Dr. Ginestal
Machado [em linha]. [Consult. 16 de abr. 2019]. Disponível: https://www.igec.mec.pt/upload/AEE_2014_Sul/AEE_2014_AE-DrGinestalMachado_R.pdf
MOREIRA, Maria Teresa do R. L. da Cruz (2013). “Todos têm direito à cultura” a
dinâmica cultural da cidade de santarém (1930-1959) [em linha]. Tese apresentada para cumprimento dos requisitos necessários
à obtenção do grau de Doutor em História [Consult. 21 de abr. de 2013].
Disponível: https://run.unl.pt/bitstream/10362/13831/1/teresamoreira.pdfZ
NOTÍCIAS
DO RIBATEJO (2016). Encontro anual dos antigos alunos, em 27 fev.
2016, comemoração dos 60 anos da fundação da escola [Escola Industrial e Comercial de Santarém, 1956-2016]. [em linha]. Santarém: Notícias
do Ribatejo. [Consult. 16 de abr. de 2019]. Disponível: https://noticiasdoribatejo.blogs.sapo.pt/encontro-anual-dos-antigos-alunos-em-27-3784513
VIDAL,
Angela Vieira (2013). Desenvolvimento da
criatividade nos alunos de artes visuais [em linha]. Lisboa: Relatório de Estágio apresentado à Escola Superior
de Design do IADE. [Consult. 6 de maio de 2019]. Disponível: https://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/10306/1/Angela%20Vidal_Desenvolvimento%20da%20criatividade_IADE_2013.pdf
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