Em
1926, o escritor e editor valenciano Vicente Clavel i Andrés propôs à Cámara Oficial del Libro de Barcelona a instauração
e comemoração do dia do livro (Fiesta del Libro). Esta efeméride seria uma
forma de divulgação do livro e, simultaneamente, de promoção da leitura
(omitiam-se razões comerciais).
A data
inicialmente proposta para a Fiesta del
Libro foi 7 de outubro, dia do nascimento de Miguel de Cervantes, razão
mais do que suficiente para os espanhóis comemorarem tal efeméride na data
mencionada. Esta proposta foi aceite, mas rapidamente alterada: a partir de
1930 a data foi mudada para 23 de abril. Os motivos alegados para tal mudança
foi a comemoração da data da morte de Cervantes e de Shakespeare.
A
reafirmação do espírito catalão não se fez esperar, dia 23 de abril é o dia de
Sant Jordi, patrono da Catalunha. O patrono catalão sempre foi celebrado com la feria de la rosa. Ou seja, no dia 23
os catalães ofereciam rosas vermelhas uns aos outros. Na atualidade, estas
efemérides são conhecidas pela festa da rosa e do livro (Fiesta de la rosa y el
libro) e, acima de tudo, comemora-se o patrono da região semiautónoma espanhola
– la Diada de Sant Jordi.
“La
Diada de Sant Jordi, nom amb que es coneix la festa del 23 d’abril, és un dia
molt especial a Catalunya, dia en què se celebra el dia del enamorats i el dia
del llibre. Homes i dones intercavien roses i llibres amb la seva parella i les
persones volgudes. La tradició de regalar roses sembla ser que es remunta al
segle XV, quan es repartien roses a les dones que anaven a la missa oficiada a
la capella de sant Jordi del Palau de la Generalitat.” (Deputació de Barcelona,
2011)
Atendendo
às palavras da Deputació de Barcelona (2011), ainda hoje, o dia 23 de abril é
muito importante para a história da Catalunha. Em primeiro lugar, deve-se à
Catalunha a paternidade do Dia Mundial do Livro. Por outro lado, associa-se
esta efeméride à comemoração do seu patrono e, para alem desse facto,
celebra-se o dia dos namorados. Diremos, então que é a festa do livro, da rosa,
dos namorados e do patrono da Catalunha – uma forma lendária de encarar os
factos.
Essa é
a lenda oficial adotada pela Catalunha para explicar a razão de Sant Jordi ser
o seu padroeiro e para representar o grande evento que acontece na Catalunha no
dia 23 de abril todos os anos.
Com a
junção das respetivas tradições, mudaram-se os hábitos sociais – o cavalheiro
oferece uma rosa vermelha (símbolo do sangue do dragão) à amada e esta oferece
um livro ao cavalheiro.
“Como
cada 23 de abril Catalunya celebrará la Diada
de Sant Jordi (Festividad de San Jorge), conocida también por la fiesta de
la rosa y el libro, y en que las calles de pueblos y ciudades de catalunya
disfrutan, si lo permite el tiempo, del inicio de la primavera y de esta
magnifica jornada de vocación de universal”. (F. B., 2009)
Atualmente,
O Dia Mundial do Livro é uma comemoração celebrada a nível internacional com o
objetivo de fomentar a leitura, a indústria editorial e a proteção da
propriedade intelectual (direitos de autor). A origem da Diada de Sant Jordi tem origens medievais, onde os cavaleiros ofereciam
rosas vermelhas às suas amadas e, a partir de 1926, as senhoras agradecem as
rosas aos cavalheiros com a oferta de um livro.
“The
idea for this celebration originated in catalonia where on 23 April, Saint
George’s Day, a rose is traditionally given as a gift for each book sold. The
success of the World Book and Copyright Day will depend primarily on the
support received from all parties concerned (authors, publishers, teachers,
librarians […].” (UNESCO, 2011)
Segundo
a Mensagem do Diretor-Geral da UNESCO por ocasião do Dia Mundial do Livro e do
Direito de Autor (23 de abril de 2003), o futuro do Livro e do Direito de Autor
é uma questão que nos diz respeito a todos.
Numa
época caracterizada pela explosão das redes elétricas e televisivas, o livro
constitui um instrumento excecional para a expressão das identidades culturais.
A sua projeção é um fator decisivo para a promoção da diversidade cultural.
Recordemos o papel primordial dos tradutores, sem os quais o diálogo
intercultural através dos livros não seria possível (Cf. Comissão Nacional da
UNESCO, 2011).
A
UNESCO (2011) confirma a originalidade da celebração da Diada de Sant Jordi, não obstante, apela para os direitos de autor:
o sucesso do Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor. Esta osmose de valores
socioculturais impulsionada pela Generalitat de Catalunya y de la Federación de
Gremios de Editores de España, em 1995, levou a UNESCO a declarar o dia 23 de
abril como Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor. As razões alegadas
foram:
- o
livro foi durante séculos o fator mais poderoso para o desenvolvimento do
conhecimento;
- o
desenvolvimento de uma consciência coletiva mais completa sobre as tradições
culturais no mundo;
- a
organização de eventos para divulgar os livros e a promoção da leitura.
A
leitura é, como sabemos, o principal instrumento de aprendizagem. É o meio mais
eficaz de desenvolvimento sistemático da linguagem e da personalidade humana.
Através do ato de ler, o individuo entra em contato com realidades transversais
do conhecimento universal – consciência coletiva.
Bibliografia:
COMISSÃO
NACIONAL DA UNESCO (2011). Mensagem do
Diretor-Geral da UNESCO por ocasião do Dia Mundial do Livro e do Direito de
Autor (23 de abril de 2003) [on-line]: Koïchiro Matsuura, PC/dialivro.doc
http://www.unesco.org/culture/bookday/gs_03_portugais.pdf
[Consulta:
19 de abrik 2011].
DEPUTACIÓ
DE BARCELINA (2011). Diada de Sant Jordi
a Rofes (la Llacuna) [on-line]: Propera edició, 23/04/2011
http://www.festacatalunya.cat/articles-mostra-1703-cat-diada_de_sant_jordi_a_rofes_la_llacuna.htm
[Consulta:
19 de abril de 2011].
F. B.,
David (2009). Sat Jordi, la fiesta del libro y dela rosa [on-line]. Los Viajeros.com
http://www.losviajeros.com/noticias.php?n=191
UNESCO
(2011). World Book and Copyright Day,
April, 23 [on-line]
http://portal.unesco.org/culture/en/ev.php-URL_ID=5125&URL_SECTION=201.html
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