Continuamos, neste espaço a prestar
homenagem a arquitetos que, ao longo dos anos, foram enriquecendo o património
escolar português.
José Sobral Blanco (1905-1990) nasce numa pequena povoação da Galiza, mas desenvolve toda a sua formação em Lisboa, completando o curso de arquitetura na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa na década de 1920.
No início dos anos 1930 faz parte das equipas de projetistas da JCETS – Junta
das Construções para o Ensino Técnico e Secundário, no âmbito da qual participa
no Plano de novas Construções, Ampliações e Melhoramentos de Edifícios Liceais
aprovado em 1938.
Esta, vulgarmente conhecido por 'Plano de 38', é um projeto emblemático do
Estado Novo, marcado pela ideia de 'ressurgimento material e espiritual da
nação', que pretende construir 10 liceus novos e intervir em 13 existentes, e
cuja execução irá estender-se por duas décadas. No seio desta equipe, José
Sobral Blanco projeta e acompanha a execução de diversos liceus: Setúbal
(1945), Carolina Michaelis, no Porto (1951), Oeiras (1953) e Portimão (1965).
É ainda no âmbito da Junta que se inicia o Plano das Construções para o Ensino
Técnico, a partir de 1947. Sobral Blanco assina, nesta altura, os projetos de
diversas escolas comerciais e industriais: Setúbal (1951), Portalegre (1953),
Marquesa de Alorna, em Lisboa (1955), Torres Novas (1956) e Oliveira de Azeméis
(1959). Na construção destas escolas técnicas são experimentados novos
processos construtivos, embora haja uma maior simplificação e uniformização
tipológica, relativamente aos projetos dos Liceus.
Em 1969, a JCETS é transformada em Direcção-Geral das Construções Escolares.
Sobral Blanco mantém-se nela até à sua aposentação, em 1975. Nesta fase final,
as orientações da tutela são menos apertadas que haviam sido as da JCETS, sendo
permitida uma menor uniformidade tipológica. Para além disso, as inovações
pedagógicas do final do Estado Novo refletem-se numa outra conceção do edifício
escolar, mais flexível, polivalente e articulado. Em termos estruturais, esta fase
é marcada pela criação do Ciclo Preparatório do Ensino Secundário, e pela
necessidade de projetar edifícios para esta nova unidade escolar.
A par com o trabalho nas construções escolares, que domina praticamente toda a
sua vida profissional, Sobral Blanco mantém alguma atividade privada,
nomeadamente na Galiza, sua terra natal. Dedica-se ainda à docência no
Instituto Espanhol, atividade que mantém para além da sua aposentação como projetista
da Direcção-Geral das Construções Escolares.
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