Lutgarda
Guimarães de Caires nasceu a 15 de novembro de 1873 em Vila Real de Santo
António, filha de José Rodrigues Guimarães e de Maria Teresa de Barros
Guimarães, tendo ficado órfã de mãe muito cedo. O meio familiar sempre foi
propenso a atividades culturais e musicais. Apesar da sua dedicação ao canto,
alguns problemas de saúde impediram-na de enveredar por uma carreira artística.
A poesia foi a sua escolha, tendo tido sucesso e reconhecimento nesse meio.
Mudou-se
do Algarve para Lisboa onde casou com João de Caires, advogado e fundador da
Sociedade de Propaganda de Portugal. A partir de 1905 colaborou com vários
jornais. Publicou a obra Glicínias em
1910, Papoilas em 1912 e A Dança do Destino em 1913, entre muitas
outras de caráter infantojuvenil.
As
crianças foram objeto de ações de voluntariado da sua parte, através do apoio
dado nos hospitais. Foi impulsionadora da iniciativa Natal das Crianças dos
Hospitais que se manteve até aos dias de hoje.
Em
1911 foi abordada pelo Ministro da Justiça para fazer um estudo acerca da
situação das detidas e de medidas de caráter social. Afirmou-se uma defensora
das mulheres e das crianças expondo as condições críticas a que as reclusas
estavam sujeitas. De acordo com a autora “Proteger, educar e elevar a mulher e
a criança é proteger, educar e elevar o homem (…)”. Reconheceu que a posição da
mulher na sociedade era praticamente nula, sem direitos reconhecidos pela lei e
sem qualquer tipo de proteção. Denunciou a inexistência de saídas profissionais
para o sexo feminino: as mulheres eram vistas como inferiores pois não
dispunham de uma educação adequada.
Nesse
sentido, toda a sua obra foi orientada para a defesa dos direitos legais da
mulher e para o acesso à educação como forma de a dignificar. A melhoria das
condições de vida das reclusas e a adoção de práticas humanitárias no seu
tratamento foram aspetos que marcaram o seu pensamento.
Em
1923 venceu os Jogos Florais de Ceuta com o poema Florinhas da Rua, cujo nome foi recuperado mais tarde pela Condessa
de Rilvas para uma instituição de proteção de mulheres.
Fonte
principal: Dicionário de educadores portugueses / dir. António Nóvoa. - Porto :
ASA, 2003.
MJS
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