2024/12/23

Educadores Portugueses dos séculos XIX e XX: Bernardino Machado (1851 – 1944)

 

(Imagem do autor retirada da internet)

 

Bernardino Luís Machado Guimarães nasceu a 28 de março de 1851 no Rio de Janeiro, filho de António Luís Machado Guimarães, português e de Praxedes de Sousa Ribeiro Guimarães, de nacionalidade brasileira.

Passou os primeiros anos da sua vida no Brasil e estudou no Liceu de Laranjeiras até 1860, altura em que a família se mudou para Portugal, inicialmente para Joane e depois para Vila Nova de Famalicão. Completou a instrução primária no Liceu Nacional do Porto em 1862. Em 1866 ingressou na Universidade de Coimbra concluindo Matemática e Filosofia em 1875.

Em 1877 foi nomeado lente substituto da cadeira de Agricultura na Faculdade de Filosofia da Universidade de Coimbra. Em 1880 tornou-se professor catedrático e passou a lecionar Geologia e a partir de 1883 regeu as cadeiras de Física. Em 1886 ficou responsável pela cadeira de Antropologia, criada pela sua iniciativa.

Em 1882 casou-se com Elzira Dantas Gonçalves Pereira. Esta data marcou igualmente o inicio da sua carreira política, eleito deputado pelo Partido Regenerador em Lamego. Voltou a ser eleito em 1884-1887 pelo círculo de Coimbra.

A sua atividade foi intensa no final do século: em 1890 presidiu à Academia de Estudos Livres; em 1891-92 tornou-se diretor do Instituto Industrial e Comercial de Lisboa; em 1892 foi nomeado vogal do Conselho de Instrução Pública; presidiu os congressos do Magistério Primário em 1892 e 1897, entre outros.

Durante este período publicou várias obras no âmbito da pedagogia: A Introdução à Pedagogia (1892), O Ensino (1898), O Ensino Primário e Secundário (1899), O Ensino Profissional (1899).

O seu pensamento como educador baseou-se na instrução como forma de garantir a evolução do país. O défice intelectual era a causa dos “males” da nação. O autor criticou duramente o estado do ensino secundário com as disciplinas incapazes de promover a especialização profissional e os métodos dogmáticos.

Para o autor, a distribuição do trabalho dos alunos deveria ser feita de acordo com a idade. O professor deveria ter em conta a vocação de cada aluno, dirigindo o seu trabalho pessoal de desenvolvimento. A autonomia pessoal deveria ser o propósito da escola secundária.

No que respeita à Universidade, Bernardino Machado afirmou que “uma Universidade deve ser escola de tudo, mas sobretudo de liberdade”. O professor deveria disciplinar, mas não escravizar os alunos. O tema liberdade e disciplina marcou o seu pensamento pedagógico: era importante dar às crianças a liberdade de uma atividade física para depois as motivar para o estudo. Para além disso, o professor deveria estar preparado pedagogicamente para lecionar, não bastando apenas o domínio das matérias em questão.

A par desta atividade, integrou o governo entre fevereiro e dezembro de 1893 como Ministro das Obras Públicas, Comércio e Indústria. Bernardino Ribeiro teve igualmente um importante percurso na Maçonaria na Ordem do Grande Oriente Lusitano.

Aderiu ao Partido Republicano Português em 1903, contribuindo para a sua organização enquanto força política e intervindo em várias comunicações públicas. Entre 1906 e 1909 foi eleito membro do Diretório do Partido e Presidente do mesmo. Em 1907, aquando da greve académica, Bernardino Machado esteve ao lado dos estudantes, pedindo a exoneração do seu cargo na universidade.

Após a implantação da república foi escolhido para os Negócios Estrangeiros no Governo Provisório, cargo que desempenhou até 1911. Nesta data foi eleito para a Assembleia Nacional Constituinte e candidato à Presidência da República, tendo perdido para Manuel de Arriaga.

Em 1913 tornou-se o primeiro embaixador português no Brasil. No regresso a Portugal em 1914 foi chamado a resolver a situação de crise política provocada pela demissão de Afonso Costa de Chefe de Governo. Quando se iniciou a Primeira Guerra Mundial, Bernardino Machado encontrava-se a chefiar o governo e teve de decidir o papel de Portugal neste conflito: Portugal só iria intervir quando Inglaterra necessitasse. Esta posição não foi consensual e obteve críticas de vários quadrantes políticos.

O governo acabou por cair em 1915 com a implantação do governo ditatorial do General Pimenta Machado. No entanto, a vitória do Partido Democrático nas eleições legislativas terminou com a ditadura e permitiu a Bernardino Machado vencer as eleições presidenciais.

Em 1916 Portugal foi chamado a intervir no contexto da guerra, aprisionando os navios alemães em águas territoriais, a pedido de Inglaterra. Foi oficialmente declarada guerra e constituiu-se um novo governo que organizou a força expedicionária portuguesa. A forte contestação de todos os setores conduziu ao golpe de Sidónio Pais em 1917. Bernardino Machado exilou-se em Paris.

Após o assassinato de Sidónio Pais em 1918 e tendo declarado abdicar do cargo de Presidente, Bernardino Marchado foi autorizado a regressar ao país em 1919. Seguiram-se anos de enorme instabilidade política e em 1925 venceu as eleições presidenciais, iniciando o seu segundo mandato.

Em 1926 o golpe militar de Manuel da Costa Gomes e Mendes Cabeçadas provocou a queda do governo e do Presidente. Bernardino Machado tornou a ser exilado devido às suas relações com opositores do regime, passando por Espanha e França, onde publicou vários manifestos contra o regime. Só regressou a Portugal em 1940, com residência fixada pelo governo. Faleceu em 1944.

 

 

Fonte principal: Dicionário de educadores portugueses / dir. António Nóvoa. - Porto : ASA, 2003.


MJS


2024/12/19

Instalações para o ensino (1968 a 1972) - Ministério das Obras Públicas - Liceus: Liceu Nacional da Guarda

 

- Liceu Nacional da Guarda -

O Ministério das Obras Públicas concluiu 42 edifícios, no período decorrente de 1968 a 1972, destinados a estabelecimentos dos cursos preparatório, secundário e médio. A título de divulgação, neste post, daremos a conhecer - o Liceu Nacional da Guarda.


(No topo podemos observar a imagem de uma sala de conferências. Em baixo, a fachada da escola)

 

 

(No topo, a imagem de um laboratório de ciências. Em baixo, uma imagem de uma sala de convívio e a ficha técnica com a identificação da escola, a dimensão da área coberta, a dimensão da superfície de pavimentos, o custo total das instalações, a data de conclusão da obra, a população escolar e a discriminação das dependências)

 

 

Ministério das Obras Públicas (1973). Novas Instalações para o ensino construídas entre

1968 e 1972. Lisboa: Direcção-Geral das Construções Escolares.

 

 

P. M. 

 

2024/12/16

Peça do mês de dezembro/2024

 

(Imagem de um termoscópio duplo de Looser retirada do Museu Virtual da Educação)


Termoscópio duplo de Looser


Instrumento utilizado em contexto das práticas pedagógicas de Física para a realização de experiências sobre as leis da calorimetria (dilatação dos corpos, condução do calor, calor produzido por compressão, etc.). O termoscópio duplo de Looser é constituído por uma base retangular em madeira, de onde se eleva uma placa em madeira de forma recortada, no centro da qual está uma dupla escala graduada de 0 a 30 cm, sobre fundo branco. Esta dupla escala permitia a observação da subida ou descida do líquido contido nas colunas. Entre as duas réguas da escala, descem dois tubos de vidro que, no topo, têm um pequeno depósito com rolha perfurada e atravessada por outro tubo mais estreito. Esses tubos (manómetros) eram cheios de líquido colorido. Ao chegar à base, os tubos curvam ligeiramente, subindo até um pouco abaixo do topo dos tubos centrais. Estes tubos laterais, a meia altura, formam um pequeno depósito acima do qual existem aberturas em forma de bico. Ambos são abertos no topo, podendo ser fechados através de acessórios, também em vidro. Os tubos estão presos à placa de madeira através de anilhas.

A peça está inventariada com o número ME/402047/101 e pertence ao espólio museológico da Escola Secundária Latino Coelho.


 MJS



2024/12/12

Instalações para o ensino (1968 a 1972) - Ministério das Obras Públicas - Liceus: Liceu Nacional de Cascais, São João do Estoril

 

- Liceu Nacional de Cascais, S. João do Estoril -

O Ministério das Obras Públicas concluiu 42 edifícios, no período decorrente de 1968 a 1972, destinados a estabelecimentos dos cursos preparatório, secundário e médio. A título de divulgação, neste post, daremos a conhecer - o Liceu Nacional de Cascais, S. João do Estoril, Cascais.


(No topo pode observar-se o átrio de entrada. Em baixo, a imagem da fachada da escola)

 

 

(No topo, a imagem de um laboratório. Em baixo, uma imagem de outro laboratório com instrumentos mais modernos e a ficha técnica com a identificação da escola, a dimensão da área coberta, a dimensão da superfície de pavimentos, o custo total das instalações, a data de conclusão da obra, a população escolar e a discriminação das dependências)

 

 

Ministério das Obras Públicas (1973). Novas Instalações para o ensino construídas entre

1968 e 1972. Lisboa: Direcção-Geral das Construções Escolares.

 

 

P. M. 

 

2024/12/09

Educadores Portugueses dos séculos XIX e XX: Bento de Jesus Caraça (1901 – 1948)

 

(Imagem do autor retirada da internet)
 

Bento de Jesus Caraça nasceu a 18 de abril de 1901 em Vila Viçosa, filho de João António Caraça e de Domingas Espadinha, trabalhadores rurais. Aprendeu a ler e a escrever com um dos trabalhadores, tendo a concluído a instrução primária em 1911. Frequentou o curso liceal no Liceu de Santarém e terminou –o no Liceu de Pedro Nunes em Lisboa em 1918.

Em 1923 licenciou-se no Instituto Superior do Comércio e em 1924 foi nomeado Primeiro Assistente. Em 1927 ascendeu a professor extraordinário e em 1929 a professor catedrático de Matemáticas Superiores.

Apoiou a Universidade Popular Portuguesa desde a sua fundação, em 1919, e integrou o seu Conselho Administrativo. Em 1936 fundou o Núcleo de Matemática, Física e Química com outros doutorados nesta área. Em 1938, juntamente com Mira Fernandes e Beirão da Veiga, fundou o Centro de Estudos de Matemáticas Aplicadas à Economia, do qual foi presidente até 1946.

Em 1940 foi criada a Gazeta da Matemática em colaboração com António Aniceto Monteiro, Hugo Batista Ribeiro, José da Silva Paulo e Manuel Zaluar Nunes. No ano seguinte, surgiu a Biblioteca Cosmos dedicada à divulgação de livros científicos e culturais. Foi aqui que publicou a obra Conceitos Fundamentais de Matemática, que alterou a abordagem da história da Matemática.

Após a implantação do Estado Novo, Bento de Jesus Caraça envolveu-se em várias atividades políticas antifascistas. Foi membro do Movimento de Unidade Nacional Antifascista- MUNAF, criado em 1943 e presidente do Movimento de Unidade Democrática- MUD, criado em 1945.

Entre 1943 e 1944 foi presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática juntamente com Aureliano de Mira Fernandes. Em 1946 foi preso pela PIDE e afastado do ensino.

Bento de Jesus Caraça denunciou alguns problemas do sistema de ensino da matemática como a extensão dos programas e das matérias lecionadas. Lutou pelo acesso de todos à cultura e à educação. Um dos seus escritos mais marcantes foi a conferência de 1933, A cultura integral do indivíduo, onde refletiu sobre cultura, sabedoria, liberdade e civilização.

 


Fonte principal: Dicionário de educadores portugueses / dir. António Nóvoa. - Porto : ASA, 2003.


MJS


2024/12/05

Instalações para o ensino (1968 a 1972) - Ministério das Obras Públicas - Liceus: Liceu Nacional de Bragança

 

- Liceu Nacional de Bragança -

O Ministério das Obras Públicas concluiu 42 edifícios, no período decorrente de 1968 a 1972, destinados a estabelecimentos dos cursos preparatório, secundário e médio. A título de divulgação, neste post, daremos a conhecer - o Liceu Nacional de Bragança.


(No topo pode observar-se a fachada da escola. Em baixo, uma vista dos pavilhões.)

  

 

(No topo, a imagem de um laboratório. Em baixo, uma imagem de um pavilhão e a ficha técnica com a identificação da escola, a dimensão da área coberta, a dimensão da superfície de pavimentos, o custo total das instalações, a data de conclusão da obra, a população escolar e a discriminação das dependências)

 

 

Ministério das Obras Públicas (1973). Novas Instalações para o ensino construídas entre

1968 e 1972. Lisboa: Direcção-Geral das Construções Escolares.

 

 

P. M. 

 

2024/12/02

Educadores Portugueses dos séculos XIX e XX: Faria de Vasconcelos (1880 – 1939)

 


(Imagem do autor retirada da internet)

 

António de Sena Faria de Vasconcelos Cabral Azevedo nasceu em Castelo Branco a 2 de março de 1880, filho de Luís Cândido de Faria e Vasconcelos, licenciado em direito e delegado do Procurador Régio e de Maria Rita de Sena Belo de Vasconcelos.

Foi aluno do Colégio do Espírito Santo de Braga até 1895 e posteriormente licenciou-se em Direito na Universidade de Coimbra em 1901 com a tese O Materialismo Histórico e a Reforma Religiosa do Século XVI.

Em 1902 publicou a obra O Ensino Ético-Social das Multidões, em que sustentou a teoria de que as sociedades modernas se encontravam debilitadas, sendo necessária uma nova educação moral e científica, através da educação.

Desde cedo se interessou pela vertente pedagógica e educativa como forma de transformação social. Nesse sentido, frequentou a Universidade Nova de Bruxelas onde obteve o grau de Doutor em Ciências Sociais em 1904 com a tese Esquisse d’une Théorie de la Sensibilité Sociale. Entre 1904 e 1914 foi regente de Psicologia e Pedagogia no Instituto de Altos Estudos.

Faria de Vasconcelos aderiu ao movimento da Escola Nova, cujo núcleo mais ativo se situava no Instituto Jean-Jacques Rousseau. Em 1912, o educador fundou a Escola de Bierges em Bruxelas, cuja experiência foi relatada na obra Une École Nouvelle en Belgique publicada em 1915. Nesta escola cumpriram-se 28,5 dos 30 princípios da escola nova, de acordo com o Bureau International des Écoles Nouvelles.

Devido à eclosão da Primeira Guerra Mundial, o pedagogo mudou-se para Genève em 1914 onde exerceu funções docentes no Instituto jean-Jacques Rousseau. Mais tarde, realizou um trabalho de destaque em Cuba (1915-1917) e na Bolívia (1917-1920) que se estendeu a toda a América Latina através da obra Didactica de la Escuela Nueva.

Em 1921 regressou a Portugal e passou a exercer o cargo de professor de Pedagogia na Escola Normal Superior. Foi cofundador do Grupo Seara Nova, tendo participado ativamente na revista Seara Nova, na Educação Popular e n’ A Batalha.

Tornou-se Assistente da Faculdade de Letras de Lisboa em 1922 e publicou alguns artigos sob o título Bases para a Solução dos Problemas da Educação Nacional que estruturaram a reforma da educação de João Camoesas.

Empenhou-se na organização da Universidade Popular Portuguesa, fundada em 1919 por Ferreira de Macedo. Em 1924 publicou a obra Lições de Psicologia Geral e em 1925 fundou o Instituto de Orientação Profissional em Lisboa.

Em 1931 envolveu-se na organização do Instituto Dr. Navarro de Paiva em articulação com o Instituto de Reeducação Mental e Pedagógica. O Instituto destinava-se a jovens do sexo masculino entre os 9 aos 16 anos que seriam úteis à sociedade através de uma reeducação e da prática de um ofício adequado.

Seria interessante relembrar o artigo publicado neste blogue sobre Faria de Vasconcelos e o seu respetivo espólio bibliográfico e arquivístico, em 2011.

 


Fonte principal: Dicionário de educadores portugueses / dir. António Nóvoa. - Porto : ASA, 2003.


MJS