2012/06/20

Tratamento documental de manuais escolares - Os pressupostos adotados pela Direção de Serviços de Documentação e de Arquivo do Ministério de Educação e Ciência


(Imagem de vários livros abertos e sobrepostos)

 

A Lei n.º 47/2006 de 28 de Agosto, alínea b, artigo 3.º descreve o manual escolar como um recurso didático-pedagógico relevante, ainda que não exclusivo, do processo de ensino e aprendizagem, concebido por ano ou ciclo. Constitui um instrumento de apoio ao trabalho autónomo do aluno que visa contribuir para o desenvolvimento das competências e das aprendizagens definidas no currículo nacional para o ensino básico e para o ensino secundário, apresentando informação correspondente aos conteúdos nucleares dos programas em vigor, bem como propostas de atividades didáticas e de avaliação das aprendizagens, podendo incluir orientações de trabalho para o professor.

 

“O manual escolar desempenha uma função central no processo educativo, quer pelo seu papel de mediador entre o currículo prescrito e o currículo programado e planificado, quer pela sua função de legitimação cultural que veicula uma dada informação […].”(Viseu, 2009:3178)

 

A par da referida lei, Viseu (2009:3178) sublinha que a essência do manual escolar restringe-se a processos educativos e, acima de tudo, é o mediador entre a lei e a informação. A Secretaria-Geral do Ministério da Educação e Ciência, nomeadamente, a Direção de Serviços de Documentação e Arquivo (DSDA), reconhece a importância da gestão do património bibliográfico, arquivístico e museológico da educação (BAME) que se encontra à sua guarda.

 

Tecnicamente, este património tem vindo a ser tratado de uma forma integrada, ou seja, cada tipologia documental é perspetivada no seu espaço sociocultural e, desta forma, tratado numa conjetura recíproca - o manual escolar não é perspetivado per si mas em correlação com os fundos documentais existentes – tendência biblioteconómica à qual as regras de catalogação estão a dar alguma importância, sobretudo as ISBD(A).[1]

 

Todos os fundos documentais existentes na DSDA possuem manuais escolares, não obstante, esta documentação mantém-se integrada nos espólios respetivos, o que facilita as pesquisas browsing e, acima de tudo, respeita a integridade da documentação (i.e. reconstrução de coleções, fundos, estudos locais, personalidades, etc.). Destacam-se os seguintes fundos detentores de manuais escolares:

§  Bibliotecas e Museu do Ensino Primário;

§  Ministério da Instrução Pública;

§  Grupo de Trabalho do M.E. para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses;

§  Construções Escolares;

§  Gabinete de Estudos e Planeamento;

§  Bibliotecas populares;

§  Fundo Geral;

§  António Ginestal Machado;

§  Faria Vasconcelos;

§  José Baptista Martins;

§  Escola Ferreira Borges;

§  Escola Marquesa de Alorna;

§  Escola Rodrigues Sampaio;

§  Escolas Secundária David Mourão Ferreira;

§  Instituto António Aurélio da costa Ferreira.

 

Atendendo à necessidade de reintegrar os manuais escolares no contexto da história da educação, a DSDA adota uma definição formal para o tratamento documental desta documentação:

 

“Adotámos a designação de ‘manual escolar’ porque se trata de livros manuseáveis […], albergam saberes básicos essenciais e porque esses saberes que se transmitem nos manuais são parte de uma matéria ou disciplina do currículo escolar.” (Santos, 2006)

 

A definição anterior remete para o conceito de manual escolar enquanto conteúdo, embora existam várias formas para estudar este material didático na perspetiva catalográfica:

§  Antologias - coleção de trabalhos escolares (compêndio);

§  Guia do professor;

§  Guia do aluno;

§  Literatura adjuvante (ex.: silabários, atas escolares, etc.);

§  Estudos de caso – estudos específicos sobre educação.

 

O conceito de manual escolar, em si mesmo, poderá apresentar uma aceção restrita ou lata. Segundo entendemos, a noção conveniente às boas práticas BAME deverá ser abrangente às cinco alíneas anteriores. Esta prática apresenta resultados tanto ao nível da catalogação como da indexação, classificação e pesquisa final.

 

Este património bibliográfico, como o entende a DSDA, tem uma dimensão museológica, não só devido às suas encadernações, design, formato, mas também devido às suas ilustrações. Destacamos, assim, alguns artistas de renome que ilustraram os manuais escolares portugueses, tais como Almada Negreiros, Dário Sousa Rodil, Calvet de Magalhães, Raquel Roque Gameiro, etc.

 

Todos estes elementos são objeto de estudo, na verdade, a DSDA detém uma Biblioteca Histórica da Educação que visa a excelência no tratamento e, consequentemente, na sua disseminação. Como tal, todos os dados referentes a notas gerais (i.e. portarias, adendas, etc.), ilustradores e coautores não são omissos.

 

Nesta linha de exegese, a própria classificação e/ou indexação dos manuais escolares obedece a regras estritamente rígidas; as notações seguem a seguinte hierarquia semântica:

1.        Área do conhecimento;

2.        Tipologia;

3.        Grau de ensino;

4.        Nome geográfico (usado como assunto).

 

Esta classificação pré-coordenada ajudar-nos-á a cruzar pesquisas entre os diversos descritores (Thesaurus Europeu do Sistema Educativo).

 

 

BIBLIOGRAFIA  RECOMENDADA:

 

CARVALHO, Maria da Graça Serreira pena (2010). O manual escolar como objecto de design [on-line]: Tese apresentada às Faculdade de Auquitectura da Universidade Técnica de Lisboa para a obtenção do grau de Doutor em design

<http://www.repository.utl.pt/bitstream/10400.5/2791/1/Tese%20vol.1%20CD.pdf> [Consulta: maio 2012

 

 

COSTA, Fernando Monteiro da (2010). Da Capo al Coda, manualística de Educação Musical em Portugal (1967-2004): configurações, funções, organização [on-line]: Tese de doutoramento em História, Faculdade de Letras Universidade do Porto, 2010

<http://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/51228/2/tesedoutfernandocosta000116641.pdf> [Consulta: maio 20129

 

 

MAGALHÃES, Justino (2006). O manual escolar no quadro da história cultural, para uma historiografia do manual escolar em Portugal [on-line]:  Sísifo. Revista de Ciências da Educação; Vol. 1 (2006), p. 5-14

<http://sisifo.fpce.ul.pt/pdfs/01-Justino.pdf> [Consulta: Maio 2012]

 

 

PANEK, Bernadette (2006). Livro de artista: uma integração entre poetas e artistas [on-line]: Anais, IV Fórum de pesquisa científica em arte, Escola de Música e Belas Artes do Paraná. Curitiba, 2006

<http://www.embap.pr.gov.br/arquivos/File/anais4/bernadette_panek.pdf> [Consulta: maio 2012

 

 

RIBEIRO, Ângelo (2005). A imagem da imagem da obra de arte no uso dos manuais de Educação Visual [on-line]: Tese de Mestrado Educação, Tecnologia Educativa, Julho 2005

http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/3961/1/A%20imagem%20da%20imagem%20da%20arte%20no%20uso%20dos%20manuais%20de%20Educa%C3%A7%C3%A3o%20Vi.pdf > [Consulta: maio 2012]

 

 

SANTO, Esmeralda Maria (2006). Os manuais escolares, a construção de saberes e a autonomia do aluno, auscultação a alunos e professores [on-line]: Revista Lusófona de Educação; Vol. 8 (2006), p. 103-115

<http://www.scielo.oces.mctes.pt/pdf/rle/n8/n8a07.pdf> [Consulta: maio 2012]

 

 

SANTO, Esmeralda Maria (2006). “Os manuais escolares, a construção de saberes e a autonomia do aluno : auscultação a alunos e professores “[on-line]: Revista Lusófona de Educação; N.º 8 (2006), p. 103-115

< http://www.scielo.oces.mctes.pt/pdf/rle/n8/n8a07.pdf> [Consulta: junho 2012]

 

 

VISEU, Floriano (2009). O manual escolar na prática docente do professor de matemática [on-line]: Actas do X Congresso Internacional Galego Português de Psicopedagogia. Braga: Universidade do Minho, 2009

 

 

PM

 



[1] International Standard Bibliographic Description for Older Monographic Publications (Antiquarian).


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