2008/06/16

O Património Museológico no VII Congresso Luso-Brasileiro de História da Educação

Com a comunicação “Inventário e Digitalização do Património Museológico da Educação – Um projecto de preservação e valorização do património educativo”, a equipa do Projecto da Secretaria-Geral (Fernanda Gonçalves, Maria João Mogarro, Jorge Casimiro e Inês Oliveira) irá participar no VII Congresso Luso-Brasileiro de História da Educação, que se realiza na Universidade do Porto nos dias 20, 21, 22 e 23 de Junho de 2008, sob o tema Cultura Escolar, Migrações e Cidadania e no qual estão inscritas centenas de professores e investigadores portugueses e brasileiros.Este Congresso realiza-se de dois em dois anos e agora é a vez da capital do Norte de Portugal acolher o evento, depois de este se ter realizado sucessivamente em Lisboa, S. Paulo, Coimbra, Porto Alegre (Rio Grande do Sul), Évora e Uberlândia (Minas Gerais). Ao longo destes anos, as relações entre as comunidades científicas, académicas e educativas portuguesa e brasileira têm-se aprofundado de forma significativa, através de projectos de cooperação e investigação e de laços profundos, que se expressam num diálogo muito profícuo e na produção de trabalhos comuns. Os Congressos Luso-Brasileiros são momentos altos deste intercâmbio privilegiado, no espaço da lusofonia.Um dos campos que mais se tem desenvolvido no Brasil e em Portugal é relativo às questões do património educativo e da cultura escolar, em que se integra o projecto, desenvolvido no âmbito da Secretaria-Geral, sobre o Património Museológico da Educação. Esta comunicação vai dar visibilidade ao valioso património das escolas portuguesas e do Ministério da Educação, assim como ao trabalho e produtos que têm vindo a ser desenvolvidos nos últimos anos para a sua preservação, valorização e divulgação. Estão previstas Mesas Coordenadas sobre o tema, sendo assim possível conhecer iniciativas de natureza idêntica que ocorrem nos dois lados do Atlântico, trocar informações e experiências, analisar problemas comuns, definir procedimentos e formas de difusão.

O Projecto “Património Museológico da Educação” participa em Jornadas espanholas sobre Museus Pedagógicos Virtuais

O Projeto “Inventário e Digitalização do Património Museológico da Educação” foi um dos grupos participantes nas Jornadas “Los Museos pedagógicos virtuales: la difusión como instrumento de patrimonialización de los fondos educativos”, que se realizaram na Universidade de Vic, Barcelona, Espanha, no dia 9 de Junho de 2008, tendo estado representado por Maria João Mogarro. O convite partiu da comissão organizadora, que desenvolve o Projecto MUVIP- Museu Universitari Virtual de Pedagogia, tendo também participado no evento as equipas que se dedicam a atividades semelhantes nas Universidades de Murcia, Sevilha, Complutense de Madrid, Oberta de Catalunya e o grupo de investigação da própria Universidade de Vic, coordenado por Eulàlia Collelldemont Pujadas.


A conferência inaugural foi sobre “A criação do património digital”, tendo sido proferida por Gloria Munilla (Universitat Oberta de Catalunya) e, ao longo do dia, debateram-se temas em torno dos seguintes eixos temáticos: os museus virtuais da educação como pedagogia e as suas potencialidades para a investigação e a formação; as possibilidades didáticas destes museus, como recurso para várias disciplinas e áreas transdisciplinares; a gestão do património educativo, nomeadamente do património intangível nos museus virtuais. No conjunto do debate, realçou-se ainda a distinção entre o património real e o património digitalizado, que assume uma especificidade própria, independente do primeiro, assim como as preocupações comuns pela preservação e valorização dos bens patrimoniais como fator de coesão e identidade das comunidades. Os vários grupos apresentaram o trabalho desenvolvido nos últimos tempos, tendo sido apresentadas as atividades do Projeto “Inventário e Digitalização do Património Museológico da Educação”, os seus produtos e os acessos eletrónicos que possibilitam a consulta do MatrizWeb e demais exposições. No final, realçando a pertinência da iniciativa e a excelente receção aos participantes, reafirmou-se a necessidade de manter os contactos entre os vários grupos e aprofundar a troca de informações e experiências neste domínio.

2008/06/14

Património Museológico da Educação

Um olhar sobre o património museológico da educação


Tema da exposição de materiais didáticos, científicos e artísticos da Educação, que esteve patente nas montras do Ministério durante o mês de Março, e que está a percorrer, numa versão itinerante, as escolas secundárias que integram o projeto Inventário e Digitalização do Património Museológico da Educação, até 4 de Julho.

Estas escolas situam-se nas áreas das Direções Regionais de Educação de Lisboa e Vale do Tejo (DRELVT), Centro (DREC) e Alentejo (DREALENT).

A exposição itinerante, composta por painéis e projeção de um powerpoint, procura ilustrar a história do ensino secundário em Portugal ao longo dos últimos dois séculos, através de imagens antigas e actuais de cada uma dessas mesmas escolas e de peças com interesse museológico nelas existentes, simultaneamente testemunhos do património e da memória de cada instituição escolar e contributos valiosos para a construção da respetiva identidade.

O projeto é coordenado e dinamizado pela Secretaria-Geral do Ministério da Educação.


Escolas e datas previstas para acolherem a exposição

Escolas da DREALENT:- Esc. Sec. Gabriel Pereira (Évora) – 31 de Março a 4 de Abril
- Esc. Sec. Mouzinho da Silveira (Portalegre) – 7 a 11 de Abril
- Esc. Sec. Diogo de Gouveia (Beja) – 14 a 18 de Abril

Escolas da DRELVT:- Esc. Sec. de Bocage – 21 a 26 de Abril (Setúbal)
- Esc. Sec. Passos Manuel – 28 de Abril a 2 de Maio
- Esc. Sec. Pedro Nunes – 5 a 9 de Maio
- Palácio Valadares (ex-Esc. Sec. Veiga Beirão) – 16 de Maio ( no evento realizado pela Secretaria-Geral para assinalar o Dia Internacional dos Museus)

Escolas da DREC:- Esc. Sec. Avelar Brotero (Coimbra) – 19 a 23 de Maio
- Esc. Sec. Campos Melo (Covilhã) – 26 a 30 de Maio
- Esc. Sec. José Estêvão (Aveiro) – 2 a 6 de Junho

Escolas da DRELVT:- Esc. Sec. Jácome Ratton (Tomar) – 6 a 12 de Junho
- Esc. Sec. Gil Vicente – 16 a 20 de Junho
- Esc. Sec. D. Leonor – 23 a 27 de Junho

- Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa – 27 Junho a 4 de Julho



2008/06/09

BAME nas Escolas

Inventário Museológico da Escola Secundária de D. Dinis



O processo de inventariação do património museológico da Escola Secundária de D. Dinis incidiu sobre objetos existentes nos laboratórios de Física, Química, Ciências Naturais, salas de Matemática, Geografia, Têxteis, e na Biblioteca.

Após consultados os inventários administrativos realizados pelos responsáveis de cada departamento, os objetos foram observados por forma a avaliar o respetivo interesse museológico e a averiguar a pertinência da sua inventariação. Selecionadas as peças, foram retiradas dos seus locais de origem, montadas em espaço próprio, identificadas, fotografadas, medidas e etiquetadas com números de inventário.
A informação assim recolhida foi sendo inserida no programa informático de inventariação museológica Matriz, ficando grande parte dela acessível ao público através do MatrizWeb. Por peça inventariada, cada ficha Matriz exige o preenchimento de 26 campos obrigatórios.
Recorreu-se frequentemente à Internet para pesquisar informação que pudesse ser utiliza
da na descrição dos objetos.

Objetos inventariados:
Peças inventariadas - Fichas: 2472; Imagens: 2082
Fichas inseridas no Matriz - Fichas: 2451; Imagens: 3100
Fichas inseridas no MatrizWeb - Fichas/Imagens: 1045*
* Por razões técnicas, o MatrizWeb só disponibiliza, atualmente, imagens de 145 peças.


2008/06/05

BAME nas Escolas



A perceção da importância da gestão do património da educação existente nas escolas por parte da Secretaria-Geral do Ministério da Educação, aliada à necessidade de gerir e planear a sua utilização futura, tornou prioritário o desenvolvimento e implementação de um Projeto que contribuísse para a sua divulgação ao cidadão.

Foi para responder a esta necessidade que, em Abril de 2007, teve início o Protocolo de colaboração entre a Parque Escolar, EPE e a Secretaria-Geral, de que resultou a criação do projeto BAME (Bibliotecas, Arquivos e Museus da Educação) nas escolas, que visa:

  • Identificar as necessidades de intervenção nas áreas bibliográfica, arquivística e museológica nas escolas intervencionadas e os indicadores de desempenho relevantes para as várias partes interessadas no património da educação.
  • Aumentar a qualidade dos produtos e serviços de informação disponibilizados à comunidade escolar e ao cidadão.
  • Contribuir para o desenvolvimento sustentado e continuado da gestão do património da educação através da disponibilização em vários suportes de informação histórica e corrente.
Áreas de Intervenção e fases principais

O principal pilar metodológico do BAME reside na conceção, desenvolvimento, implementação e reflexão em torno de um Modelo Integrado de inventariação e tratamento da informação, bem como a necessária avaliação dos resultados decorrentes da sua aplicação.
Consideraram-se as seguintes áreas de intervenção:
  • Arquivo Intermédio, corrente e histórico
  • Objetos e peças com valor museológico
  • Coleções bibliográficas com valor histórico.

O BAME nas escolas desenvolve-se em 4 fases principais:

  1. Preparação da estratégia de intervenção para cada escola nas áreas documentais e museológica
  2. Avaliação, inventariação e tratamento da documentação. Formação às equipas nas escolas
  3. Divulgação nas bases de dados SIBME, ArqHist e MatrizWeb
  4. Avaliação dos resultados. São apresentados e analisados os resultados obtidos, sugerindo-se recomendações finais para diversas áreas de atuação futura.

Critérios e métodos de avaliação

1.º Contexto da intervenção: Abordagem centrada na documentação bibliográfica.
- Implica o estudo bibliométrico das coleções mais antigas existentes nas escolas, inventariando e disponibilizando os fundos com valor histórico.
Impactes previstos: Criação de um catálogo único das obras mais antigas existentes nas escolas, alargando o conhecimento dos fundos dispersos.
Útil pela complementaridade à Rede de Bibliotecas Escolares.

2.º Contexto da intervenção: Abordagem centrada no desenvolvimento de competências na equipa dos serviços administrativos nas escolas.
- Implica a realização de ações de sensibilização/formação (de curta duração) sobre como atuar face aos documentos de arquivo produzidos, permitindo uma melhor gestão da informação corrente (em papel e em formato digital).
Impactes previstos: Melhor gestão dos arquivos (intermédio e corrente) em estreita articulação com a política arquivística do ME. A Secretaria-Geral presta ainda serviços de apoio por solicitação das escolas.

3.º Contexto da intervenção: Abordagem arquivística.
- Implica uma avaliação pormenorizada da documentação e a sua transferência para outros suportes (microfilmagem e digitalização), libertando espaços nos serviços administrativos. A aplicação generalizada da portaria para a documentação nas escolas permite a eliminação segura de documentos sem necessidade da sua conservação permanente.
Impactes previstos: Se aplicada numa lógica de Arquivo Central (com sucesso nalguns estudos), apresentará resultados esclarecedores sobretudo em termos do impacte nas necessidades do cidadão ao longo do seu percurso escolar e profissional.
A disponibilização dos registos arquivísticos com valor histórico online é um valor acrescentado deste tipo de intervenção.

4.º Contexto da intervenção: Abordagem museológica.
-
Implica o estudo e avaliação das diferentes peças e objetos de natureza técnica, científica ou cultural, inventariando todos os que possuírem reconhecido valor museológico.
Impactes previstos: A sua divulgação na base de dados MatrizWeb permite constituir pela primeira vez um repositório das peças museológicas escolares existentes no país.


2008/05/01

Património Bibliográfico













Nova Escola para Aprender a Ler, Escrever e Contar


Manuel de Andrade de Figueiredo







Segundo Rogério Fernandes, a “revolução” pedagógica do séc. XVIII, tem como uma das manifestações mais interessantes da “influência jesuítica”, relativamente “às conceções fundamentais e moldes de organização escolar”, (p. 41), a obra com o título Nova Escola para aprender a ler, escrever e contar, da autoria de Manuel de Andrade de Figueiredo, datada de 1772.

Dividida em quatro “classes” ou “tratados”, a Nova Escola ocupava-se da iniciação à leitura, caligrafia, ortografia e aritmética, abordando também aspetos mais gerais, como a escolha de professores pelos pais de família, a recusa do método global e a defesa do método silábico, pois “na formação das sílabas consistiria o principal e o maior trabalho do menino” (Fernandes, p.44).

Um aspeto significativo referia-se aos castigos. Figueiredo considerava que “o castigo não se encobre com o amor, pois o mesmo Deus aos que ama castiga. E o castigo se é demasiado parece tirania, se proporcionado é remédio”. Deste modo, condenava os excessos, mas entendia que “a vara e correção são as que dão a sabedoria ao menino” (Figueiredo, p.5).
Andrade de Figueiredo sublinhava a grande importância social da educação – as “qualificações dos súbditos, assegurava sem hesitações, provêm da sua aplicação enquanto meninos e do ensino dos mestres”. Ele próprio Mestre, conhecia as deficiências do professorado e “atribuía à impreparação metodológica dos docentes o facto de os discípulos penarem longamente nas escolas sem aprenderem a ler” (idem, p.44).

Figueiredo defende a elevada dignidade de ensinar e exigia aos mestres uma personalidade moral de exceção, desejando que estes “possuíssem todos os requisitos indispensáveis” (Fernandes, p.42). O seu contributo vai neste sentido e a “Nova Escola é, por isso mesmo, a obra pedagógica portuguesa do século 18 que mais diligencia inserir-se na realidade escolar, na medida em que pretende constituir um ponto de apoio para o docente” (Fernandes, p.46).
Uma edição fac-similada e restrita desta obra, de 1973, afirma que ela é o “mais belo e célebre livro português sobre o ensino da leitura e da escrita bem como da arte da caligrafia”.























Ficha bibliográfica

Figueiredo, Manuel de Andrade de, 1670-1735
Nova Escola para aprender a ler, escrever, e contar... primeira parte / por Manoel de Andrade de Figueiredo, Mestre desta Arte nas cidades de Lisboa Occidental, e Oriental. - Lisboa Occidental : na Officina de Bernardo da Costa de Carvalho, impressor do Serenissimo Senhor Infante, 1722. - [18], 156 p., 44 f. gravadas a buril : il. ; 2º (31 cm)
Cópia digital (Biblioteca Nacional de Portugal)


Bibliografia

Fernandes, Rogério (1978). O pensamento pedagógico em Portugal. Lisboa: Instituto de Cultura Portuguesa/ Secretaria de Estado da Cultura (Biblioteca Breve), pp. 41-46.
Figueiredo, Manuel de Andrade de, Nova Escola ... Edição da Livraria Sam Carlos, Lisboa, [1973] 24x33 cm. XXIV-156-I págs. e 47 gravuras. Edição fac-similada. Restrita edição de 1100 exemplares numerados e assinados pelo editor.

Património Arquivístico




Actas do Conselho Superior de Instrução Pública






As Actas do Conselho Superior de Instrução Pública constituem uma série documental que faz parte dos fundos arquivísticos, à guarda da Secretaria-Geral do Ministério da Educação.

O Conselho Superior de Instrução Pública, criado em 1835, foi um Órgão a quem estava cometida a direcção da educação e instrução pública, o provimento de lugares de instrução pública, o governo e inspecção das escolas, as estatísticas escolares.

Os assuntos relacionados com estas actividades eram tratados nas sessões realizadas e, devidamente registados em actas. Estas actas são documentos manuscritos que se debruçam sobre os diferentes graus de ensino (criação de escolas ou de cadeiras) e aspectos relacionados com assuntos de pessoal (exoneração e jubilação de professores), só para dar dois exemplos.

A diversidade dos assuntos tratados constitui uma fonte de informação importante para os investigadores que se ocupam da História da Educação em Portugal.