2023/07/31

Exposição virtual: "Arquitetura: do Românico ao Barroco"

 

Nesta exposição, que inclui imagens parietais, são representados os vários estilos arquitetónicos, para visualização e aprendizagem em História da Arte.

O Românico foi o primeiro estilo artístico da Cristandade Ocidental, congregando elementos romanos, germânicos, bizantinos, islâmicos e arménios. Devido ao importante papel desempenhado pela Igreja, privilegiou-se a construção de edifícios religiosos como mosteiros, igrejas ou catedrais. A planta era normalmente composta por três a cinco naves e o estilo acentuadamente defensivo. A arte deste período é indissociável da religião cristã, pedagógica, com figuras lineares e sem perspetiva.

O Gótico afirmou-se na Europa dos séculos XII a XIV e teve uma estética de elevação espiritual, caracterizando-se pela construção de catedrais: uso do arco ogival, da abóbada de nervuras cruzadas e dos contrafortes. A planta adota a cruz latina, com três naves. A arte continua a representar temas da Bíblia, com uma função de ensino dos fundamentos do Cristianismo. Surge uma inovação neste período que foi o uso do vitral.

O Renascimento surgiu no século XV prolongando-se até ao século XVII, retomando a arquitetura da Antiguidade Clássica: a busca da perfeição e da harmonia, a disposição ordenada dos elementos, os arcos de volta perfeita, a utilização da perspetiva e da proporção e a presença de aspetos humanistas. As artes tornam-se independentes da arquitetura. São construídas igrejas, catedrais, palácios e fortalezas.

O Barroco apareceu em finais do século XVII, com a consolidação das monarquias absolutas. Tinha como características a representação realista, a procura do movimento, os contrastes luminosos e o gosto pelo teatral. Continuaram-se a construir igrejas e palácios, com traçados geométricos, dinâmicos e formas curvas e ovais, abandonando-se os esquemas de composição mais rígidos.


Imagem parietal de arquitetura/Românica

ME/400180/4

Escola Secundária Eng. Acácio Calazans Duarte

Imagem parietal de arquitetura românica utilizada como apoio visual para as matérias de História e História da Arte. Trata-se de uma perspetiva de um claustro, vendo-se quatro colunas com diferentes tipos de capitéis, dos simples, sem decoração, aos vegetalistas e geometrizantes, com elementos entrelaçados. No lado esquerdo, pode observar-se uma igreja românica de três naves, com dois campanários, junto à abside. Na parede do claustro, está patente uma planta cruciforme de igreja românica e mais ao fundo uma abóbada de berço. No chão, do lado direito, destacam-se duas pedras tumulares, emolduradas com motivos florais esculpidos. Ao fundo do claustro destaca-se a arcaria de volta inteira.


Imagem parietal de arquitetura/Românica

ME/400180/5

Escola Secundária Eng. Acácio Calazans Duarte

Imagem parietal de arquitetura românica utilizada como apoio visual para as matérias de História e História da Arte. Trata-se do interior de uma igreja com perspetiva focada na nave central. Lateralmente (em ambos os lados) observam-se colunas monocilíndricas que suportam arcos de volta perfeita. O teto é plano e decorado com frescos. No conjunto destaca-se uma exuberante decoração com frescos iconográficos, policromados, predominando os tons ocre e azul. As personagens inscrevem-se em largas bandas horizontais. No nível superior observam-se janelões com arcos de volta perfeita. Ao fundo, ao centro, vemos o altar-mor e duas representações de Cristo. É notória a influência bizantina em todo o conjunto.


Imagem parietal de arquitetura/Gótica

ME/400180/2

Escola Secundária Eng. Acácio Calazans Duarte

Imagem parietal de arquitetura gótica utilizada como apoio visual para as matérias de História e História da Arte. Trata-se do interior de uma catedral gótica, com perspetiva focada na nave central. À esquerda, observa-se uma sequência de colunas, com base, fuste e capitel, ornadas com estatuária iconográfica, fazendo o suporte ao arcaria em ogiva e respetiva abóbada, com cruzamentos nervurados. Na galeria superior de circulação, observam-se colunatas, vitrais e pequenas rosáceas. Do lado direito, simétrica sequência de colunas e estatuária diferenciada. Ao centro, destaque para a abside profusamente iluminada com vitrais e representação estilizada do altar. No plano inferior, ilustração do pavimento e bancos dispostos simetricamente. Percebe-se, no conjunto, a intenção de realçar a verticalidade das formas, com valorização da altura. Predominam os tons cinza e pedra, já esbatidos.


Imagem parietal de arquitetura/Gótica

ME/400180/7

Escola Secundária Eng. Acácio Calazans Duarte

Imagem parietal de arquitetura gótica utilizada como apoio visual para as matérias de História e História da Arte. Trata-se de uma representação de um conjunto arquitetónico constituído por edifícios civis e religiosos, de estilo gótico, ladeando uma ampla praça. À esquerda, imponente edifício em arcada, aparentemente sede do poder político comunal, a julgar pelas insígnias esculpidas em pedras de armas, formando um friso por cima do arco inferior. Destacam-se arcos em ogiva e pináculos de pedra rendilhada. Ainda à esquerda, mas em segundo plano, outro edifício evidencia idênticos elementos arquitetónicos. Ao centro, em destaque, está representada uma catedral exemplificativa desta nova estética: percebe se a intenção de valorizar a altura; observam-se arcos em ogiva, duas torres encimadas por pináculos, uso de vitrais e pequenas rosáceas. O alçado lateral evidencia arcos botantes. À direita, quatro edifícios completam o conjunto, sendo o primeiro muito mais pormenorizado do que os restantes: cinco pisos com arcos ogivais, vitrais, rosáceas e pináculos. No centro do quadro, em primeiro plano, uma pequena torre concentra todos os elementos arquitetónicos já referidos. Num plano posterior, visualiza-se um casario urbano e, no cimo de um monte, uma representação muito simplificada de uma construção conventual.


Imagem parietal de arquitetura/Renascentista

ME/400180/11

Escola Secundária Eng. Acácio Calazans Duarte

Imagem parietal de arquitetura renascentista utilizada como apoio visual para as matérias de História e História da Arte. Na imagem estão representados alguns edifícios e elementos arquitetónicos do Renascimento bem como da escultura. No lado direito perfilam-se três edifícios civis do Renascimento nórdico, enquanto do lado esquerdo se situam edifícios de aparência italiana. No centro, está representado o monumento equestre a Bartolomeo Colleoni, de Andrea del Verrochio.


Imagem parietal de arquitetura/Renascentista

ME/400180/3

Escola Secundária Eng. Acácio Calazans Duarte

Imagem parietal de arquitetura renascentista utilizada como apoio visual para as matérias de História e História da Arte. Trata-se do interior de uma igreja renascentista, provavelmente o interior da Basílica de S. Pedro em Roma, com perspetiva focada na nave central. À esquerda e à direita, observa-se uma sequência de colunas e arcadas ornadas com baixo-relevo. Na nave central fica em destaque o teto, profusamente trabalhado e pavimento, dando uma sensação de profundidade. Predominam os tons laranja e vermelho da decoração que contrastam com o cinzento esverdeado da pedra utilizada na construção. A arquitetura renascentista retoma o modelo arquitetónico da cruz grega, coroado por uma cúpula, notando-se o abandono da verticalidade das igrejas góticas. Há um maior dinamismo atribuído aos espaços internos e às fachadas.


Imagem parietal de arquitetura/Barroca

ME/400180/6

Escola Secundária Eng. Acácio Calazans Duarte

Imagem parietal de arquitetura barroca utilizada como apoio visual para as matérias de História e História da Arte. Trata-se de uma representação de interior barroco europeu, com colunas de cores diferentes e tetos ricamente decorados, com aplicações em relevos e pinturas, que conferem grande dinamismo e emotividade à imagem. O barroco nasce marcado pela reação da Igreja Católica ao movimento protestante. O desenvolvimento dos regimes absolutistas vai igualmente contribuir para o florescimento deste estilo, caracterizado, em traços gerais, pela monumentalidade das dimensões, opulência das formas e excesso de ornamentação.


Imagem parietal de arquitetura/Barroca

ME/400180/8

Escola Secundária Eng. Acácio Calazans Duarte

Imagem parietal de arquitetura barroca utilizada como apoio visual para as matérias de História e História da Arte. Trata-se de uma representação de vários edifícios e elementos da arquitetura barroca europeia. Ao centro e em primeiro plano observa-se um jardim com uma balaustrada na entrada. Mais ao longe, vê-se outro jardim, de tipologia diferente e mais à direita, numa colina, observa-se uma representação do que parece ser o Mosteiro de Melk, na Áustria, de Jakob Prandtauer. O barroco nasce marcado pela reação da Igreja Católica ao movimento protestante. O desenvolvimento dos regimes absolutistas vai igualmente contribuir para o florescimento deste estilo, caracterizado, em traços gerais, pela monumentalidade das dimensões, opulência das formas e excesso de ornamentação.


MJS



2023/07/27

Educação e Monarquia: D. João VI (1767 – 1826)

 

D. João VI (1767 - 1826), “o Clemente”, era o segundo filho de D. Maria I e de D. Pedro III. Em 1785 casou com D. Carlota Joaquina Teresa Caetana de Bourbon e Bourbon.

Em 1807 foi forçado a exilar-se no Brasil, juntamente com toda a família real, em virtude das Invasões Francesas. A corte chegou ao Brasil em janeiro de 1808.

A falta de infraestruturas para acomodar os membros da família real fez com que D. João tivesse que optar pela criação de várias instituições e serviços públicos, fomentando a economia, a cultura e as artes. Estes avanços foram precisamente a base da premente autonomia do Brasil.

Após um período de regência, com a morte de D. Maria em 1816, D. João foi aclamado rei.

O monarca tinha uma orientação liberal e iluminista e foi auxiliado por vários intelectuais no governo do reino, como foi o caso de D. Rodrigo de Sousa Coutinho. Uma das preocupações foi implementar formas de incrementar o desenvolvimento económico da nação e o seu progresso cultural.

A Sociedade Real Marítima, Militar e Geográfica para o Desenho, Gravura e Impressão das cartas Hidrográficas, Geográficas e Militares, criada em 1798 por D. Maria I, ganhou um elevado destaque com D. João VI. O seu o objetivo era a produção mapas e cartas náuticas de todo o Império. A Casa Literária do Arco do Cego (1789 – 1801) realizava e publicava estudos sobre a agricultura, as manufaturas, as ciências e as artes.


(Imagem de D. João VI retirada da Internet)

A situação em Portugal estava caótica: não havia alimentos, o comércio decaiu e a balança comercial encontrava-se em défice. As tropas francesas humilharam os habitantes e tiveram ações extremamente agressivas. Inglaterra mandou tropas para Portugal para reorganizar o exército e proceder à defesa de pontos estratégicos. A guerra, a fome, a doença e o exílio fez com que Portugal perdesse cerca de 1/6 da população. O general William Beresford tornou-se chefe do exército, mas acabou por ter amplos poderes, reprimindo qualquer revolta liberal. Para tornar esta situação ainda mais angustiante o Brasil abriu os seus portos a todas as nações em 1810 e foi elevado á categoria de reino em 1815.

Esta situação (a ausência do rei, a ineficácia da regência, os problemas económicos e sociais e a difusão das ideias liberais) fizeram com que se desse a Revolução de 1820, ou seja, um pronunciamento militar que teve origem no Porto, mas que se entendeu a Lisboa. O objetivo era eleger Cortes Constituintes e elaborar uma Constituição, como viria a suceder em 1822.

D. João regressou a Portugal em 1821 e jurou a Constituição. Em 1822, D. Pedro, o príncipe herdeiro que tinha ficado no Brasil, declara a independência desta ex-colónia.

Em Portugal, a situação estava marcadamente instável: o infante D. Miguel tentou executar movimentos militares para impor o absolutismo. D. João conseguiu resolver a situação e D. Miguel foi exilado. Em 1826, o rei faleceu e entregou a regência do reino à infanta D. Isabel Maria, em nome de D. Pedro.

A ação educativa e cultural de D. João no Brasil foi absolutamente vital para o desenvolvimento do país: criou a Imprensa Régia, o Jardim Botânico, o Arsenal da Marinha, a Fábrica de Pólvora, o Corpo de Bombeiros. Desenvolveu uma rede de escolas e fundou várias sociedades e academias para estudos literários, artísticos e científicos.

Devido à revolução liberal de 1820, a estrutura do ensino oficial foi profundamente afetada. Nas Cortes de 1821 declarou-se a necessidade de investir no ensino obrigatório e gratuito para todos os cidadãos. No entanto, a Constituição de 1822 não contemplou a obrigatoriedade escolar nem o direito ao ensino.

A organização do ensino em Portugal teve, desde sempre, vários problemas: má distribuição da rede escolar, falta de professores e desinteresse. Os liberais preocupavam-se com a instrução pública pois a escola formava os cidadãos, aptos a cumprir os seus deveres cívicos.

O plano de reforma do ensino surgiu de forma mais clara num folheto publicado por Mouzinho de Albuquerque em 1823. Os Liceus deviam substituir parcialmente os estudos menores. As escolas secundárias formariam alunos para o acesso a lugares na administração e os liceus encaminhariam para a universidade. O currículo incluía latim, grego, lógica e retórica, às quais de juntaram a matemática, a física, a química e línguas estrangeiras. Apesar dos esforços, o plano não passou do papel.

No que respeita à instrução elementar, a revolução liberal prometeu educação generalizada, mas as dificuldades financeiras inviabilizaram o projeto. Entre 1823 e 1834, as escolas particulares foram extintas, bem como muitas escolas públicas devido aos conflitos entre liberais e absolutistas.

Ao nível do ensino artístico, Machado de Castro, que tinha estudado em Mafra, veio para Lisboa em 1770 e aqui organizou a Aula de Escultura de Lisboa. Em 1823 integrou-se na Aula Régia de Desenho em 1836 na Academia.


MJS


2023/07/24

Educação e Monarquia: D. Maria I (1734 – 1816)

 

D. Maria I (1734 – 1816), “a Piedosa”, era filha primogénita de D. José I e de D. Mariana Vitória de Áustria. Casou com o seu tio, D. Pedro III, príncipe consorte, em 1760 e subiu ao trono em 1777.

Ao nível do comércio externo, D. Maria retomou o comércio da rota do cabo, uma vez que Inglaterra e França se encontravam envolvidas nos processos revolucionários. Liberalizou a economia e extinguiu as Companhias do Grão-Pará e Maranhão e de Pernambuco e Paraíba.

Ao nível interno, o Marquês de Pombal foi afastado do governo e os presos políticos foram libertados. Concedeu asilo a vários nobres franceses que fugiram do Terror da Revolução Francesa.

D. Maria fundou várias instituições culturais e de assistência pública: a Academia Real das Ciências de Lisboa e a Academia Real de Marinha (1779), a Casa Pia de Lisboa (1780) e a Real Biblioteca Pública da Corte (1796). A Casa Pia foi verdadeiramente inovadora, uma vez que se destinava à educação de crianças órfãs ou financeiramente muito desfavorecidas. Fez igualmente intervenções em vários edifícios, nomeadamente no palácio de Queluz.


(Imagem de D. Maria I retirada da Internet)

A par destas instituições, D. Maria mandou edificar a Basílica da Estrela e o Teatro de S. Carlos em Lisboa. No Porto, construiu o Hospital de Santo António e o Teatro de São João.

A partir de 1792, D. Maria foi considerada mentalmente instável e foi o seu filho que se encarregou dos assuntos de Estado. Em 1799 foi D. João que assumiu o cargo de regente. Em 1807, em virtude das invasões francesas, D. Maria embarcou para o Brasil, juntamente com a família real, onde viria a falecer.

No que respeita às políticas educativas, depois da morte de D. José I muitas escolas primárias foram encerradas e outras entregues a religiosos. O governo tendeu a valorizar o ensino da formação profissional qualificada. Devido a este desinteresse pela instrução elementar, a Junta das Escolas pediu, em 1801, a criação de 200 escolas. Foram abertas apenas 21. A abertura de escolas particulares foi dificultada pelo governo.

Relativamente ao ensino artístico, em 1779 os estudos da Real Escola Náutica do Porto foram ampliados e em 1780 criou-se a Aula de Desenho e Debuxo. Em 1803 foi incorporada na Academia Real de Marinha e Comércio, com diretores como Vieira Portuense e Domingos Sequeira. Nos reinados seguintes, em 1836 com D. Maria II passou para a Academia de Belas Artes e em 1881, com D. Luís deu origem à atual Escola de Belas Artes.

Em 1780 surgiu a aula de Desenho na Casa Pia. Neste ano, Volkmar Machado fundou a Academia do Nu no Palácio de Gregório de Barros e Vasconcelos. Com a morte do proprietário, passaram para o Palácio de Pina Manique, com professores como Machado de Castro e Pedro Alexandrino.

Em 1781 J. Carneiro da Silva, incentivou a criação da Aula Régia de Desenho, com Desenho Histórico ou de Figura e Desenho de Arquitetura Civil, a cargo de José da Costa e Silva. Tratava-se de um ensino publico. Aqui os alunos aprendiam aritmética e geometria elementar. Posteriormente passavam a copiar desenhos de arquitetos e estudavam noções de perspetiva. Domingos Sequeira estudou aqui.

Em 1802 a Gravura Artística reabriu com F. Bartolozzi e separou-se da Imprensa Régia em 1805. No reinado de D. João VI em 1823 passará para a Intendência das Obras Públicas. Ainda em 1802 tentou renovar-se o ensino da pintura na escola que se destinava às obras do Palácio da Ajuda.

Apesar da intervenção do estado, a ação dos mestres foi muito importante. Durante o século XVIII, André Gonçalves teve vários alunos.


MJS



2023/07/20

Educação e Monarquia: D. José I (1714-1777)


D. José I (1714-1777), “o Reformador”, era o terceiro filho de D. João V e de D. Maria Ana de Áustria. Subiu ao trono em 1750 e teve um reinado marcado pela crise económica que resultou da concorrência estrangeira pelo domínio das colónias e pela diminuição das remessas do ouro do Brasil.

Ao nível externo, seguiu a política do seu pai, mantendo-se neutro em relação aos conflitos europeus. O absolutismo continuou reforçado com este monarca que decretou algumas medidas radicais contra a nobreza e o clero: expulsão dos Jesuítas e execução de alguns nobres acusados de conspiração, como os Távora.


(Imagem de D. José I retirada da Internet)

O seu homem de confiança foi o primeiro ministro Sebastião José de Carvalho e Melo, Marquês de Pombal. A sua politica teve em conta a reorganização legislativa, económica e social do país.

O acontecimento que marcou todo o seu reinado foi o terramoto de 1755, seguido de um maremoto e de vários incêndios que devastaram a cidade de Lisboa. Graças à rápida ação do Marquês de Pombal, em menos de um ano a baixa da cidade foi totalmente reconstruída. Optou-se por um traçado ortogonal, com ruas direitas, amplas e edifícios semelhantes entre si, usando o método antissísmico conhecido por “gaiola”. Os novos edifícios já tinham saneamento básico. Neste projeto participaram os engenheiros Eugénio dos Santos, Manuel da Maia e Carlos Mardel.

Na sequência deste evento, o Marquês de Pombal aumentou consideravelmente os seus poderes e a sua esfera de influência. Para tal contribuiu o atentado contra o rei em setembro de 1758, na sequência do qual, vários membros da nobreza foram condenados à morte. Em 1759, foram expulsos os Jesuítas.

Apesar deste tipo de política ditatorial, foi nesta época que se aboliu a escravatura em Portugal continental e em que terminou a distinção entre cristãos-velhos e cristãos-novos.

A partir de 1774, D. José foi considerado inapto para governar e a regência foi assumida pela rainha D. Mariana Vitória.

Ao nível educativo, foram várias as medidas tomadas, no sentido de desenvolver a instrução em Portugal. Em 1172 o Marquês de Pombal efetuou uma reforma na universidade: toda a estrutura foi revista, criando-se 6 faculdades, Teologia, Direito Canónico, Direito Civil, Medicina, Matemática e Filosofia. Os programas foram atualizados e recrutaram-se novos professores nacionais e estrangeiros. A orientação desta reforma baseou-se nas ideias iluministas: crítica ao aristotelismo formalista e verbalista e uso do método experimental.

Tentou acompanhar a ciência da época com a criação de um Laboratório Químico, um Jardim Botânico, um Gabinete de Física e um Observatório Astronómico. Pela primeira vez existiam compêndios escolhidos que forneciam aos estudantes as bases das matérias lecionadas.

No que respeita ao ensino das artes, após o terramoto de 1755 foi criada a Casa do Risco de Lisboa, que veio substituir a Aula do Paço da Ribeira. O seu primeiro chefe foi Eugénio dos Santos.

Em 1762, foi criada a Real Escola Náutica no Porto. Em 1763 surgem as Aulas de Desenho na Real Fábrica de Sedas; em 1766 na Fábrica de Estuques; e em 1767 na Fábricas das Caixas.

Igualmente em 1766 abriram-se cursos de Desenho e Arquitetura Civil no Colégio Real dos Nobres e em 1772, na Universidade de Coimbra. Em 1768, com a fundação da Imprensa Régia, começou a funcionar a Aula Oficial de Gravura Artística que funcionou até 1787.

Em meados do século XVIII foi criada uma escola de barristas associada ao Convento de Alcobaça, no âmbito do ensino conventual. O ensino oficial da escultura decaiu devido a questões económicas e à diminuição de encomendas.

Em 1772, com a Carta de Lei de 6 de novembro, o Marquês de Pombal tentou organizar um Sistema Nacional de Ensino, tornando o ensino primário da alçada do Estado. Apesar de tudo, a medida não abrangia toda a população, uma vez que os mais desfavorecidos (assalariados, agricultores ou artesãos) limitavam-se a frequentar as escolas paroquiais.

Embora limitada, esta reforma exigiu uma uniformização na formação e nas competências dos mestres, bem como a criação de um maior número de escolas. O governo criou 479 vagas para mestres, mas a morte do rei inviabilizou o projeto. Nas escolas elementares pombalinas ensinava-se o catecismo, a leitura, a escrita, a aritmética e a gramática, bem como regras de civilidade. A Real Mesa Censória inspecionava e selecionava os professores oficiais e particulares.

O ensino elementar destinava-se a alunos do género masculino, uma vez que as mulheres estavam remetidas às tarefas caseiras. Mesmo ao nível de professores, só em 1790 surgiram as primeiras três Mestras.

  MJS

2023/07/17

Peça do mês de julho/2023

 


Indicador de nível


Instrumento utilizado no âmbito das práticas pedagógicas de Física. Consiste num recipiente com êmbolo interior que se liga a uma vareta graduada, que sobe à medida que os líquidos são introduzidos pela torneira lateral.

Está inventariado com o número ME/400117/26 e pertence ao espólio museológico da Escola Secundária D. Pedro V.

 

MJS

2023/07/13

Recursos Bibliográficos usados na Elaboração do Analítico Liceu José Falcão, Coimbra de António Simões Rodrigues (Parte II)


(Imagem da fachada do Liceu José Falcão, Coimbra retirada da internet)


O dinamismo de uma escola vê-se, a priori, pelas suas publicações culturais, pois, estas espelham o dinamismo académico de uma geração e cultura política:

 

    - O gaiato: revista literária e recreativa dos estudantes. Coimbra: Liceu Central de Coimbra, 1897.

 

    - O cábula: periódico dos estudantes do liceu. Coimbra: Liceu Central de Coimbra, 1899.

 

    - O clarim: quinzenário dos estudantes do liceu e da universidade. Coimbra: Liceu Central de Coimbra, 1902.

 

    - A aurora: semanário literário e noticioso dos estudantes do liceu. Coimbra: Liceu Central de Coimbra, 1904.

 

    - A careta: jornal semanal infantil dos estudantes do liceu. Coimbra: Liceu Central de Coimbra, 1907. (n.º único).

 

    - O gorro: semanário ilustrado dos alunos do liceu. Coimbra: Liceu Central de Coimbra, 1909.

 

    - O elo: semanário dos estuantes do liceu. Coimbra: Liceu Central de Coimbra, 1909-1910.

 

    - O académico: jornal / dirigido por Fernandes Martins. Coimbra: Liceu Central de Coimbra, 1911.

 

    - O alvorecer: semanário académico dos alunos do liceu. Coimbra: Liceu Central de Coimbra, 1914.

 

    - O fantomas: jornal dos alunos da 5.ª classe do Liceu de Coimbra. Coimbra: Liceu Central de Coimbra, 1914.

 

    - O cábula: periódico manuscrito dos estudantes do liceu. Coimbra: Liceu Central de Coimbra, 1921.

 

    - O bicho: jornal do Liceu de Coimbra / dir. António Pedro da Costa. Coimbra: Liceu Central de Coimbra, 1926. (saíram 4 n.º).

 

    - O brado académico. Coimbra: Liceu Nacional de Júlio Henrique, 1930

 

    - Ensaio: quinzenário da academia liceal / dir. Políbio Gomes dos Santos. Coimbra: Liceu Nacional de Júlio Henrique, 1932.

 

    - Alvorada: jornal cultural dos estudantes do José Falcão. Coimbra: Liceu Nacional de Júlio Henrique / dir. Fernando Namora, 1935.

 

    - O estudante. [jornal dactilografado] / de alunos do D. João III] ; dir. Ilídio Gomes. [Coimbra: Liceu Nacional D. João III, ca. 194-].

 

    - D. Bibas. [Jornal dactilografado]. Coimbra: Liceu Normal de José Falcão, 1942.

 

    - A mensagem: jornal do Liceu Nacional D. João III. Coimbra: Liceu Normal de José Falcão, 1945. (Edição Comemorativa do centenário do nascimento de Eça de Queirós).

 

    - Revista de finalistas do Liceu D. João III. Coimbra: Liceu Normal de José Falcão, as. 1952/53 e 1953/54.

 

    - O pátio: jornal do Centro de Cultura do Estudante do Liceu Normal D. João III. Coimbra: Liceu Normal de José Falcão, 1964.

 

 

 

Bibliografia usada na elaboração do artigo:

 

ABREU, José Maria (1864). Legislação Académica de 1855 até 1864 e suplemento à mesma legislação desde 1772 até 1863. Coimbra: Imprensa da Universidade.

 

ANUÁRIO DO LICEU DE COIMBRA. Coimbra: Liceu Nacional de Coimbra, as. letivos 1870/71 - 1979/80; 1900/1912/13.

 

CATÁLOGO DA BIBLIOTECA DO LICEU NORMAL D. JOÃO III: SÉCULOS XV A XVII. Coimbra [s.n.], 1969.

 

COIMBRA. AQUIVO HISTÓRICO DA ESCOLA SECUNDÁRIA JOSÉ FALCÃO. Livros de Actas da Assembleia de Delegados da Associação Escolar do Liceu de Coimbra, 1936.

 

COIMBRA. AQUIVO HISTÓRICO DA ESCOLA SECUNDÁRIA JOSÉ FALCÃO. Livro de Actas da Congregação do Liceu de Coimbra, as. 1840-1858; 1858-1876; 1876-1901; 1901-1912; 1912-1916; 1916-1926; 1926-1924.

 

COIMBRA. AQUIVO HISTÓRICO DA ESCOLA SECUNDÁRIA JOSÉ FALCÃO. Livro de Actas do Conselho de Metodólogos do Liceu de Coimbra, [s.d.].

 

GOMES, J. F. (1984). Estudos de história pedagógica. Coimbra: Livraria Almedina

 

GOMES, J. F. (1980). Estudos para a história do século XIX. Coimbra: Livraria Almedina.

 

GOMES, J. F. (1977). Dez estudos pedagógicos. Coimbra: Livraria Almedina.

 

MATOSO, José (1993). “História de Portugal”. in: O Liberalismo, vol. 5 (1993).

 

RELAÇÃO E ÍNDICES ALFABÉTICO DOS ESTUDANTES MATRICULADOS NA UNIVERSIDADE DE COIMBRA, DE 1820 a 1870. Coimbra Imprensa da Universidade ; Liceu de Coimbra, vol. 13 (1820-1870).

 

RODRIGUES, Manuel Augusto (1990). A universidade de Coimbra e os seus reitores: para uma história da instituição. Coimbra: Arquivo da Universidade.

 

VASCONCELOS, António de (1938). Escritos vários. Coimbra: Coimbra Editora.


P. M. 

 


 

 

David, Artur (2003). Liceu Nuno Álvares (Castelo Branco). In: Liceus de Portugal: histórias, arquivos, memórias. Lisboa: Edições Asa, pp. 233-241.

 

2023/07/10

Resumo do Artigo Liceu José Falcão, Coimbra de António Simões Rodrigues (Parte I)



(Imagem da fachada do Liceu José Falcão, Coimbra retirada da internet)


António Simões Rodrigues na sua investigação, Liceu José Falcão (Coimbra) apresenta a data de criação do Liceu: 1836 (Decreto-lei de 17 de novembro) e o inicio de funcionamento do Liceu, no ano letivo de 1836/37.

 

Designações:

    - Nome de origem: Liceu de Coimbra.

    - A partir de 1839:  Liceu Nacional de Coimbra.

    - A partir de 1895: Liceu Central de Coimbra.

    - A partir de 1928: Liceu Nacional de Júlio Henrique (continua a existir o Liceu José falcão).

    - A partir de 1931: Liceu Normal de José Falcão / Liceu Normal de Júlio Henriques.

    - A partir de 1936: Liceu Normal de D. João III (fusão dos anteriores).

    - A partir de 1974: Liceu Normal de José Falcão.

 

Na sua origem o liceu apresenta uma frequência exclusiva masculina, mas a partir do final do século XIX passa a ser misto. Ainda assim, entre os anos letivos de 1934/136 nenhuma aluna manifestou interesse na sua frequência.

O arquiteto responsável pelo edifício foi Carlos Ramos. O edifício construído para o liceu foi inaugurado do dia 16 de outubro de 1936. Foi projetado para 480 alunos, sofrendo obras de ampliação e beneficiação em 1938 e 1968. A sua localização foi, primeiramente, em instalações provisórias, a partir de 1836 o referido liceu ocupa as instalações do Colégio das Artes, em 1860 no Hospital da Conceição e a partir de 1870 no Edifício de S. Bento e, finalmente, em 1936, no Edifício localizado na Av. D. Afonso Henriques.

 

Reitores do liceu:

    - José Manuel de Lemos - 1840-1841;

    - Sebastião Correia de Sá e Mendes - 1841-1848;

    - João Machado Abreu (Vice-reitor da Universidade) - 1848-1850;

    - José Machado de Abreu - 1850-1853;

    - Sem reitor - 1853-1854;

    - Basílio Alberto de Sousa Pinto - 1859-1863;

    - Vicente Ferrer de Neto Paiva - 1863-1864;

    - José Ernesto de Carvalho rego (Vice-reitor da Universidade) - 1864-1866;

    - António Luís de Seabra - 1866-1868;

    - Júlio Máximo de Oliveira Pimental - 1869-1880;

    - Luís da Costa Almeida - 1880-1883;

    - Raimundo da Silva Mota - 1883-1894;

    - António Gonçalves Guimarães - 1895-1898;

    - António Garcia de Vasconcelos - 1898-1900;

    - Manuel de Azevedo de Araújo Gomes - 1900-1901;

    - Manuel Joaquim Teixeira - 1902-1903;

    - Luís Santos Viegas - 1903-1905;

    - António de Vasconcelos - 1905-1906;

    - Luís Santos Veiga - 1906-1908;

    - Luís António Trincão - 1908-1909;

    - António Tomé - 1909-1912;

    - Sílvia Pélico Lopes Ferreira Neto - 1912-1916;

    - João Gualberto Barros e Cunha - 1916-1918;

    - Alberto Álvaro Dias Pereira - 1918-1926;

    - José Custódio de Morais - 1926-1930;

    - Aníbal de Amaral Cabral - 1930-1934;

    - Alberto Sá de Oliveira - 1934-1936;

    - José Maria Correia Cardoso - 1929-1930;

    - José Sousa Vieira - 1930-1931;

    - Alberto Cardoso Pires Figueiredo - 1931-1933;

    - Alberto Sá de Oliveira - 1933-1934;

    - Aníbal do Amaral Cabral - 1934-1936;

    - Alberto Sá de Oliveira - 1936-1942;

    - Pedro Marques Gomes - 1942-1943;

    - Feliciano Ramos - 1943-1946;

    - Mário dos Santos Guerra - 1946-1969;

    - Manuel Dias Vieira - 1969-1974.

 

O Estudo de António Simões Rodrigues[1] lista o conjunto de reitores que fizeram parte da escola até 1974, por sua vez, a Divisão de Serviços da Documentação e de Arquivo da Secretaria-Geral da Educação e Ciência apresenta-nos um fundo arquivístico de alguns desses mesmos reitores; cuja organização das séries documentais inventariadas segue a estrutura adotada pela Portaria de Gestão de Documentos n.º 1310/2005, de 21 de dezembro:

 

Âmbito Cronológico:

 

Cotas:

1930-[s.m.]-[s.d.] / 1931-[s.m.]-[s.d.]

 

PT/MESG/AAC/IEL/002/0069/00704

 

 

 P. M.

 

Rodrigues, António Simões (2003). Liceu José Falcão (Coimbra). In: Liceus de Portugal: histórias, arquivos, memórias. Lisboa: Edições Asa, pp. 222- 232

 



[1] Licenciado em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, onde é professor e investigador do Instituto de História Económica e Social.