2022/04/18

Mulheres na ciência: Maria Montessori (1870 - 1952)

(Imagem de Maria Montessori retirada da internet)


Maria Tecla Artemisia Montessori nasceu em Itália em 1870, filha de Alessandro Montessori, oficial do Ministério das Finanças e de Renilde Stoppani. Foi educadora, médica e pedagoga, tendo desenvolvido um novo método educativo. 

Desde muito jovem mostrou interesse pela matemática e pela biologia, contrariando os seus pais que queriam que seguisse uma carreira de professora. Como tal, inscreveu-se na Faculdade de medicina da Universidade de Roma, tendo sido uma das primeiras mulheres a concluir o curso em 1986.

Maria não pode exercer a sua profissão, uma vez que que os condicionalismos sociais da época não o permitiam. Desta forma, iniciou um projeto com crianças com necessidades especiais na clínica da universidade. Baseou-se na obra de Édouard Séguin, educador francês para criar materiais e fundamentar o seu sistema de ensino.

Decidiu dedicar a sua vida à educação e começou a lecionar na Escola de Pedagogia da Universidade de Roma, onde permaneceu até 1908. Em 1907 criou a Casa dei Bambini, um espaço educacional para crianças menos favorecidas, onde aplicou pela primeira vez o seu método.

O chamado Método Montessori foi descrito na obra Método da Pedagogia Científica Aplicado à Educação, publicado em 1909. Em traços gerais, Montessori pretende conjugar o desenvolvimento biológico com o desenvolvimento mental da criança, respeitando a sua individualidade e as suas necessidades. Um dos princípios fundamentais era a liberdade com responsabilidade e a compreensão e respeito.

Maria Montessori adaptou o princípio da autoeducação, ou seja, a mínima interferência do professor pois a aprendizagem seria feita com base no espaço escolar e no material didático. As salas de aula tradicionais são excluídas do método montessoriano: as crianças espalham-se pela sala, com os professores, não existindo recreio pois não há diferença ente os momentos lúdicos e os momentos de lazer. Como tal, não existem livros ou manuais escolares.

Para Montessori, a educação sensorial era a base da educação intelectual. A ausência de materiais de estímulo era uma das causas para um desenvolvimento intelectual inadequado. É através do movimento e do toque que as crianças exploram o mundo, através de uma observação direta. Maria Montessori criou vários objetos didáticos, simples, mas criados para desenvolver o raciocínio.

Entre os diversos objetos encontramos o Material Dourado, um conjunto de cubos, barras ou placas que auxiliavam o ensino do sistema de numeração decimal e nos algoritmos.

Jogo didático

ME/IAACF/170

ME/Instituto António Aurélio da Costa Ferreira

Jogo didático utilizado para o desenvolvimento do raciocínio matemático. Trata-se de um conjunto de dois cubos subdivididos em 1000 pequenos cubos.


(Imagem de um conjunto de encaixes retirada da internet)

O conjunto de encaixes sólidos que se compõe por 10 cilindros de tamanhos diferentes que se encaixam em diferentes blocos- O objetivo é a dimensão dos cilindros que preparam o aluno para o estudo da matemática e da geometria:

Bloco A - Os cilindros crescem em diâmetro e altura;

Bloco B - Os cilindros crescem em diâmetro sem mudança de altura;

Bloco C - Os cilindros crescem em altura sem mudança de diâmetro;

Bloco D - Os cilindros crescem em diâmetro, enquanto diminuem em altura.


(Imagem de um conjunto de barras com encaixes retirada da internet)

O sistema de barras e comprimentos compõe-se de 10 hastes de madeira, de base quadrada e diferentes comprimentos. Permite preparar o aluno para a matemática e para o sistema métrico de medições.

(Imagem de uma escada castanha com 10 degraus retirada da internet)

A escada castanha é um conjunto de 10 prismas retangulares de 20 centímetros de comprimento e de altura e profundidade variáveis. O objetivo é ordenar os prismas adquirindo a perceção da perspetiva e preparando o aluno para a matemática e geometria.

Entre as suas obras mais relevantes podem referir-se O segredo da Infância (1936), Mente absorvente (1949), Formação do Homem (1949), Em Família (1951).

A educadora viajou pelo mundo, divulgando as suas teorias através de palestras. Em 1922 foi nomeada Inspetora do governa nas Escolas de Itália, mas o regime de Mussolini fechou grande parte dessas escolas. Em 1934 Montessori saiu de Itália e passou a lecionar em Espanha, que também abandonou aquando da Guerra Civil. Passando posteriormente pelos Países Baixos, decidiu que a Índia seria o seu destino a partir de 1939. Aí permaneceu durante 7 anos.

Em 1946 regressa a Itália e em 1949 foi nomeada para o prémio Nobel da Paz.

Maria faleceu nos Países Baixos a 6 de maio de 1952, deixando o seu legado ao seu filho Mário Montessori.

 

MJS


* Imagens retiradas da internet

 

  

2022/04/14

Peça do mês de abril

 


Bastidor

Armação de madeira na qual se fixa o tecido que se pretende bordar. É formado por uma circunferência presa na vertical a uma base retangular. Utiliza-se para prender o tecido de forma ajustada para que se possa posteriormente bordar à mão. Este bastidor de bordados era utilizado no âmbito dos Cursos de Formação Feminina (Curso de Bordados e Costura).

Está inventariado com o número ME/400774/32 e pertence ao espólio museológico da Escola Secundária Alfredo da Silva.


MJS

2022/04/11

Exposição virtual: "A abelha no Museu Virtual da Educação"

 

As abelhas vivem em colmeias, tendo no seu interior uma rainha, 1500 abelhas obreiras e 1500 zangões, bem como larvas. A sua média de vida é bastante curta, entre 28 a 48 dias, à exceção da rainha que pode viver 5 anos. A sua existência é fundamental para o equilíbrio dos ecossistemas terrestres na medida em que polinizam diversas plantas e plantações de frutas e legumes. Cerca de 80% das espécies vegetais reproduzem-se desta forma. A grande questão é que, sem abelhas, a vida na Terra desaparecia: sem abelhas não há polinização, as espécies vegetais não se reproduzem, os animais não têm alimentos e, como consequência, os seres humanos não conseguem sobreviver. Dois terços dos alimentos que consumimos são produzidos através da polinização.

Vários são os fatores que colocam em risco a existência das abelhas. O uso excessivo de pesticidas e químicos tem provocado a morte destes insetos, colocando em risco a polinização. O aumento de apicultores não tem resolvido a situação, uma vez que muitas vezes não são cumpridas as regras de distanciamento de 800 metros entre apiários. As abelhas entram em competição e muitas morrem devido à má nutrição. A par disto, surgem espécies invasoras, como é o caso da vespa asiática, que podem destruir toda a colmeia.

Como resultado, cerca de 50% a 90% da população de abelhas desapareceu na Europa e na América do Norte. É necessário um investimento avultado para reverter esta situação, nomeadamente através da agricultura biológica e do controlo de doenças. Em Portugal a instituição responsável por este setor é a Federação Nacional de Apicultores (FNAP).

Nesta exposição estão presentes algumas imagens parietais da abelha, onde se podem observar as suas caraterísticas físicas e o seu desenvolvimento. Os modelos anatómicos em corte são igualmente importantes pois permitem ter uma noção mais concreta da fisionomia deste inseto. Por fim, podem observar-se vários espécimes em diferentes estágios de desenvolvimento.


Imagem parietal de espécie animal/Abelha

ME/152481/18

Escola Básica e Secundária de Canelas

Quadro parietal ilustrado, representativo da abelha, utilizado para ilustrar matérias nas aulas de Biologia. O parietal organiza-se em duas faixas horizontais, e retrata de forma naturalista, aspetos do habitat, anatomia e reprodução da abelha. Na faixa superior, sobre fundo azul, estão duas abelhas junto de uma flor, e uma delas está a sugar o pólen da flor. Na parte inferior, sobre fundo de cor negra, estão sete ilustrações, representando ao centro, uma secção do favo com uma abelha-mestra e fases do desenvolvimento desde o ovo, a larva e a crisálida. À esquerda e à direita surgem, muito ampliados, pormenores da anatomia interna da abelha. Não tem legenda.


Abelha

ME/400117/42

Escola Secundária D. Pedro V

Modelo utilizado como material de apoio às aulas de Biologia. O espécime encontra-se num suporte de metal, colocado numa base de madeira. É composto por várias peças e permite visualizar os órgãos internos, dado que o modelo representa a abelha em corte longitudinal. Legendado em italiano.


Imagem parietal de espécie animal/Abelha

ME/402436/335

Escola Secundária de Passos Manuel

Quadros de pendor naturalista de cores muito suaves, de grande rigor e pormenor, sobre animais no seu habitat natural, dos mais vulgares aos mais exóticos, dos domesticados aos selvagens. Esta coleção é designada por Retângulo Negro por ser essa a marca identificativa mais comum entre os quadros: à volta da imagem existe uma cercadura retangular, marcada por uma linha negra ou azul escura.


Abelha

ME/402436/1637

Escola Secundária de Passos Manuel

Material didático utilizado em Ciências Naturais para o estudo do desenvolvimento da abelha. Conservados em formol num cilindro de vidro, são apresentados vários espécimes em quatro estágios de desenvolvimento da abelha, desde larva até adulto. Abelha é a denominação comum de vários insetos pertencentes à ordem Hymenoptera. A abelha adulta alimenta-se geralmente de néctar e é um importante agente de polinização. Vive em colmeias, num sistema de extraordinária organização, produzindo mel. Classificação científica: Reino: Animalia; Filo: Arthropoda; Classe: Insecta; Ordem: Hymenoptera.


Imagem parietal de espécie animal/Abelha

ME/401857/570

Escola Secundária de Gil Vicente

O quadro, de grandes dimensões, é impresso litograficamente sobre fundo claro com grande qualidade e rigor naturalista na cor e detalhes e é complementado com desenhos esquemáticos simplificados e indicação de escalas de ampliação. Servia de apoio visual às aulas de biologia. O quadro, com o n.º Tab.30, representa, em três ilustrações, a abelha. Em cima a toda a largura do quadro, está representada uma abelha, em vista lateral (n.º 3); por baixo, à esquerda, encontra-se uma larva muito ampliada (n.º 1); à direita, em baixo, aspeto externo de uma ninfa, muito ampliado (n.º 2). No canto inferior esquerdo, impressos na tela, encontram-se a assinatura e a identificação da coleção em três línguas: alemão, inglês e francês. No canto inferior direito, impressos na tela, indicação da casa impressora (Martinus Nijhoff 's Gravenhage) e o logótipo quadrangular contornado pelas palavras: Alles - Komt - Terect- W.N.


Abelha

ME/401109/452

Escola Secundária de Camões

Modelo de abelha utilizado para permitir a visualização da sua morfologia em contexto das práticas pedagógicas de Ciências Naturais. Trata-se de um modelo de uma obreira de abelha doméstica, Apis mellifica, L., sobre uma placa retangular, com esquemas e legenda em inglês. Os esquemas mostram parte da colmeia, com alvéolos, e os elementos desta sociedade de himenópteros. O corpo da abelha, constituído por cabeça, tórax e abdómen, está seccionado longitudinalmente, de modo a que se possa observar a anatomia interna. Na cabeça, um par de antenas, um par de olhos compostos, polifacetados e três olhos simples. O aparelho bucal é do tipo tromba libadora-sugadora. Ligadas ao tórax, vêem-se três pares de patas locomotoras e dois pares de asas membranosas. Na extremidade do abdómen possui um ferrão venenoso. No interior do modelo são evidentes as anatomias dos sistemas respiratório, circulatório, digestivo, excretor, nervoso e reprodutor.


MJS


2022/04/07

Mulheres na ciência: Adelaide Cabete (1867-1935)

 

(Imagem de Adelaide Cabete retirada da internet)

Adelaide de Jesus Damas Brazão Cabete (1867-1935) nasceu Elvas em 1867, filha de Ezequiel Duarte Brazão e Balbina dos Remédios Damas, trabalhadores rurais. Foi uma das principais figuras do feminismo português, humanista, professora, autora, médica ginecologista e obstetra.

O seu pai morreu quando ainda era bastante jovem, pelo que teve de trabalhar na agricultura desde cedo e em atividades domésticas nas casas das famílias mais abastadas. Dada esta situação, não frequentou a instrução primária, mas aprendeu a ler e escrever sozinha.

Casou aos 18 anos com o sargento e militante republicano Manuel Ramos Fernandes Cabete. Defensor dos direitos das mulheres, incentivou Adelaide a prosseguir os seus estudos. Em 1894 concluiu o curso liceal e posteriormente mudou-se para Lisboa onde prosseguiu a sua instrução na área da medicina.

Em 1896 matriculou-se na Escola Médico-Cirúrgica. Concluiu o curso em 1900 com a tese Proteção às mulheres grávidas pobres como meio de promover o desenvolvimento físico das novas gerações, com o objetivo de incentivar o governo a intervir no melhoramento da situação das mulheres grávidas.

Especializou-se em Ginecologia e Obstetrícia, estabelecendo o seu próprio consultório. Procurou difundir os cuidados materno-infantis, a importância da instrução e os cuidados básicos da grávida e da criança. O seu primeiro artigo foi publicado no Jornal Elvense em 1901 com o título: Instrua-se a mulher.

Em 1908 fundou a Liga Republicana das Mulheres Portuguesas em parceria com Ana de Castro Osório e Carolina Beatriz Ângelo. Pretendiam a emancipação das mulheres e o sufrágio feminino.

Adelaide participou em vários movimentos propagandísticos republicanos, escrevendo vários artigos e discursando. Teve uma atividade relevante no 5 de outubro de 1910.

A partir de 1912 envolveu-se em inúmeras organizações que reivindicavam o voto feminino: a Liga Portuguesa Abolicionista, a Cruzada das Mulheres Portuguesas, as Ligas da Bondade e o Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas, onde assumiu o cargo de presidente desde 1914. Nesse ano trabalhou como médica escolar e professora de Higiene, Puericultura, Anatomia e Fisiologia no Instituto Feminino de Educação e Trabalho em Odivelas.

Em janeiro de 1916 Manuel Cabete faleceu, mas Adelaide continuou o seu trabalho como ativista e como médica.

Em 1929 partiu para Luanda, onde continuou envolvida nas causas femininas e na escrita de artigos de especialidade. Lutou pelo direito de acesso à saúde e reivindicou a construção de uma maternidade pública, o que acabou por acontecer em Lisboa em 1932 com a Maternidade Alfredo da Costa. Em 1933 foi a primeira e única mulher a votar em Luanda.

Após um acidente em 1934, regressou a Lisboa, onde acabou por falecer a 14 de setembro de 1935.

Ao longo da sua vida Adelaide Cabete participou em vários congressos como palestrante: Congresso Internacional das Ocupações Domésticas (Bélgica, 1913), Congresso Internacional Feminino (Itália, 1923), Congresso Internacional das Mulheres (Estados Unidos, 1925), I e II Congressos Feministas da Educação (Lisboa, 1921 e 1928) e os Congressos Abolicionistas (Lisboa, 1926 e 1929).

Foram vários os artigos que publicou, destacando-se sempre a preocupação médica, social e feminista: Papel que o Estudo da Puericultura, da Higiene Feminina, etc deve desempenhar no Ensino Doméstico (1913); Proteção à Mulher Grávida (1924); A Luta Anti-Alcoólica nas Escolas (1924); artigos diversos nas revistas Alma Feminina (1920-1929), Educação, Educação Social, O Globo, A Mulher e a Criança, Pensamento, O Rebate, Renovação (1925-1926).

Adelaide Cadete, para além da sua reivindicação dos direitos das mulheres, lutou para que as condições de acesso à saúde fossem alargadas, como o direito a uma licença de maternidade de um mês.


Conjunto de material de enfermagem

ME/ESAD/107

Escola Secundária Afonso Domingues

Conjunto de instrumentos e objetos médicos, utilizado para prestação de cuidados de saúde na escola. O conjunto inclui uma bandeja metálica, no interior da qual se encontravam 11 objetos.


MJS

2022/04/04

Educação: Boletim Informativo do Gabinete de Estudos e Planeamento da Acção Educativa

(Capa da publicação periódica Educação: Boletim Informativo do Gabinete de Estudos e Planeamento da Acção Educativa )

A publicação periódica Educação: Boletim Informativo do Gabinete de Estudos e Planeamento da Acção Educativa apresenta uma periodicidade irregular (2 a 4 números por ano). Esta publicação, em texto policopiado, teve curta duração:  começou a sua publicação em outubro de 1969 e veio a terminar em fevereiro de 1972.

No que diz respeito à menção de responsabilidade editor, o Gabinete de Estudos e Planeamento da Acção Educativa (GEPAE)[1], inserido no Ministério da Educação Nacional, responde, como editor literário, pelos conteúdos descritos. Efetivamente, o GEPAE tem como objetivo investigar, de forma permanente, os problemas relacionados com a educação e, consequentemente, propor, soluções às necessidades do país.

A missão deste Gabinete, passa, sobretudo, por estudos comparativos de didáticas internacionais/nacionais; compilação de legislação; análise bibliográficas e elaboração de recensões. Este modus operandi, deve-se, sobretudo, ao empenho reformador do Ministro da Educação Nacional - Doutor Veiga Simão[2]. Na década de 70 assumiu o cargo de Ministro da Educação Nacional, no governo de Marcelo Caetano, até abril de 1974. Como último Ministro da Educação antes da Revolução dos Cravos, defendeu a democratização do ensino, lançando as bases as bases do desenvolvimento do ensino, estabelecendo o direito à educação, a igualdade de oportunidade e o acesso pelo mérito.


(Imagem da publicação periódica Educação: Boletim Informativo do Gabinete de Estudos e Planeamento da Acção Educativa , volume 1 - n.º 1 - Outubro de 1969, p. 4)


No Programa de trabalhos para 1969, afirma-se ser intensão da Direcção do Gabinete de Estudos e Planeamento da Acção Educativa acompanhar a atividade a desenvolver por este Organismo de uma intensa ação informativa e de esclarecimento, de modo a conseguir uma ativa participação dos diversos sectores interessados nos problemas de planeamento educacional. Decidiu-se, assim, retomar a publicação Folhas de Informação do GEPAE, sob nova forma, reunindo num só volume as três séries anteriormente editadas, dando, no entanto, maior relevo às Séries A (noticiário) e C (documentação) e adotando um critério mais seletivo para a serie B (bibliografias).

Constituiu-se, assim, um Boletim informativo único, embrião de uma futura revista. Espera-se que venha a contribuir para uma melhor compreensão dos problemas que preocupam o Gabinete de Estudos, mantendo os sectores informados do muito que hoje se faz pelo mundo em matéria de educação e do que muito que, por ela, se procura fazer em Portugal (ver: vol. 1, n.º 1, out. 1969, p. 4).

Este Boletim, dependente do Ministério da Educação Nacional, aparece num momento de mudança no sistema educativo português. Como verifica Manique (Silva, 2010:106) “este periódico viabiliza a passagem de uma publicação interna para as diversas revistas de vulgarização didático-pedagógica e de apoio à formação de docentes. Deste modo, veicula a necessidade de uma alteração reformadora do sistema, das instituições e das práticas educativas, constituindo um documento essencial para o estudo da génese da ‘Reforma Veiga Simão’ e do papel que o Gabinete de Estudos e Planeamento da Acção Educativa desempenhou nesse processo. “

O Boletim, apesar de ter características comuns às publicações de circulação interna da época, apresenta uma estrutura estável:  A. Sumário; B. Trabalhos e publicações do GEPAE; C. Noticias do GEPAE; D. Noticiário; E. Legislação; F. Bibliografia e G. Informação estatística.

Os Sumário (alínea A) são dedicados a grandes discursos de entidades influentes no acto de educação, nesta época de transição. Nas secções Noticiário, trabalhos e publicações do GEPAE (alíneas B e C) são apresentados indicadores de aproveitamento escolar; execução do III Plano de Fomento; controlo de custos da construção escolar; experiencias psicopedagógicas e relatórios; controlo dos custa da educação; mesas-redondas; colóquio e conferencias sobre educação, entre outros. Em Noticiário (alínea D), são explanados projectos de reforma; inovação pedagógogica , educação infantil; intercambios universitários; ensino à distância; didácticas de educação  no mundo; teatro e literatura infantil; ensino para crianças deficientes; educação permanente. Quase todos os números, no seu final, apresentam uma análise de legislação sobre os assuntos tratados (alínea E).

(Imagem da publicação periódica Educação: Boletim Informativo do Gabinete de Estudos e Planeamento da Acção Educativa , volume 2 - n.º 4 - Abril de 1970, p. 166)

Destaca-se, pelo seu rigor biblioteconómico, uma secção permanente de recompilação bibliográfica, desce a criação desta publicação Nesta secção são descritas bibliografias exaustivas e comentadas; recensões sobre educação; sumários de publicações periódicas e, ainda, listagens de obras entradas na biblioteca (alínea F), veja-se, por exemplo,  vol. 2, n.º 4, abril de 1970, p. 156-202. O Boletim termina sempre com quadros estatísticos sobre diversos assuntos em foco (alínea G).

Em cada número analisado encontramos uma série de curta de notícias, embora o essencial sejam os documentos e estudos de dezenas de páginas efetuados no âmbito das atividades do GEPAE. Grande parte dos textos não se encontra assinado e, por vezes, resultam de comunicações internas que a publicação se limita a descrever.

Alguns trabalhos são da responsabilidade de grupos de trabalho do gabinete de estudos e outros, porém, são sínteses de discursos solenes de individualidades e ministros. Os assinados pertencem a: Adelino da Silva Amaro da Costa (1943-1980); Amaro da Costa (1943-1980); António Oliveira (s.d.); Fernando Vaz da Costa (s.d.); Fraústo da Silva (1933-); Frederico Perry Vidal (1932-2007); José Hermano Saraiva (1919-2012); Maria de Lurdes Mira Feio (s.d.); Maria Margarida Gonçalves Pereira (s.d.); Mário Gomes Ribeiro (s.d.); Mário Murteira (1922-2013); Paulo Bárcia (s.d.); Pedro Loff (1932-); Roberto Carneiro (1947-); Sérgio Macias Marques (1928-2016); Veiga Simão (1929-1014), etc.

 

P.M.  


BIBLIOGRAFIA:

 

DIVISÃO DE SERVIÇOS DE DOCUMENTAÇÃO E DE ARQUIVO (2010). Gabinete de Estudos e Planeamento da Acção Educativa [em linha]. Lisboa: Secretaria-Geral da Educação e Ciência [Consulta 10 de janeiro de 2022]. Disponivel: http://arquivo-ec.sec-geral.mec.pt/details?id=60268

 

FREITAS, Carolina (2015). “Uma biografia de Veiga Simão” [em linha]. JL (5 de março de 2015). [Consulta 10 de janeiro de 2022]. Disponivel: https://visao.sapo.pt/jornaldeletras/letras/2015-03-05-uma-biografia-de-veiga-simaof812280/

 

FERREIRA, Nicolau; CAMPOS, Alexandra (2014). “Morreu Veiga Simão, o homem que aprendeu com o granito a não dobrar” [em linha]. Público (3 de maio de 2014). [Consulta 10 de janeiro de 2022]. Disponível: https://www.publico.pt/2014/05/03/politica/noticia/morreu-veiga-simao-antigo-ministro-da-educacao-1634481

 

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO NACIONAL (1969). “Apresentação” in: Educação: Boletim Informativo do Gabinete de Estudos e Planeamento da Acção Educativa; Vol. 1, n.º 1 (out. 1969), p. 4

 

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO NACIONAL (1970). “Sumário de algumas publicações periódicas entradas no C. D. P.” in: Educação: Boletim Informativo do Gabinete de Estudos e Planeamento da Acção Educativa; vol. 2, n.º 4 (abril. 1970), p. 156-202

 

SILVA, Carlos Manique da (2010). Publicações Periódicas do Ministério da Educação. Repertório Analítico (1861-2009). Porto: Universidade do Porto, Faculdade de Letras



[1] A 16 de janeiro de 1965, pelo Decreto-Lei n.º 46 156, é criado no Ministério da Educação Nacional, na dependência direta do ministro, por sua vez, o Gabinete de Estudos e Planeamento da Acção Educativa, que tem por função estudar, de forma permanente, os problemas relacionados com a educação e propor as correspondentes soluções, de acordo com as necessidades do país (Art.º 1.º). No n.º 3, do preâmbulo, do mesmo diploma lê-se: o Gabinete fica, na verdade, a possuir uma orgânica muito dúctil, muito flexível, como exige a complexidade e diversidade das tarefas a que tem de se consagrar - desde a recolha de dados estatísticos, realização de inquéritos, obtenção e ordenação da documentação necessária, estudo de problemas demográficos e económicos, levantamento de cartas, análise de técnicas pedagógicas, exames comparativos de sistemas escolares, até à preparação, em resultado de todo esse esforço, de planos e reformas. O Gabinete, embora mantendo estreito contacto com outros serviços do Ministério e outras entidades educacionais, possuía autonomia administrativa e financeira e era composto por uma estrutura interna representada por uma direção, por um conselho consultivo, por serviços e por um centro de documentação.
 
[2] Natural da Guarda, José António Veiga Simão licenciou-se em ciências físico-químicas pela Universidade de Coimbra e doutorou-se em física nuclear pela Universidade de Cambridge. Foi professor e político português, Veiga Simão cedo iniciou o seu trajeto académico e político. Aos 32 anos era já professor catedrático na Universidade de Coimbra e aos 34 Reitor da Universidade de Lourenço de Marques, em Moçambique. Na década de 70, e já em Portugal, assumiu o cargo de Ministro da Educação Nacional no governo de Marcelo Caetano até abril de 1974. Entre 1974 e 1975 foi embaixador de Portugal nas Nações Unidas, tendo sido também Visiting fellow da Universidade de Yale, onde orientou colóquios sobre Sistemas de Educação no Mundo. Foi consultor do National Assessment and Dissemination Center, desempenhando ainda o cargo de diretor da Portuguese Heritage Foundation (USA). Em 1983 aceitou o cargo de Ministro da Indústria e Energia no governo de Mário Soares e em 1997 o de Ministro da Defesa Nacional no governo de António Guterres. Veiga Simão recebeu várias distinções, entre as quais a Grã-Cruz da Ordem de Cristo, a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique e o grau de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Aveiro, em 1988.

2022/03/31

Mulheres na ciência: Marie Curie (1867 - 1934)

 

(Imagem de perfil de Marie Curie retirada da internet)

Marie Sklodowska-Curie nasceu em Varsóvia, na Polónia, a 7 de novembro de 1867, com o nome de Maria Salomea Sklodowska. Foi física e química, tendo feito uma autêntica revolução no mundo da ciência.

Aos 8 anos, Marie perdeu a sua irmã mais velha, com tifo e aos 10, a sua mãe, vítima de tuberculose. Foi encorajada pelo seu pai, professor de matemática e física, a seguir o seu interesse pela ciência, tendo frequentado a Universidade.

Em 1891 seguiu para Paris, onde já se encontrava a sua irmã, para completar os estudos em matemática, física e química na Universidade de Paris. Foram anos difíceis porque Marie tinha falta de recursos financeiros, optando por estudar de dia e dar aulas particulares à noite.

Em1893 licenciou-se em física e começou a trabalhar no laboratório do professor Gabriel Lippmann. Em 1894 terminou a sua segunda licenciatura com a ajuda de uma bolsa.

As primeiras pesquisas que efetuou foram sobre as propriedades magnéticas do aço. Foi igualmente nesta altura que conheceu Pierre Curie, instrutor na Escola Superior de Física e Química Industriais de Paris. Pierre pediu Marie em casamento, mas ela não aceitou pois tinha a esperança de voltar a Varsóvia para continuar a trabalhar na sua área. A Universidade recusou o seu pedido porque era uma mulher.

Marie voltou a Paris para realizar um doutoramento e casou-se com Pierre Curie em 1895. Passaram a trabalhar juntos num laboratório comum, sem grandes condições de ventilação e Marie envolve-se num projeto relacionado com os raios de urânio que emitiam uma radiação espontânea.

Em 1897 nasceu a sua filha, Irène, e Marie começou a dar aulas na Escola Normal Superior de Paris. Recebeu alguns patrocínios de empresas e fez estudos cada vez mais profundos sobre radiação.

Após algumas pesquisas profundas, Pierre e Marie publicaram um documento, em 1989, em que revelam a descoberta de dois novos elementos químicos: o polónio e o rádio. Estava aberto um novo caminho na ciência na área da radioatividade. Entra 1898 e 1902, o casal publicou vários artigos, sendo que um deles alertava para o facto de, quando as células tumorais eram expostas ao rádio, eram destruídas mais rapidamente.

Em 1900, Marie Curie tornou-se a primeira mulher a lecionar na Escola Superior Normal. Em 1903, foram ambos à Royal Institution, em Londres, para discursar sobre as suas descobertas. Marie foi proibida de falar por ser mulher. Neste ano, Pierre e Marie Curie recebem o Prémio Nobel da Física pelos seus trabalhos na área da radiação. Marie foi a primeira mulher a receber um Prémio Nobel.

Em 1904 nasce a segunda filha do casal, Ève. Infelizmente, em 1906, Pierre morre, vítima de um acidente de viação. O departamento de física ofereceu a Marie a cadeira lecionada pelo seu marido: foi a primeira mulher a dar aulas na Universidade de Paris. Em 1910, Curie consegue isolar o rádio e definir um padrão para as emissões radioativas.

Apesar dos inúmeros sucessos científicos, Marie foi alvo de uma atitude xenófoba por parte dos franceses, uma vez que era de origem polaca, foi acusada de ser judia, ateia e de ter um caso com um ex-aluno de Pierre. No entanto, a comunidade científica reconheceu o seu trabalho e em 1911 recebeu o Prémio Nobel da Química. Foi a única vencedora de dois prémios Nobel. Marie não patenteou o processo de isolamento do rádio para permitir que toda a comunidade científica o pudesse utilizar em proveito da humanidade.

Marie chefiou o Instituto do Rádio construído em 1914, atual Instituto Curie, criado em parceria com a Universidade de Paris e o Instituto Pasteur. Com a Primeira Guerra Mundial, as atividades cessaram e só foram retomadas em 1919.

Durante o período da guerra, Marie instalou centros radiológicos perto dos campos de batalha como meio auxiliar de diagnóstico dos cirurgiões. Foram desenvolvidas unidades móveis de radiografia equipadas com os aparelhos necessários.

Marie foi diretora do Serviço de Radiologia da Cruz Vermelha e criou o primeiro centro militar de radiologia em França que começou a funcionar no final de 1914. A sua filha Irène auxiliou em todo este projeto.

Em 1915, Curie inventou agulhas ocas que continham rádon, utilizado na esterilização de tecidos infetados. Mais de um milhão de soldados foram tratados com esta técnica. A cientista contribuiu de forma decisiva no esforço de guerra, tendo publicado um livro sobre o assunto em 1919, Radiologia na Guerra.

Em 1921 visitou os Estados Unidos da América com o objetivo de conseguir fundos para as suas pesquisas. Em 1922 tornou-se membro da Academia Francesa de Medicina e do Comité Internacional de Cooperação Intelectual da Liga das Nações. Em 1923 publicou a biografia de Pierre Curie. Em 1930 foi eleita para o Comité Internacional dos Pesos Atómicos.

Marie Curie morreu a 4 de julho de 1934 devido à exposição prolongada à radiação. Os seus restos mortais estão no Panteão de Paris, tendo sido a primeira mulher a receber essa homenagem.

Irène Joliot-Curie continuou os trabalhos da sua mãe, ao nível da estrutura do átomo e da física nuclear. Recebeu o Prémio Nobel da Química um ano depois da morte da mãe.

Marie Curie revolucionou a física e a química com as suas descobertas, mas também mudou a sociedade, superando as barreiras que se lhe colocaram por ser mulher. Extremamente altruísta, esta cientista nunca hesitou em ajudar a tornar o mundo um lugar melhor, partilhando os seus conhecimentos e a sua sabedoria.

Radiografia

ME/401109/173

Radiografia utilizado em contexto das práticas pedagógicas no Laboratório de Física. Uma radiografia é efetuada através da emissão de um feixe de raios-X, que atravessa uma zona (geralmente no corpo) que se pretende observar e que proporciona uma imagem que permite distinguir estruturas e tecidos. Neste caso trata-se de uma radiografia ao pulso e parte dos dedos da mão, que se encontra devidamente emoldurada.


MJS



2022/03/28

Mulheres na ciência: Nettie Stevens (1861-1912)

(Imagem de Nettie Stevens retirada da internet)


Nettie Stevens (1861-1912) nasceu em Cavendish, nos Estados Unidos da América, filha de Ephraim Stevens, carpinteiro, e Julia Adams. Foi a bióloga e geneticista, atribuindo-se-lhe a descoberta dos cromossomas sexuais X e Y.

A sua mãe faleceu em 1863 e o seu pai voltou a casar, mudando-se com a família para Westford, Massachusetts. Nettie teve uma educação de qualidade e licenciou-se na Westford Academy, que frequentou entre 1872 e 1883.

Tornou-se professora numa escola de New Hampshire e três anos depois retomou os estudos para fazer uma pós-graduação na Westfield State University. Numa busca incessante de especialização, ingressou na Universidade de Stanford. A sua área de interesse era a histologia.

No Bryn Mawr College fez um doutoramento em regeneração celular, estrutura de organismos unicelulares e células germinativas, entre outros, que concluiu em 1903. Estagiou em jardins zoológicos em Itália e na Alemanha. O seu orientador foi Thomas Hunt Morgan.

Permaneceu como pesquisadora associada na Bryn Mawr College e posteriormente como professora assistente na área da morfologia experimental. Tendo recebido a bolsa de estudo do Instituto Carnegie, Nettie dedicou-se aos estudos sobre hereditariedade e determinação do sexo dos indivíduos, baseando-se nos trabalhos de Mendel. Este estudo deu origem a um artigo premiado A Study of the Germ Cells of Aphis rosae and Aphis oenotherae.

Nettie publicou cerca de 40 artigos ao longo da vida em áreas novas, como é o caso da hereditariedade e dos cromossomas. Os seus estudos permitiram concluir que os cromossomas determinam o sexo do indivíduo durante o seu desenvolvimento fetal.

Durante a observação de insetos, Nettie concluiu igualmente que existia uma ligação entre cromossomas e diferenças no fenótipo. Este estudo foi publicado em 1905. Foi identificado um cromossoma X (feminino) e um cromossoma Y (masculino).

Apesar dos avanços absolutamente fundamentais para a ciência, Nettie não teve os devidos créditos pelo seu trabalho e foi Thomas Hunt Morgan que foi agraciado com o Prémio Nobel em 1933 pelas suas descobertas.

Nettie faleceu em 1912, após uma vida em que lhe foram negados o reconhecimento e a possibilidade de participar em discussões científicas.

 

Imagem parietal de hereditariedade

ME/401109/693

Escola Secundária de Camões

Quadro parietal utilizado em contexto das práticas pedagógicas nas aulas de Biologia. São apresentadas imagens das leis de Mendel, representando o cruzamento de duas variedades da espécie Mirabilis jalapa, uma de flores vermelhas e outra de flores brancas, de modo a observar uma situação de dominância incompleta, pois todos os descendentes da primeira geração apresentam fenótipo intermédio, flores cor-de-rosa. Na segunda geração manifestam-se os três fenótipos possíveis, vermelho, branco e rosa.


Imagem parietal de hereditariedade

ME/401470/112

Escola Secundária com 3.º Ciclo Dr. Joaquim de Carvalho

O quadro é impresso litograficamente sobre fundo claro com grande qualidade na cor e detalhes e é complementado com desenhos esquemáticos. Servia de apoio visual às aulas de Zoologia evidenciando a origem genética e a hereditariedade nas abelhas. Em cima, estão representadas duas abelhas com os marcadores genéticos, ao centro, mais duas, fruto da reprodução, em baixo estão quatro com todas as possibilidades de reprodução. No canto superior esquerdo encontra-se o título «Drosophila sex-linked I».


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