O Real Edifício de Mafra – Palácio, Basílica, Convento, Jardim do Cerco, Tapada - faz parte do património mundial classificado pela UNESCO desde 2019.
O Convento de Mafra ou também
chamado, Palácio Nacional de Mafra, situa-se no concelho de Mafra, a cerca de
25 quilómetros de Lisboa. As obras da sua construção iniciaram-se em 1717, por
ordem de D. João V devido ao cumprimento de uma promessa para ter descendência
de D. Maria Ana de Áustria.
Os arquitetos responsáveis
foram João Frederico Ludovice e Custódio Vieira. A título de curiosidade, o
complexo ocupa cerca 1200 hectares, tem 1200 divisões, mais de 4700 portas e
janelas, 156 escadarias e 29 pátios e saguões.
O Palácio e a Basílica são
monumentos representativos não só pela sua beleza e dimensão, mas também pelo
facto de constituírem um símbolo da afirmação da monarquia portuguesa e do
absolutismo. Portugal afirma-se na Europa, junto das grandes casas reais e da
Santa Sé e restabelece a grandeza ultramarina após a restauração. O ouro
proveniente do Brasil permitiu levar a cabo uma construção desta magnitude.
A Basílica altera as características da arte portuguesa, adaptando o barroco europeu a um estilo único, o barroco joanino. Foi consagrada à Virgem Maria e a Santo António em 1730. Contém um dos maiores conjuntos de estatuária italiana, produzidas em Roma e Florença. Em meados do século XVIII, Alessandro Giusti esculpiu os novos retábulos da Basílica. Este artista fundou a Escola de Escultura, futura Real Academia de Belas Artes.
O convento de Mafra
destinava-se aos frades capuchos da Ordem de São Francisco e foi projetado por
João Frederico Ludovice. Em 1730 ingressaram nesta instituição cerca de 328
frades. Com posterior extinção de muitas ordens religiosas, em 1820 viviam aqui
apenas 40 frades até à sua saída definitiva em 1833.
O Palácio Real foi iniciado em
1717 junto ao convento e projetado igualmente por João Frederico Ludovice,
inspirado pelos edifícios barrocos europeus. Trabalho juntamente com o seu
filho, João Pedro Ludovice. No entanto, nos últimos reinados da dinastia de
Bragança, o palácio deixou de funcionar como residência permanente, abrindo ao
público para visita em 1904.
As principais divisões do
Palácio são:
- a Sala de Diana, assim designada
devido à pintura que representa a deusa da caça, Diana, no teto, da autoria de
Cirilo Volkmar Machado, encomendada pelo futuro D. João VI;
- a Sala do Trono, onde decorriam
as audiências régias. As paredes têm frescos da autoria de Domingos Sequeira,
onde estão representadas as oito virtudes reais;
- o Torreão Norte, onde se
encontravam os aposentos do rei;
- o Oratório Norte;
- a Galeria Principal, um dos
maiores corredores palacianos da europa com 232 metros, ligando o Torreão Norte
ao Torreão Sul;
- a Sala das Descobertas, assim
chamada devido à pintura no teto, da autoria de Cirilo Volkmar Machado, onde
estão representados os principais episódios de conquistas ultramarinas;
- a Sala dos Destinos que tem no
teto a pintura intitulada “Templo do Destino”, também da autoria de Cirilo
Volkmar Machado ,onde se encontram os reis de Portugal;
- a Sala da Guarda era a antiga
entrada do Palácio onde se encontrava a Guarda Real. Tem no teto a pintura de
Cirilo Volkmar Machado, “O Precipício de Faetonte”;
- a Sala da Bênção que se encontra
aberta para a Basílica e de onde a família real assistia a cerimónias
religiosas;
- a Sala dos camaristas, onde
ficavam alojados todos os colaboradores da família real;
- o Torreão Sul eram os aposentos
da rainha;
- o Oratório Sul que constituía a
capela dos aposentos da rainha;
- a Sala de D. Pedro V, Sala
vermelha ou Sala de espera era o local onde os convidados aguardavam antes de
serem recebidos pela família Real;
- a Sala de Música, Sala de
receção ou Sala amarela era um espaço de receção de convidados;
- a Sala de jogos, onde se
encontram vários jogos praticados entre os séculos XVIII e XIX, como o bilhar
ou pião;
- a Sala de caça, assim denominada
pela decoração alusiva à caça e aos troféus;
- a Sala de jantar, onde se
realizavam banquetes;
- o Salão dos frades;
- as Celas;
- a Biblioteca, um dos mais
importantes locais do complexo, pela sua dimensão, beleza e riqueza
bibliográfica. Em 1711 iniciou-se a construção das estantes e a partir de 1792
tiveram lugar acabamentos e a transferência de livros. Esta zona encontra-se
junto aos aposentos dos infantes. A organização segue a que foi elaborada por
Frei João de Santana em 1809.
Entre o espólio do Palácio
encontram-se coleções muito relevantes na área da cerâmica, escultura,
ourivesaria, metais, mobiliário, pintura, têxteis e ainda os famosos carrilhões.
A Basílica possui seis órgãos,
únicos no mundo, da autoria de António Machado Cerveira e Peres Fontanes
datando de 1792-1807. Existem dois carrilhões, elaborados em Antuérpia e em
Liège com 92 sinos. São os maiores do século XVIII existentes do mundo. A par
destes existe o maior conjunto de sistemas de relógios e cilindros de melodia
automática.
MJS
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