2023/07/06

Educação e Monarquia: D. João V (1689 – 1750)

 

D. João V (1689-1750), “o Magnânimo”, era filho de D. Pedro II e de D. Maria Sofia de Neuburgo. Casou em 1708 com D. Maria Ana de Áustria.

Este foi o monarca absoluto por excelência em Portugal, não tendo reunido Cortes durante todo o seu reinado. O principal ministro foi o Cardeal da Mota.


(Imagem retirada da Internet)

Numa época de conflitos europeus, D. João manteve uma política de neutralidade, empenhando-se na defesa dos interesses portugueses ao nível do comércio ultramarino. Neste sentido assinou o Tratado de Utreque em 1714 com França e Espanha para que a suserania de Portugal sobre o Brasil fosse reconhecida.

A chegada do ouro do Brasil marcou todo este reinado e permitiu um enorme investimento cultural, técnico, científico e educativo.

Tendo em conta a política de opulência, D. João V mandou edificar inúmeros edifícios, procurando transformar Lisboa numa capital europeia de prestigio. Podem referir-se alguns projetos como a Igreja do Menino Deus, edificada em 1711 e a reconstrução da zona do Terreiro do Paço. O grande edifício da época foi sem dúvida o Palácio de Mafra e o Mosteiro, o maior monumento do barroco português – o Barroco Joanino. As obras iniciaram-se em 1717 sob a orientação de João Frederico Ludovice.


(Imagem retirada da Internet)

Com a construção do Convento de Mafra houve necessidade de recorrer a escultores estrangeiros. A. Giusti, escultor italiano começou a dirigir a Escola de Escultura de Mafra em 1753. O Convento também funcionou como Casa de Risco, orientada por João Frederico Ludovice. A Casa do Risco de Lisboa, deverá ter-se tornado insuficiente para a procura.

Houve, assim, uma renovação das artes devido à vinda de pintores e técnicos desenhadores que ensinaram os operários nas construções. Estas alterações verificaram-se não só ao nível arquitetónico, mas também ao nível das artes decorativas, pintura, escultura, ourivesaria, mobiliário, azulejaria e talha dourada.

A importância dada por D. João V à cultura levou-o a construir a chamada Biblioteca Joanina (1717 – 1728) da Universidade de Coimbra e a Torre da Universidade, concluída em 1733. Como forma de promover o estudo e a investigação aumentou a verba da Universidade para a compra de livros.


(Imagem retirada da Internet)

Entre 1730 e 1740 construiu-se o Aqueduto das Águas Livres que prendia trazer água até à capital. O arquiteto responsável foi Manuel da Maia. Também o Miradouro de São Pedro de Alcântara foi edificado neste período.  


(Imagem retirada da Internet)

O projeto mais extravagante foi a Capela de São João Batista, projetada por Nicola Salvi e Luigo Vanvitelli. Foi construída em Roma e posteriormente transportada para Lisboa para ser montada na Igreja de São Roque.

A produção literária foi uma das formas de afirmar Portugal como grande nação, abordando temas como a história, a geografia ou a língua portuguesa. Com este objetivo foi fundada a Real Academia Portuguesa de História em 1722. A obra de maior relevo da Academia foi a História Genealógica da Casa Real Portuguesa da autoria de António Caetano de Sousa. Destacaram-se autores como Jacob de Castro Sarmento, António Ribeiro Sanches, Francisco Xavier de Oliveira.

A música foi outra das áreas de investimento deste reinado.com a fundação de um seminário de música em 1713. D. João V introduziu a ópera italiana em Portugal, cerca de 1730 e mandou construir um teatro de ópera no Palácio de Belém em 1739.

As ciências foram igualmente privilegiadas pelo monarca, sobretudo a medicina, com traduções de obras estrangeiras. Em 1731 foi fundada uma escola de cirurgia no Hospital Real de Todos os Santos, em Lisboa e em 1746, foram aprovados os estatutos de uma academia cirúrgica no Porto. As outras ciências não tiveram desenvolvimentos particularmente notórios devido ao papel da Inquisição.

A necessidade de uma instrução popular generalizada e gratuita começou a tomar forma durante o reinado de D. João V, apoiado pelas ideias de Martinho de Mendonça (1693 – 1743) e de Luís António Verney (1713-1792) através do Verdadeiro Método de Estudar.

Martinho de Mendonça foi um pedagogo cuja preocupação se centrava no processo de aprendizagem que deveria ocorrer em espaços que motivassem a criança, fomentando a sua curiosidade natural. Os livros utilizados deviam ter imagens que captassem a atenção dos alunos. A leitura foi igualmente objeto de estudo e o pedagogo sugeriu a utilização de jogos e atividades lúdicas para auxiliar neste processo. O perfil do professor poderia condicionar a aprendizagem e, desta forma, Martinho de Mendonça mostrou-se contra os mestres autoritários e despóticos.

Por seu lado, Verney afirmou que as crianças só teriam condições para a aprendizagem a partir dos 7 anos. Apesar destas teorias, a prática demonstrava o contrário: educação rígida, severa e autoritária.

No que respeita aos Mestres-Escola, a sua diversidade era notória até meados do século XVIII, uma vez que exerciam estas funções cumulativamente com outras atividades profissionais. Mesmo quando se dedicavam em exclusivo a esta profissão, a sua remuneração era variável e indeterminada. Todas as suas ações eram controladas e supervisionadas pela Igreja.

A vinda de estrangeirados para Portugal e a divulgação das novas ideias iluministas diminuiu a esfera de influência da Igreja. A instrução passou a estar cada vez mais sob a alçada estatal, estabelecendo-se um plano de rede escolar, consoante a densidade populacional. Criaram-se 479 escolas primárias que subiu para 526 em 1773. Mais tarde seria lançado um imposto sobre o consumo, o “subsídio literário”, que financiava estas escolas.


MJS


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