Nova Escola para Aprender a Ler, Escrever e Contar
Manuel de Andrade de Figueiredo
Segundo Rogério Fernandes, a “revolução” pedagógica do séc. XVIII, tem como uma das manifestações mais interessantes da “influência jesuítica”, relativamente “às conceções fundamentais e moldes de organização escolar”, (p. 41), a obra com o título Nova Escola para aprender a ler, escrever e contar, da autoria de Manuel de Andrade de Figueiredo, datada de 1772.
Dividida em quatro “classes” ou “tratados”, a Nova Escola ocupava-se da iniciação à leitura, caligrafia, ortografia e aritmética, abordando também aspetos mais gerais, como a escolha de professores pelos pais de família, a recusa do método global e a defesa do método silábico, pois “na formação das sílabas consistiria o principal e o maior trabalho do menino” (Fernandes, p.44).
Um aspeto significativo referia-se aos castigos. Figueiredo considerava que “o castigo não se encobre com o amor, pois o mesmo Deus aos que ama castiga. E o castigo se é demasiado parece tirania, se proporcionado é remédio”. Deste modo, condenava os excessos, mas entendia que “a vara e correção são as que dão a sabedoria ao menino” (Figueiredo, p.5).
Andrade de Figueiredo sublinhava a grande importância social da educação – as “qualificações dos súbditos, assegurava sem hesitações, provêm da sua aplicação enquanto meninos e do ensino dos mestres”. Ele próprio Mestre, conhecia as deficiências do professorado e “atribuía à impreparação metodológica dos docentes o facto de os discípulos penarem longamente nas escolas sem aprenderem a ler” (idem, p.44).
Figueiredo defende a elevada dignidade de ensinar e exigia aos mestres uma personalidade moral de exceção, desejando que estes “possuíssem todos os requisitos indispensáveis” (Fernandes, p.42). O seu contributo vai neste sentido e a “Nova Escola é, por isso mesmo, a obra pedagógica portuguesa do século 18 que mais diligencia inserir-se na realidade escolar, na medida em que pretende constituir um ponto de apoio para o docente” (Fernandes, p.46).
Uma edição fac-similada e restrita desta obra, de 1973, afirma que ela é o “mais belo e célebre livro português sobre o ensino da leitura e da escrita bem como da arte da caligrafia”.
Ficha bibliográfica
Figueiredo, Manuel de Andrade de, 1670-1735
Nova Escola para aprender a ler, escrever, e contar... primeira parte / por Manoel de Andrade de Figueiredo, Mestre desta Arte nas cidades de Lisboa Occidental, e Oriental. - Lisboa Occidental : na Officina de Bernardo da Costa de Carvalho, impressor do Serenissimo Senhor Infante, 1722. - [18], 156 p., 44 f. gravadas a buril : il. ; 2º (31 cm)
Cópia digital (Biblioteca Nacional de Portugal)
Bibliografia
Fernandes, Rogério (1978). O pensamento pedagógico em Portugal. Lisboa: Instituto de Cultura Portuguesa/ Secretaria de Estado da Cultura (Biblioteca Breve), pp. 41-46.
Figueiredo, Manuel de Andrade de, Nova Escola ... Edição da Livraria Sam Carlos, Lisboa, [1973] 24x33 cm. XXIV-156-I págs. e 47 gravuras. Edição fac-similada. Restrita edição de 1100 exemplares numerados e assinados pelo editor.
Figueiredo, Manuel de Andrade de, Nova Escola ... Edição da Livraria Sam Carlos, Lisboa, [1973] 24x33 cm. XXIV-156-I págs. e 47 gravuras. Edição fac-similada. Restrita edição de 1100 exemplares numerados e assinados pelo editor.
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