D. Afonso
IV (1291 - 1357), "o Bravo", era filho de D. Dinis e de D. Isabel de Aragão. A
sua relação com o pai foi sempre bastante conflituosa, tendo incitado à guerra
civil diversas vezes. A causa deve-se à preferência de D. Dinis pelo filho
ilegítimo, D, Afonso Sanches, e pelo receio de perder o trono.
Em
1309 casou com D. Beatriz, filha de Sancho IV de Castela. Subiu ao trono em
1325 e convocou Cortes em Évora, onde foi tomada a decisão de desterrar Afonso
Sanches e de lhe retirar todos os bens. Durante o seu reinado houve alguns
conflitos com o seu meio-irmão e com D. Afonso XI de Castela.
A
ameaça muçulmana sanou estes conflitos e D. Afonso obteve uma enorme vitória na
Batalha do Salado em 1340.
As viagens marítimas também foram uma prioridade do seu governo, realizando-se as primeiras viagens às Canárias em 1336. O monarca desenvolveu a marinha portuguesa, subsidiando a construção de uma frota mercante e financiando viagens de exploração.
Ao
nível interno reforçou a administração pública e a centralização do poder real
com a criação dos juízes de fora: os magistrados passaram a ser eram nomeados
pelo rei e não pelos membros dos concelhos. A nobreza foi proibida de exercer
justiça e vinganças privadas, numa tentativa de reprimir os abusos senhoriais.
No que
respeita ao ensino, reorganizou a universidade que foi transferida para Lisboa.
O
final do reinado foi marcado por diversos problemas: maus anos agrícolas que
causaram falta de cereais, um sismo em Coimbra em 1347 que causou enormes danos
materiais e em 1348, a chegada da peste negra que dizimou grande parte da
população.
Não se
pode deixar de referir um dos factos que mais marcou este governo: o
assassinato de Inês de Castro que provocou a rebelião do príncipe D. Pedro. Esta
situação deveu-se à presença de grande número de nobres castelhanos em
Portugal. Ao assumir o seu relacionamento com Inês de Castro, de origem
castelhana, D. Pedro abriu espaço para o aumento de privilégios da nobreza espanhola.
Preocupado com a ascensão ao trono de um dos filhos ilegítimos de D. Pedro em
vez do seu filho legítimo D. Fernando, o rei D. Afonso tentou por todos os
meios terminar o relacionamento do filho. A situação culminou com o assassinato
de Inês de Castro.
MJS