2019/05/29

Escola Industrial e Comercial de Santarém




Escola Industrial e Comercial de Santarém


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Agrupamento de Escolas Dr. Ginestal Machado






A Escola Secundária Dr. Ginestal Machado1 é uma escola portuguesa, do ensino secundário, sediada em Santarém. Atualmente é parte integrante, e sede, do Agrupamento de Escolas Dr. Ginestal Machado, cujo agrupamento pressupõe a direção de quatro escolas desde o ensino primário, ao ensino secundário.

Criada pelo Decreto n.º 40725, de 8 de agosto de 1956, com a denominação de Escola Industrial e Comercial de Santarém, a escola nasce no quadro do desenvolvimento da rede do ensino técnico e profissional em Portugal (no final dos anos 50, do século XX), promovida pelo Ministro da Educação Nacional, Prof. Leite Pinto, procurando dar resposta às necessidades de formação profissional do país.

“Fundada em 1956, a Escola Industrial e Comercial de Santarém funcionou até 1979, ano em que, com o aparecimento do Ensino Unificado, foi posto fim às escolas do Ensino Técnico. Ao fim de 23 anos, terminava assim uma modalidade de ensino que, em Santarém e em todo o país, havia provocado mudanças significativas no panorama da educação escolar de jovens que, com uma formação teórico-prática de apreciável qualidade e actualidade, estavam preparados para o mercado de trabalho” (Notícias do Ribatejo, 2016).


Já em 1935 a Associação Comercial de Santarém tinha procurado, junto do Ministro da Instrução Pública, embora sem sucesso, alcançar a criação de uma escola profissional na cidade. Devido ao desenvolvimento demográfico verificado nos últimos anos em Santarém, tornou-se urgente a construção de um novo edifício escolar que substituísse as precárias instalações da Escola Industrial e Comercial.

Para isso, feita uma prospeção de terrenos, escolheu-se o Planalto do Fau para a implementação da nova escola, quer pela localização cêntrica, quer pelo arejamento de toda a zona.


Dedicou-se a Câmara Municipal de Santarém a urbanizar, com larga visão, todo o local, envolvendo a escola com espaços verdes. Em 1967, a Junta das Construções para o ensino Técnico e Secundário, iniciou a adaptação do 1.º Estudo Normalizado aos condicionamentos específicos do local e do programa apresentado.

Decidida a adjudicação, deu-se início aos trabalhos de construção dos corpos de maior envergadura, tais como o núcleo de Aulas, o Ginásio e as Oficinas. Decorridos dois anos de esforço conjunto da sociedade empreiteira e dos Serviços da Junta das Construções para o Ensino Técnico e Secundário, a Escola passou a receber 1200 rapazes e raparigas, valorização possível pela existência deste núcleo imobiliário.


Analisando a escola, em si mesmo, nota-se que esta procura envolver os jovens num misto conforto intelectual e físico. Para isso, além de campos de jogos, de amplos espaços destinados à convivência entre alunos, tais como refeitórios, espaços para atividades circum-escolares, recreios cobertos, salas de estar para mais intimidade de convivência encontram-se espalhadas funcionalmente pelos Corpos de Salas de Aula, Ginásio e Oficinas, as diversas zonas destinadas aos vários tipos de ensino e de cursos, tais como:
  • §  Formação de serralheiros;
  • §  Formação feminina;
  • §  Formação geral de comércio;
  • §  Formação de montador eletricista;
  • §  Formação de carpinteiro-mercenário;
  • §  Aperfeiçoamento de serralheiro;
  • §  Aperfeiçoamento de comércio.




As dependências destinadas a cada um dos tipos de formação determinam um conjunto de espaços amplos que subdividem o todo escolar nos diversos departamentos e cursos. A escola possui as seguintes dependências:

  • §  16 Salas de aulas normal;
  • §  3 Salas de ciências geográfico-naturais;
  • §  7 Salas de desenho;
  • §  1 Anfiteatro de tecnologia;
  • §  2 Anfiteatros pra aulas de física e de química;
  • §  1 Anfiteatro de geografia;
  • §  1 Sala de contabilidade;
  • §  1 Escritório comercial;
  • §  1 Sala de dactilografia,
  • §  1 Sala de caligrafia;
  • §  1 Laboratório de física;
  • §  1 Laboratório de química;
  • §  1 Sala-oficina para formação feminina;
  • §  2 Salas para trabalhos manuais;
  • §  1 Sala para canto coral;
  • §  1 Oficina de eletricidade;
  • §  2 Oficinas de serralharia;
  • §  1 Oficina de carpintaria-marcenaria;
  • §  2 Ginásios e seus anexos (vestiários e balneários).

A Escola Industrial e Comercial foi o 70.º edifício destinado ao ensino técnico profissional construído pelo Ministério das Obras Públicas e o 111.º edifício escolar entregue ao Ministério da Educação Nacional.

A Escola Industrial e Comercial foi inaugurada em 28 de setembro de 1969, com a presença do  Presidente da República Contra-Almirante Américo Deus Rodrigues Thomaz e os Ministro das Obras Públicas Engenheiro Rui Alves da Silva Sanches e o Ministro da Educação Nacional Doutor José Hermano Saraiva.


As obras de construção civil foram iniciadas em 23 de maio de 1967, tendo ficado concluídas em 23 de junho de 1969. O custo total da obra foi de 21800 contos, cabendo aos edifícios 17.00 contos e 4.800 contos ao seu equipamento.
A área do terreno é de 16.000 m2, sendo a superfície coberta de 5080 m2 e de pavimento 12.450 m2. A empreitada de construção dos edifícios foi entregue à EDIFER-Construção Pires Coelho e Fernandes, S.A.R.L.
Atualmente, a escola industrial passou a Agrupamento de Escolas Dr. Ginestal Machado e situa-se na cidade de Santarém. Criado em 2010, resulta da agregação do Agrupamento de Escolas de Mem Ramires com a Escola Secundária que o nome à nova unidade orgânica. É constituído pelos jardins de infância da Feira (em instalações provisórias desde 1997) e Sacapeito; Escola Básica do Pereiro (1.º ciclo e educação pré-escolar); Escola Básica dos Leões (1.ºciclo); Escola Básica Mem Ramires (2.º e 3.º ciclos) e Escola Secundária Dr. Ginestal Machado (sede) que oferece o 3.º ciclo e o ensino secundário.

O agrupamento conta também com uma unidade de ensino estruturado (UEE) e duas unidades de apoio especializado à educação de alunos com multideficiência (UAM). Refira-se que a Escola Secundária não foi alvo de avaliação no 1.º ciclo de avaliação externa e que o Agrupamento de Escolas de Mem Ramires foi avaliado, na fase piloto, no ano letivo de 2005-2006.

Segundo a Inspeção-Geral da Educação e Ciência (2014) o agrupamento conta com 187 docentes, dos quais 88,8% pertencem aos quadros e apenas 12,8% lecionam menos de 10 anos. A estes, acresce 76 trabalhadores não docentes, dos quais 59,2% têm 10, ou mais, anos de serviço.

1 António Ginestal Machado  (Almeida, 3 de maio de 1874 — Santarém, 28 de junho de 1940)  foi um advogado, professor liceal e político português. Entre outras funções, foi deputado, ministro da Instrução Pública e Presidente do Ministério (primeiro-ministro) durante a Primeira República Portuguesa. Republicano moderado, iniciou a sua actividade política como companheiro de Álvaro de Castro, sendo em 1909 eleito  presidente da Junta Distrital de Santarém. Após a implantação da República Portuguesa passou a liderar o movimento republicano no distrito de Santarém, presidindo à comissão republicana que assumiu o poder a 6 de outubro de 1910 naquela cidade.

P. M. 


BIBLIOGRAFIA:


CARVALHO, Rómulo de (1996). História do Ensino em Portugal. Desde a Fundação da Nacionalidade até ao fim do Regime de Salazar-Caetano. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2.ª edição.

DIAS, Luís Pereira (1998). As outras Escolas. O Ensino Particular das Primeiras Letras entre 1859 e 1881. Lisboa: Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação.

ESCOLA SECUNDÁRIA JERÓNIMO EMILIANO DE EMILIANO (2018). Um pouco de
história… [em linha]. Angra do Heroísmo: Governo dos Açores. [Consult. 16 de abr 2019]. Disponível:  http://esjea.edu.azores.gov.pt/um-pouco-de-historia

INSPECÇÃO-GERAL  DA  EDUCAÇÃO  E  CIÊNCIA  (2014).  Avaliação  externa  das escolas, Relatório, Agrupamento de Escolas Dr. Ginestal Machado [em linha]. [Consult. 16 de abr. 2019]. Disponível: https://www.igec.mec.pt/upload/AEE_2014_Sul/AEE_2014_AE- DrGinestalMachado_R.pdf

NOTÍCIAS DO RIBATEJO (2016). Encontro anual dos antigos alunos, em 27 fev. 2016, comemoração dos 60 anos da fundação da escola [Escola Industrial e Comercial de Santarém, 1956-2016]. [em linha]. Santarém: Notícias do Ribatejo. [Consult. 16  de abr.  de 2019].   Disponível: https://noticiasdoribatejo.blogs.sapo.pt/encontro-anual-dos-antigos-alunos- em-27-3784513

NÓVOA, António, 2003 (dir.) Dicionário de Educadores Portugueses. Porto: Asa.

SILVA, Carlos Manique da (2002). Escolas belas ou espaços sãos? Uma análise histórica sobre a arquitectura escolar portuguesa (1860-1920). Lisboa: IIE.

TENGARRINHA, José Manuel (dir.) (2002). História do Governo Civil de Lisboa. Lisboa: Governo Civil.