Adolfo
Ernesto Godfroy de Abreu e Lima nasceu em Lisboa a 25 de maio de 1874, filho de
Artur Jorge Rubim de Abreu e Lima e de Palmira Olímpia Godfroy de Abreu, uma
família abastada de origem nobre. A sua mãe faleceu quando tinha 12 anos de
idade.
Frequentou
o Colégio Nacional, onde organizou um grupo cénico e um jornal, O Luso. Em Coimbra continuou os estudos
universitários licenciando-se em Direito em 1900 e tendo exercido advocacia
entre 1902 e 1910.
Desiludido
com o meio jurídico, dedicou-se à cultura, à educação e ao teatro. O seu
pensamento sobre a educação baseou-se nos ideais da Escola Nova, contrária ao
pensamento da massificação escolar. Adolfo Lima defende uma escola flexível,
com respeito pela diferença.
Umas
das principais críticas de Adolfo Lima ao sistema de ensino vigente era a
diferenciação entre a educação profissional, para pobres e a educação clássica,
para ricos, que, na sua opinião, reforçava a existência de uma sociedade
dividida em classes sociais. Este tipo de pensamento teve por trás uma forte
convicção anarquista que acompanhou o pensador durante toda a sua vida. A
educação era, assim, uma forma de domínio dos grupos políticos e sociais.
A
alternativa passava por uma escola única com um programa que juntasse os
aspetos manuais e intelectuais, ou seja, uma educação completa e alargada. A
ideia da democratização da sociedade através da escola era um dos pilares do
seu pensamento, promovendo o pleno desenvolvimento do aluno.
Como
tal, Adolfo Lima centrou-se em dois aspetos fundamentais: a liberdade na
educação e o seu caráter integral como forma de desenvolver plenamente o ser
humano, contribuindo para combate à desigualdade social.
Tentou
por em prática estes princípios na Escola Oficina n.º 1 criada em 1905 e em
funcionamento até 1926 em Lisboa, fazendo da instituição uma referência para a
pedagogia. Assim alguns dos princípios adotados foram:
- a existência de trabalhos manuais;
- a
proibição de punições físicas;
- a existência de uma associação de alunos
criada em 1910 conhecida como a Solidária
que organizava festas, refeições, eventos desportivos, etc.;
- a
introdução da dança, do teatro e da música;
- a
inexistência de um livro único;
- as
aulas eminentemente práticas;
- a
abertura da escola a raparigas em 1913, sem disciplinas diferenciadas.
O
desenvolvimento estético foi uma das preocupações de Adolfo Lima, sobretudo no
que dizia respeito à arte dramática. Em 1914, com a publicação da obra O Teatro na Escola, dá-se pela primeira
vez importância a esta vertente disciplinar.
O
pensador lecionou no Liceu Pedro Nunes entre 1911 e 1923 e foi nomeado diretor
da Escola Normal de Benfica ente 1918 e 1921. Manteve-se como docente até 1933,
quando passou a dirigir a Biblioteca-Museu do Ensino Primário.
Fonte
principal: Dicionário de educadores
portugueses / dir. António Nóvoa. - Porto : ASA, 2003.