2022/06/02

Mulheres na ciência: Rosalind Elsie Franklin (1920 - 1958)

 


Rosalind Elsie Franklin, nasceu em Londres em 1920, no seio de uma família judaica, filha de Elis Arthur Franklin, um banqueiro e professor no Working Men’s College e de Muriel Frances Waley. Foi uma química que fez importantes descobertas ao nível das estruturas moleculares do DNA, de alguns vírus e minerais.

Os seus pais tiveram um importante papel no estabelecimento de refugiados judeus da Europa. Rosalind denotou desde cedo excecionais aptidões escolares. Passou por vários colégios e em 1938 estudou no Newnham College, destacando-se na área das ciências. Em 1941 terminou o seu bacharelato e começou a trabalhar no laboratório de Ronald Norrish na Universidade de Cambridge. Rosalind foi pouco encorajada por Nourrish e desistiu desta ocupação.

A British Coal Utilization Research Association (BCURA) contratou-a como assistente de pesquisa em 1942. Aqui desenvolveu vários estudos sobre a porosidade do carvão, classificando-o e prevendo o seu desempenho como combustível. Esta foi a base da sua tese The physical chemistry of solid organic colloids with special reference to coal, apresentada em 1945.

Entre 1946 e 1950, Rosalind trabalhou em Paris no Laboratoire Central des Services Chimiques de l´Etat onde usou a técnica de raios-X para analisar materiais cristalinos. De volta a Inglaterra em 1951 integrou a equipa do King’s College Medical Research Council onde aplicou a técnica do raio-X ao estudo da estrutura e função da molécula de ADN. Nesta altura houve alguns problemas com os colegas de trabalho e a cientista abandonou o laboratório.

Em 1953, Rosalind iniciou estudos sobre o vírus do mosaico do tabaco, ou TMV, que infeta plantas, sobretudo a do tabaco. Passou a trabalhar em Birkbeck College, realizando um trabalho pioneiro com a sua equipa. Ao resolver a estrutura deste vírus, seria possível descobrir a de outros tipos de vírus como o da poliomielite. Conseguiu financiamento para manter a equipa em funcionamento.

Em 1956 começa a sofrer problemas de saúde e confirma-se um cancro nos ovários. A 16 de abril de 1958, Rosalind acaba por falecer. Dois anos depois foi publicado um artigo sobre o tema do vírus da poliomielite que lhe foi dedicado.

Após a sua morte, James Dewey Watson, Maurice Wilkins e Francis Crick utilizaram o material de investigação de Rosalind e confirmaram a dupla estrutura helicoidal da molécula de ADN, o que lhes valeu o Prémio Nobel da Medicina em 1962.

Estrutura de ADN

ME/401250/1719

Escola Secundária D. Dinis

Modelo de ADN, realizado pelos alunos no contexto das atividades pedagógicas de Ciências Naturais.

MJS


2022/05/30

Mulheres na ciência: Gertrude Elion (1918 - 1999)

 


Gertrude Belle Elion, nasceu em Nova Iorque em 1918, filha de Robert Elion, cirurgião dentista e Bertha Cohen, emigrantes judeus. O seu pai era originário da Lituânia e a sua mãe fugiu da perseguição antissemita na Polónia. Foi uma importante bioquímica e farmacologista que se dedicou ao estudo de doenças virais, agraciada com o Nobel da Medicina.

Em 1924 a sua família mudou-se para o Bronx. Gertrude era uma criança que gostava de ciências e admirava cientistas como Louis Pasteur e Marie Curie. Em 1929, a sua família foi atingida pela Grande Depressão que levou à falência do seu pai e ao endividamento. No entanto, o evento que marcará a vida de Gertrude será a morte do avô de cancro no estômago. Ela decide enveredar por uma carreira que lhe permita desenvolver uma cura para esta doença.

Em 1933, após a conclusão dos estudos do ensino básico, ingressa no Hunter College, onde obteve o bacharelato em 1937 na área de química. Em 1939 entra para o curso de mestrado na Universidade de Nova Iorque, concluído em 1944.

Aceita um emprego como assistente de George Hitchings num laboratório farmacêutico conhecido como Burroughs Wellcome, mais tarde, Glaxo Welcome. Gertrude realizou pesquisas em imunologia, virologia e metabolismo de ácidos nucleicos.

Elion e Hitchings estabelecem uma parceria para investigar e entender as diferenças entre células normais e patológicas, vírus e bactérias, bem como a relação de causa e efeito em várias doenças. As suas pesquisas vão revolucionar a medicina com a descoberta de novos medicamentos que recorriam às informações estruturais de proteínas e que não se baseavam exclusivamente na extração de substâncias naturais.

Durante a década de 50 criam medicamentos para a gota, infeções urinárias, malária, herpes viral e outras doenças autoimunes. Em 1950 desenvolveram dois novos tratamentos para o cancro que permitiram a remissão da leucemia. Em 1957 sintetizam a azatioprina, eficaz para prevenir a produção de anticorpos durante o transplante de órgãos.

Em 1960, Gertrude sintetizou o Alopurinol para o tratamento do cancro, da gota, da leshmaniose e da insuficiência renal.

George Hitchings aposentou-se em 1967 e Gertrude abriu o seu próprio laboratório na Duke University, chefiando o Departamento de Pesquisa Médica e Farmacêutica, até se aposentar em 1983.

Em 1978, após 7 anos de pesquisa, Gertrude e a sua equipa produzem o Aciclovir, um antiviral para o tratamento do vírus do herpes, comercializado como Zovirax.

Em 1983, já reformada e como professora emérita, liderou uma equipa de pesquisadores que iriam desenvolver o primeiro medicamento para o tratamento da infeção por HIV.

Ao longo da sua vida desenvolveu 45 patentes em seu nome, recebeu 25 doutoramentos honorários e vários prémios, nomeadamente o Nobel da Medicina em 1988, em conjunto com George Hitchings e James Black.

Faleceu com 81 anos em fevereiro de 1999.

Imagem parietal de bactéria

ME/401857/1218

Escola Secundária de Gil Vicente

O quadro parietal servia para apoio visual das aulas de Ciências Naturais. Representa, de forma naturalista, sobre fundo preto, várias espécies de bactérias de acordo com a forma da célula e com o grau de agregação. As imagens estão muito ampliadas.

 

MJS