2013/12/26

Bibliotecas e Livrarias - uma prática comum?




Bibliotecas e Livrarias – uma prática comum?
José Miguel Ferreira Gonçalves

Livrarias e bibliotecas, hoje em dia, terão assim tantas diferenças? E semelhanças?
Quando olhamos em redor e observamos determinadas livrarias agirem à semelhança de bibliotecas e viceversa, não estaremos a assistir ao diluir de uma fronteira que até aqui parecia claramente definida? Estarão as livrarias a ganhar terreno e a tomar o papel natural que até aqui cumpria às bibliotecas? Poderá a sobrevivência destas estar em causa? Terão as bibliotecas algo a aprender com as livrarias? Estarão as bibliotecas atentas às necessidades e desafios que lhes são colocados?
O ponto de partida para encontrar respostas a estas questões poderá ser o princípio de que a biblioteca não pode ser entendida como mero depósito ou armazém de livros, do mesmo modo que a atual livraria não deverá ser encarada como simples negócio de transação de livros.
Tempos houve em que as livrarias não pareciam apreciar particularmente que se mexesse nos livros; muito menos as bibliotecas mostravam preocuparse com questões de marketing e de imagem. Hoje, constatamos que as livrarias – nomeadamente as especializadas – possuem um espaço de auditório onde promovem debates, organizam apresentações e lançamentos de livros, sessões de autógrafos... enfim, assumem um papel muito mais ativo, participativo e interveniente do que o de simplesmente venderem livros. Talvez preocupadas com a crise que enfrentam, as livrarias perceberam que, se pretendessem sobreviver e vencer num mercado cada vez mais competitivo e concorrencial, teriam de ir buscar e adotar algumas das técnicas do mundo do marketing e da gestão. Mas como? Fomentando antes de mais a promoção, o envolvimento, incutindo a própria necessidade de procura do espaço em si mesmo, enquanto local agradável e acolhedor, onde se pode adquirir, consultar um livro, ou simplesmente folhear uma revista ou jornal.
Numa época marcada por tantos e constantes apelos à atenção das pessoas, não é tarefa fácil encorajar e fomentar hábitos de leitura. E esse é precisamente o principal papel e missão da biblioteca. Para tanto, é fundamental que esta não se feche em si própria. É necessário que esteja atenta, que colha experiências, que as identifique, que as selecione e que as adapte da forma que melhor sirvam os seus propósitos. Daí a importância do domínio de técnicas de comunicação que ajudem a sublinhar a importância e a utilidade dos serviços de uma biblioteca e a captação de públicos. A biblioteca (em particular a biblioteca pública) deverá funcionar no quadro de uma lógica empreendedora, partindo dela própria a iniciativa de captação de públicos, de utilizadores. Não existindo uma única solução, ou uma solução à medida, haverá, porém, a possibilidade de aprender e de melhorar observando experiências bem-sucedidas, importando e adotando modelos que viabilizem o sucesso. E por que não importálos das suas “congéneres” livrarias?
Uma das receitas do sucesso das modernas livrarias parece passar pela localização e escolha do modelo a seguir. A combinação megastore e centro comercial, por exemplo, parece resultar quando se trata de ir ao encontro das necessidades e expetativas de uma ampla diversidade de público. O vasto leque de oferta que se consegue proporcionar e a forma apelativa como se exibem os diferentes produtos, propiciam um envolvimento tal que induz, não só à compra, mas também a uma mais prolongada permanência no interior do espaço comercial. A loja surge como espaço de lazer e de entretenimento. Para este fim também concorre um período alargado de funcionamento e uma equipa de profissionais que ciclicamente se reveza, adaptando-se às necessidades e disponibilidade do público.
De modo similar, constatase que as bibliotecas de hoje começam a adotar, a ser criadas e a funcionar à luz de conceitos modernos como estes, em que a gestão de marketing não é fator despiciendo. Apresentamse como lugares luminosos, apelativos e acolhedores, que convidam o leitor a entrar, a circular, a demorarse, a descobrir e a tomar parte das mais diversas atividades. Decidir sobre a implantação e localização de uma biblioteca implica também conhecer os hábitos, os motivos, as necessidades e mesmo os trajetos dos seus potenciais utilizadores, uma vez que estes irão refletirse na futura utilização do espaço e nos serviços e equipamentos que aquela irá disponibilizar. Da situação da biblioteca – próximo de um campus universitário, de uma zona comercial ou residencial – resultará o público que vier a acolher. No caso das zonas interiores de um país, por exemplo, é particularmente importante que a biblioteca procure constituir-se enquanto polo gerador de uma nova centralidade, capaz de gerar a aproximação das pessoas com os livros, tornandose um lugar de referência, não só para quem estuda e investiga, mas também para quem apenas deseje passar de forma útil e descontraída algum tempo livre – lendo um livro, folheando uma revista ou jornal, escutando um disco ou visionando um filme, ou, simplesmente usufruindo da cafetaria.
Na linha dos cafés da Belle Époque, a moderna livraria parece herdar a tradição de espaço cultural e de tertúlia ao promover a realização de eventos que vão desde o lançamento de livros, passando por encontros com escritores e personalidades das mais diferentes áreas, recitais de música e de leitura, exposições, etc. É preciso também que esta ideia vingue no espaço da biblioteca. A aposta incide claramente numa forte diversificação: oferta para todos e todos os gostos. Enquanto instrumento da vida cultural a biblioteca, nomeadamente a biblioteca pública, revelase cada vez mais como mediateca; um local onde se pode ler, consultar e requisitar livros, mas onde também é possível encontrar discos, filmes e outros suportes de difusão de conhecimento, informação e comunicação (Internet), de um modo geral.
Nesta lógica de pluralidade de funções, o acolhimento e a organização interna desempenham um papel determinante. A aposta no acolhimento é muito importante, pois as pessoas são naturalmente cativadas pela forma como são recebidas e por ambientes acolhedores e agradáveis. E tudo isso levaas a permanecerem um maior número de horas. As livrarias, por exemplo, já o terão entendido. Mais do que preocuparse em estimular e fomentar hábitos de leitura – missão principal da biblioteca – a livraria preocupase em vender e, se possível, num ambiente apelativo e acolhedor que leve o visitante a ficar mais tempo, a demorarse, a sentirse compelido a comprar. A aposta numa equipa profissional, competente e treinada, atenciosa e empenhada, que conheça bem os produtos e que, se possível, domine algumas áreas do saber, contribui em muito para conquistar e fidelizar o cliente.
Também nas bibliotecas temse vindo a tornar cada dia mais importante o papel desempenhado pelo bibliotecário de referência, pois este funciona como o “cartãode visita” da instituição, exigindose dele um número de valências técnicas e humanas, que lhe permitam desenvolver a grande responsabilidade de efetuar a função de charneira entre os serviços da instituição que representa e o público. A existência dos mais variados recursos de informação e comunicação torna imperativo a existência de profissionais de documentação competentes e integrados, que medeiem com eficácia entre as várias fontes e recursos de informação e as necessidades e questões específicas levantadas pelos utilizadores. De igual modo, constatase que uma livraria lucra quando dispõe de funcionários capazes de dar assistência na escolha de livros, a aceitar encomendas por telefone, a facilitar trocas ou devoluções. Tudo isso influi e contribui para aumentar o prestígio de uma entidade e para, em termos globais, projetar uma imagem de qualidade. A adoção de conceitos e técnicas de comunicação, marketing e imagem é, claramente, um dos pontos fortes quando olhamos para as modernas livrarias. Desde a montra ao interior tudo é pensado criteriosamente e nenhum pormenor é deixado ao acaso.
Se as bibliotecas têm algo a colher da experiência das livrarias, do circuito comercial, esse algo parece residir na forma como o produto é exposto, no modo hábil e eficaz de apelar ao consumo. No exterior, montras consagradas a um tema da atualidade, à obra de um escritor recentemente galardoado ou uma promoção especial. No interior, balcões e escaparates exibindo de frente as últimas novidades, placards com recortes de jornais e displays com revistas chamando a atenção para os mais vendidos, as obras exibidas de um modo simples e cativante (destaque dado a um assunto, a uma determinada faixa de público, a uma reedição), sinalização abundante, estantes de fácil acesso e leitura. É importante que as pessoas se sintam compelidas a entrar, a deambular, a pegar e a comprar. Mais do que da quantidade, depende da forma atrativa como os produtos são expostos, o fazer com que as pessoas se tornem frequentadoras assíduas. Daí que se revele importante que tanto livrarias como bibliotecas procurem conhecer o(s) público(s) e as suas preferências de leitura, nomeadamente procurem perceber as dinâmicas que o move: “o que”, “quando” procura, e “de que modo” o prefere fazer. Aqui cabe destacar a possibilidade de deixar ao arbítrio de cada um a possibilidade de ser o próprio a servirse. O permitir o livre acesso às estantes (prática comum nas livrarias), é também já prática seguida por muitas bibliotecas, nomeadamente pelas bibliotecas públicas e generalistas. Não obstante, há que considerar que nem todas as pessoas que visitam ou frequentam uma biblioteca o fazem com propósitos claramente definidos. Umas preferem pesquisar por assuntos e não por títulos específicos, outras poderão optar por “varrer” as estantes e deixaremse surpreender pelo que encontrem. O sucesso desta prática depende não só de uma adequada planificação e organização do espaço, mas também do tipo de estantes e balcões utilizados, do número e dimensão das prateleiras, do uso de bancos e de material de sinalização apropriado, do estilo, da cor e da ergonomia do mobiliário selecionado. Da conjugação destes e de outros elementos resultará o tipo de ambiente criado e deste dependerá a reação do visitante.
No modo como as modernas livrarias constroem e gerem o seu espaço facilmente se detetam analogias com diferentes práticas comerciais – zonas abertas e arejadas, intercalas por “pequenas ruas e travessas” por onde as pessoas circulam livremente e descobrem por elas próprias. A disposição dos livros – nomeadamente tratandose de novidades – é, normalmente, feita de forma altamente sugestiva e apelativa, sempre que possível exibindo a capa, deixando esta “constantemente a falar”. Outra técnica muito adotada é a de colocar os destaques junto à área de entrada, local igualmente estratégico para a exibição de periódicos, tais como revistas e jornais.
A arrumação dos livros é da maior importância. Ao contrário do que é prática comum em muitas bibliotecas, onde não raro impera a tradicional e algo controversa Classificação Decimal Universal, as livrarias optam por “sistemas de classificação” muito básicos. Nestas, é muito comum encontrar as obras arrumadas por grandes rubricas, por categorias, como por exemplo: Arte, História, Literatura, Ciências Sociais e, dentro destas, em divisões, por subclasses; por hipótese, “Arte” desdobrandose em: Arquitetura, Pintura, Fotografia, Cinema... ou, ainda, noutro exemplo, “História” em: Medieval, Moderna, Contemporânea, de Portugal, universal, etc. Esta ordem das coisas não parece impedir quem procura de encontrar o que pretende. As livrarias, porventura por adotarem sistemas mais simplificados do que a generalidade das bibliotecas, encorajam muito o chamado “browsing”, o “selfservice”, o livre acesso que confere às pessoas inteira liberdade de percorrerem estantes e balcões sem constrangimentos de qualquer espécie e terem o gosto de descobrir por si próprias. A localização e a arrumação das obras nas prateleiras é também um fator determinante, pois está comprovado que a prateleira inferior, por exemplo, é particularmente esquecida e que uma disposição das obras com as lombadas alinhadas na mesma direção facilita e estimula a pesquisa. Em conclusão, parece evidente que livrarias e bibliotecas não são realidades tão afastadas e que, embora prosseguindo fins e objetivos diferentes, dada a sua natureza, partilharão, ainda assim, uma espécie de prática comum que as aproxima. Hoje em dia, conforme referido e sublinhado, o domínio de técnicas de marketing e de comunicação, de gestão de vendas, de publicidade, revelase fundamental quando está em causa a captação de público(s). E este é, ou deverá ser, “o” objetivo perseguido tanto por livrarias quanto por bibliotecas. Estas últimas, nomeadamente, poderão retirar importantes benefícios se estiverem atentas a determinadas práticas e experiências e procurarem conhecer o que se passa no circuito comercial livreiro. No entanto, há que ter o cuidado de não resvalar em excessos e ir demasiado longe ao procurar estabelecer o modelo, ou o conceito, de uma “biblioteca organizada como uma livraria”. A biblioteca poderá e deverá apresentarse como um local cativante, acolhedor, mas nunca perdendo a referência de que é acima de tudo um local de investigação, de estudo, de trabalho. Ainda que se encontrem paralelismos que permitem identificar, importar e adaptar determinadas técnicas, conceitos, ideias e experiências a que as livrarias recorrem para o domínio das bibliotecas, há que não perder de vista que uma biblioteca não é na sua essência um negócio, do mesmo modo que uma livraria não (sobre)vive facultando documentos para empréstimo e respondendo a dúvidas e questões de clientes. Ainda que ambas se constituam como entidades dinâmicas e intervenientes dentro dessa grande esfera que é o mercado ou mundo da cultura, cada qual prossegue um fim e uma missão diferente. A razão ou o objetivo último da existência da biblioteca não é o de gerar lucro, receita. Neste particular aspeto não entra em competição direta com outros intervenientes. Independentemente do número de visitas que registe, o papel primordial da biblioteca é o de encorajar e fomentar hábitos de leitura em todos os grupos e faixas etárias. Todavia, enquanto parte integrante de uma sociedade em rápida e constante mudança, é natural que nela se reflitam todo o tipo de pressões e mutações que naquela ocorrem. Nesta medida é importante e fundamental que a biblioteca colha experiências, que as avalie, pondere e as adapte da forma mais adequada às suas conveniências e circunstâncias, com o fim último de servir os propósitos da sua existência: ir ao encontro do, e servir, o público em geral.


FONTES E BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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la formation; Nº 246 (1997), p. 63.
CABRAL, Maria Luísa (1996). Bibliotecas acesso, sempre. Lisboa: Edições Colibri.
GASCUEL, Jacqueline (1987). Um espaço para o livro: como criar, animar ou renovar uma
biblioteca. Lisboa: Publicações Dom Quixote.
JARTON, Cyril. “La librairie dans la spirale du marché”. Le monde de l’éducation, de la culture et
de la formation; Nº 246 (1997), p. 57‐60.
NUNES, Luís Filipe de Abreu (1987). Como organizar uma pequena biblioteca. Lisboa: BAD.
RAYMOND, J. “Librarians have little to fear from bookstores”. Library Journal; Vol. 123, Nº 15
(1998), p. 41‐42.
SILVA GARCIA. “A arquitectura e a biblioteca”. Bibliomédia; (Mar. 1992), p. 13‐19.
THORHAUGE, Jens. “A nova biblioteca: alguns tópicos. Bibliomédia; (Out. 1998), p. 50‐54.
VENTURA, João J. B. (2002). Bibliotecas e esfera pública. Oeiras: Celta Editora.
WALTERS, Robert. “The library, the bookshop and the literature centre”. New Library World;
Vol. 96, Nº 1120 (1995), p. 21‐27.

Na Internet:
COFFMAN, Steve (2000). “And now, a word from our sponsors…: alternative funding for
libraries” [on‐line]. Searcher; Vol. 8, no. 1 (jan. 2000)
http://www.infotoday.com/searcher/jan00/coffman.htm. [Consulta: 23 abril 2013]
KOONTZ, Christie (2002). “Stores and libraries: both serve customers!” [on‐line]. Marketing
Library Services; Vol. 16, no. 1 (jan./fev. 2002)
http://www.infotoday.com/mls/jan02/koontz.htm. [Consulta: 21 maio 2013]
O’BRIEN, Sean (2010). “Escaping the library labyrinth: making libraries user‐friendly”.
Management of libraries and information centers. (dez. 2010) [on‐line]
http://librarysean.com/files/Escaping%20the%20Library%20Labyrinth.pdf. [Consulta: 12 junho
2013]
WOJCIK, Tim [2000]. “Comparing bookstores and libraries”. Exlibris: a weekly ezine for
librarians from Marylaine Block, your librarian without walls [on‐line]
http://marylaine.com/exlibris/xlib43.html. [Consulta: 19 jun 2013]

2013/12/18

Peça do mês de dezembro



Gramofone
Equipamento utilizado em contexto das práticas pedagógicas ao nível de várias disciplinas, nomeadamente da Música. Um gramofone é um aparelho composto por uma base que acomoda um prato circular giratório, acionado através de uma manivela, com um pino central onde se encaixa o disco. Do lado direito, encontra-se um braço com uma agulha que permite fazer a leitura do disco. Ao girar o disco, a agulha entra em contacto com a superfície deste e faz a sua leitura. O som sai amplificado pela corneta, fundamental para emitir o som de forma clara e audível ao ser humano. Está inventariado com o número ME/400890/1 e pertence ao espólio museológico da Escola Secundária António Inácio da Cruz, em Grândola.
A história desta instituição, inaugurada em 1964, encontra-se profundamente ligada à do seu patrono, António Inácio da Cruz (1876 – 1955). Nascido em Grândola, foi um homem que se dedicou à cultura, membro da Sociedade de Geografia e autor de vários artigos e patentes. Após a morte dos pais, Inácio da Cruz deixou todo o seu legado e os seus bens à Santa Casa da Misericórdia de Grândola. Através de vontade expressa no seu testamento, pretendia integrar os seus bens numa fundação que permitisse aos estudantes mais carenciados o acesso à instrução e consequente financiamento dos estudos. Como tal, a fundação foi criada em 1956 e em 1964 foi inaugurada a Escola que ficou com a designação do seu patrono. Nesta data lançaram-se as bases de uma Escola Agroindustrial, que esteve em atividade até Novembro de 1970. Nesta altura foi criada a Escola Técnica de António Inácio da Cruz. Em Outubro de 1977, a Fundação foi extinta. No ano seguinte, todos os estabelecimentos de ensino passaram a ter a designação de Escolas Secundárias, mantendo as nomenclaturas anteriores. Desta forma chegamos à atual Escola Secundária António Inácio da Cruz.
Este aparelho tem origem no cilindro de gravação, criado por Edison. Ao inventar o disco plano em 1887, Emile Berliner desenvolveu uma máquina para a sua reprodução designada por gramofone. Este disco, com uma pista magnética em espiral, tinha maior durabilidade e capacidade e foi utilizado para a gravação e reprodução de música. A agulha do gramofone lia a informação do disco através das vibrações da pista magnética, reproduzindo-a através do amplificador cónico metálico.
O sucesso e a difusão do gramofone por todo o mundo foram imediatos. Inicialmente funcionava com um mecanismo semelhante aos dos relógios, sendo necessário movimentar manualmente uma corda, mas a partir de 1920 passou a ter um motor elétrico e um novo tipo de amplificador. Inicia-se assim uma nova fase no processo de gravação e reprodução de sons.
A sua utilização ao nível das instituições escolares permitiu igualmente uma outra dinâmica em sala de aula. A aprendizagem das línguas estrangeiras podia ser feita através da reprodução sonora facilitando o processo de ensino-aprendizagem. Para além disso, as áreas ligadas à música, dança, teatro e ginástica, adquirem um novo fôlego com a introdução deste invento.

2013/12/12

Tardes no Thalia - 13 de Dezembro de 2013


No dia 13 de Dezembro, a partir das 18 horas, venha passar o seu fim de tarde no Teatro Thália (Estrada das laranjeiras, 205). Contaremos com  presença da Professora Maria João Mogarro que falará sobre o tema A Educação das Mulheres, seguido do Concerto de Natal do Coro Edu(cant)are.

Inscrições obrigatórias, sujeitas à capacidade da sala, através do email: teatro.thalia@sec-geral.mec.pt

2013/12/11

Exposição virtual "A Bússola"




Visite aqui a exposição virtual sobre a temática "A Bússola".

2013/12/04

Samuel Morse (1791 —1872)


Morse no Museu Virtual da Educação


Samuel Finley Breese Morse (17911872) foi um inventor, físico e pintor de origem norte americana. Nasceu em Charlestown, no seio de uma família de tradições puritanas, estudou na Academia Philips, e posteriormente na Universidade de Yale, da qual saiu em 1810.
Prosseguiu os seus estudos na área da pintura na Royal Academy em Londres, entre 1811 e 1815. De regresso aos Estados Unidos, abriu um estúdio de pintura em Boston, tendo-se mudado para Nova Iorque em 1823. Entre a Europa e os Estados Unidos, Morse fundou a Academia Nacional de Desenho e tornou-se professor de pintura e escultura na Universidade de Nova Iorque, obtendo um enorme reconhecimento e fama como retratista.


Durante a década de 1830 criou o telégrafo - “Recording Electric Telegraph”. Este aparelho transmitia sinais a um quilómetro de distância, embora não os recebesse pela mesma linha, o que Morse só conseguiu em 1837. Vários cientistas já se tinham debruçado sobre estas matérias, nomeadamente Wheathstone e Cooke que desenvolveram um aparelho telegráfico com cinco agulhas. No entanto, foi o telégrafo concebido por Morse e Alfred Vail que mais se destacou.



Era formado por uma aparelho emissor e um recetor, permitindo comunicar com uma única tecla que fechava um circuito elétrico quando premida, emitindo um sinal sonoro, luminoso ou um sinal marcado em papel. Desta forma, traduzia sob a forma de pontos e traços o alfabeto, a pontuação e os números. Assim nasce o chamado Código Morse, um sistema de representação de letras, números e sinais de pontuação que combinava traços, pontos e pausas para transmitir informações através de impulsos telegráficos.
Este instrumento funcionava com a chamada “chave de Morse”, um transmissor chave ou manipulador, utilizado para a emissão de sinais de uma, para outra estação, fechando o circuito eléctrico que engloba o circuito da pilha local, linha de transmissão e os aparelhos receptores da estação destinatária.

ME/402436/1851
Morse teve muitas dificuldades em implementar o seu sistema, tendo-lhe sido negado qualquer tipo de apoio financeiro. Mas, em 1843 construiu a linha telegráfica entre Baltimore e Washington, a primeira de muitas que constituíram uma rede por todo o país e posteriormente por todo o mundo. O telégrafo de Morse tornou-se indispensável num mundo em constante mudança, tendo permitido um desenvolvimento crucial da comunicação a longa distância. A partir de 1858 existiam telégrafos por toda a Europa, inclusive em Portugal.
O telégrafo continuou a ser aperfeiçoado, nomeadamente com o trabalho de Thomas Edison. A evolução natural das formas de comunicação fez com que o telégrafo primitivo desaparecesse.

Bibliografia:  
Museu Virtual da Educação (2013) [em linha].
[Consulta: 18 de Novembro de 2013]

Museu da Física da Escola Secundária Alexandre Herculano (2013) [em linha].
[Consulta: 28 de Novembro de 2013]

Baú da Física e Química. Instrumentos antigos de Física e Química de escolas secundárias em Portugal (2013) [em linha]
[Consulta: 18 de Novembro de 2013]

Samuel Morse Biography and Inventions (2013) [em linha]
[Consulta: 18 de Novembro de 2013]

Código Morse: o que é e quando surgiu (2013) [em linha]
[Consulta: 18 de Novembro de 2013]




MJS

2013/11/27

Franz Aepinus (1724 - 1802)



Aepinus no Museu Virtual da Educação


Franz Maria Ulrich Theodor Hoch Aepinus (1724 – 1802) foi um importante astrónomo, físico, matemático e filósofo de origem alemã. A sua família tinha já uma tradição na área da educação e da ciência, uma vez que o seu pai foi professor de teologia na Universidade de Rostock.
Aepinus frequentou a universidade, tendo-se focado na área da medicina e da matemática, dedicando-se ao estudo da trajetória dos corpos em queda, às equações algébricas e diferenciais parciais, bem como aos números negativos.
Em 1755 tornou-se diretor do Observatório de Berlim e membro da Academia de Ciências de Berlim. Durante o período em que dirigiu o observatório fez alguns trabalhos científicos de grande importância na área da eletricidade, juntamente com o seu aluno Johan Carl Wilcke: desenvolvimento das propriedades da turmalina e a mudança da polarização em função da temperatura, neste e noutros metais. Chegou à conclusão que as propriedades elétricas e magnéticas são da mesma natureza.
ME/401018/63/1
Em 1757 tornou-se membro da Academia de Ciências da Rússia, altura em que se estabeleceu em São Petersburgo, lecionando física. Catarina, a Grande incumbiu-o da educação do seu filho.
A sua grande obra foi Tentamen theoriae electricitatis et magnetismi, escrita em 1759, abordando as suas teorias sobre a eletricidade e magnetismo, com base nas teorias de Newton.
Seguindo e melhorando as ideias de Benjamim Franklin, Aepinus concluiu que a eletricidade se encontrava em todos os corpos e o seu excesso ou defeito manifestava-se através de cargas positivas ou negativas, respetivamente. Aepinus contribuiu para o desenvolvimento do condensador e fez vários tipos de melhorias no microscópio. A partir de 1798, Aepinus deixou a vida académica e científica.



Atualmente, o chamado Condensador de Aepinus é um instrumento utilizado em contexto das práticas pedagógicas no Laboratório de Física para detetar a presença de cargas elétricas geradas por indução. Trata-se de um aparelho formado por uma lâmina de vidro e dois pratos de metal dispostos de frente um para o outro. Os pratos estão isolados e podem deslocar-se paralelamente à base do aparelho. Carrega-se o condensador aproximando os dois pratos até ficarem em contacto com a lâmina de vidro, um dos pratos é ligado à terra, o outro prato é carregado com uma máquina elétrica. Este, por sua vez, induz o outro prato ficando ambos com a mesma carga mas de sinais opostos. Em seguida afastam-se os dois pratos. Quanto maior a distância entre os pratos menor a capacitância. Do lado exterior de cada placa existe um pêndulo elétrico de medula de sabugueiro que permite apreciar a carga de cada placa.



Bibliografia:  
Museu Virtual da Educação (2013) [em linha].
[Consulta: 18 de Novembro de 2013]

The McTutor Historyof Mathematics archive (2013) [em linha].
[Consulta: 18 de Novembro de 2013]

Museu da Física da Escola Secundária Alexandre Herculano (2013) [em linha]
[Consulta: 18 de Novembro de 2013]

Kenyon College. Department of Physics (2013) [em linha]
[Consulta: 18 de Novembro de 2013]

Baú da Física e Química. Instrumentos antigos de Física e Química de escolas secundárias em Portugal (2013) [em linha]
[Consulta: 18 de Novembro de 2013]



MJS

2013/11/20

Volta no Museu Virtual da Educação



Volta no Museu Virtual da Educação


Alessandro Giuseppe Antonio Anastasio Volta (17451827) foi um físico italiano, conhecido pela invenção da pilha elétrica. Volta nasceu em Como, na Itália, onde fez os seus estudos. A família desejava que seguisse a vida eclesiástica, pelo que ingressou na escola jesuíta. No entanto, Volta optou pelo estudo da física e abandonou a carreira eclesiástica.
Em 1775 dedicou-se ao aperfeiçoamento de uma máquina denominada eletróforo, um gerador de eletricidade estática, formado por um condensador de prato, inventado em 1762 por Johannes Carl Wilcke.



O eletroforo de Volta consistia numa placa quadrangular e num disco de metal, munido de um cabo isolador. Esfregando a placa com um pano de lã, ela adquire carga eléctrica negativa. Coloca-se depois, sobre a placa, o disco metálico e o seu estado neutro altera-se, ficando a face inferior carregada positivamente e a superior carregada negativamente, devido à influência da placa. Podemos depois descarregar a carga eléctrica negativa para o solo, quando se toca o disco com o dedo, ficando este carregado positivamente.Esta carga pode servir, depois, para carregar um condensador.
Entre 1776 e 1778 realizou vários estudos sobre a química dos gases, tendo conseguido isolar o metano. Em 1779 tornou-se professor de física na Universidade de Pavia, cargo que ocupou durante 25 anos.

ME/401109/211
Cerca de 1800, Volta desenvolveu e construiu a primeira pilha elétrica, um equipamento que produzia corrente elétrica continua, permitindo um excecional avanço na eletroquímica. Era composta por uma série de discos de cobre e de zinco, empilhados uns sobre os outros, alternadamente, o cobre para baixo e o zinco para cima, colocando-se entre os discos rodelas de pano de feltro, embebidas em água acidulada. Ao zinco do último disco superior liga-se um eléctrodo e ao de cobre do último disco inferior liga-se o outro. A eletricidade do zinco comunica-se ao do cobre que lhe serve de condutor e nele se forma o pólo negativo; a electricidade do feltro é recebida pelo cobre do disco superior e passa ao zinco, onde se forma o pólo positivo. A pilha de Volta tem apenas importância histórica uma vez que produz apenas correntes fracas e não tem aplicação prática, mas desta pilha derivam todas as outras.

Em setembro de 1801, Volta deslocou-se a Paris a convite de Napoleão Bonaparte, para efetuar algumas demonstrações sobre o seu novo invento, a pilha, no Institut de France. Em honra do seu trabalho foi nomeado Conde, por Napoleão.
Em 1815, Volta foi nomeado professor de filosofia da Universidade de Pádua, tendo falecido na sua cidade natal em 1827.

Os inventos e investigações de Volta foram fundamentais para o avanço da ciência na área da eletricidade. Apesar da pilha de volta não ter um uso corrente, contribuiu de forma decisiva para os avanços na área da física.





Bibliografia:  
Museu Virtual da Educação (2013) [em linha].
[Consulta: 14 de Novembro de 2013]

Museu da Física da Escola Secundária Alexandre Herculano (2013) [em linha].
[Consulta: 14 de Novembro de 2013]

E-física – Ensino de Física on line (2013) [em linha]
[Consulta: 14 de Novembro de 2013]

Baú da Física e Química. Instrumentos antigos de Física e Química de escolas secundárias em Portugal (2013) [em linha]
[Consulta: 14 de Novembro de 2013]



MJS