2023/03/23

Educação e Monarquia: D. Duarte (1391 - 1438)

 

D. Duarte (1391 - 1438), "o Eloquente", era o filho de D. João I e de D. Filipa de Lencastre. Apesar de ter subido ao trono em 1433 já estava associado ao governo desde 1412. Casou com Leonor de Aragão em 1428.

Durante o seu reinado dá continuidade à política centralizadora do seu pai. Reúne Cortes em Santarém em 1434, promulgando a Lei Mental que determinava que os bens doados pela coroa só podiam ser herdados pelo filho varão primogénito. Através desta lei, que tem este nome por andar na mente de D. João I, a coroa recupera várias terras.

Nestas cortes foi possível avaliar a existência de um número verdadeiramente exorbitante de habitantes que eram analfabetos. Foi determinado que o juiz de uma região devia saber ler e escrever, a não que que não existisse ninguém capaz de o fazer.

O monarca reuniu cortes três vezes, duas em Évora (1435 e 1436) e em Leiria (1438). Reorganizou a administração interna, procedendo à compilação de toda a legislação do reino. Este processo só seria concluído com D. Afonso V.

A política de expansão marítima também tem continuidade, sob a liderança do Infante D. Henrique: em 1434 Gil Eanes passa o Cabo Bojador; em 1435 segue-se para Angra dos Ruivos e em 1436 Afonso Baldaia atinge o Rio do Ouro.


(Imagem retirada da Internet)

Quanto à expansão no Norte de África, D. Duarte é pressionado para continuar e em outubro de 1437 fez-se um ataque a Tânger que teve um resultado desastroso para os portuguesas. Os mouros colocam como condição para a rendição a devolução de Ceuta, ficando o infante D. Fernando cativo. Após a convocar as Cortes de Leiria em 1438, D. Duarte foi obrigado a sacrificar a vida do seu irmão para continuar na possa de Ceuta.

Ao nível à educação, D. Duarte era um homem culto e escreveu o Leal Conselheiro, um tratado sobre ética e moral ou melhor, um manual prático de orientação ética para a monarquia e para a nobreza.

Escreveu igualmente o Livro da Ensinança de Bem Cavalgar Toda Sela, incompleto, mas que versa sobre hipismo e justa equestre medieval.

A partir do século XV tornou-se habitual as classes nobres recorrerem a um precetor, geralmente estrangeiro para a educação dos jovens. A preocupação com um ensino de qualidade torna-se uma das preocupações dos privilegiados.

D. Duarte morre de peste em 1438 e deixa a sua mulher como regente até que Afonso V pudesse governar, uma vez que tinha apenas 6 anos. Isto originou vários conflitos com os irmãos do rei e D. Leonor acabou por ser afastada.


MJS

2023/03/20

Educação e Monarquia: D. João I (1357 - 1433)

 

D. João I (1357 - 1433), "O de Boa Memória" era filho bastardo de D. Pedro I e de Teresa Lourenço e foi o fundador da dinastia de Avis. Foi educado na Ordem de Cristo e nomeado Mestre da Ordem de Avis e Cavaleiro com apenas 6 anos.

Durante o reinado de D. Fernando, o seu meio-irmão, desempenhou alguns cargos políticos. Após a morte do rei em 1383 o país entrou num período de crise de sucessão: D. Beatriz, a herdeira do trono estava casada com o rei de Castela e D. João assume a chefia de um movimento nacionalista para evitar que Portugal ficasse nas mãos de um monarca estrangeiro. Até 1385 têm lugar vários conflitos, com invasões de Castela e o cerco de Lisboa.

Em abril de 1385 reúnem-se Cortes em Coimbra e, através da intervenção de D. João das Regras, o Mestre de Avis é aclamado rei. A situação prolonga-se até 1411, apesar da vitória portuguesa na Batalha de Aljubarrota em agosto de 1385.

D. João I casou com D. Filipa de Lencastre em 1387, na sequência da assinatura do Tratado de Windsor.

Após o período de lutas com Castela e recuperada a estabilidade, D. João tentou impor uma política de centralização do poder real, reduzindo privilégios da nobreza e do clero e convocando Cortes com frequência. Uma das figuras mais poderosas deste reino será D. Nuno Alvares Pereira que recebeu inúmeras recompensas.


(Imagem retirada da Internet)

Com D. João I inicia-se a conquista do Norte de África. Em 1415 ocorre a conquista da Ceuta e são armados cavaleiros os filhos do monarca, D. Duarte, D. Pedro e D. Henrique. Apesar de se ter tornado uma empreitada extremamente dispendiosa, o rei decidiu manter a cidade, uma vez que isso lhe trazia prestígio internacional. Para fazer face às despesas, foram aplicados vários impostos, como as sisas. A partir de 1412, D. Duarte foi associado ao governo do reino.

Após o regresso de Ceuta, o infante D. Henrique dá inicio aos Descobrimentos: Porto Santo (1418), madeira (1419), Açores (1427), expedições às ilhas canárias e exploração da costa africana.

D. João I era um rei bastante culto, dado a sua formação na Ordem de Avis. Mandou redigir a Crónica Breve do Arquivo Nacional e traduzir o Novo Testamento e as vidas dos santos. Foi autor do Livro da Montaria, um manual de caça em 3 livros com 70 capítulos provavelmente redigidos entre 1415 e 1433.

Este gosto pela cultura foi transmitido aos seus filhos que ficaram conhecidos como a Ínclita Geração: D. Duarte foi poeta e escritor; D. Pedro foi um dos príncipes mais viajados e cultos do seu tempo; D. Henrique investiu na investigação relacionada com a navegação, a náutica e a cartografia; D. Isabel casou com o Duque da Borgonha e manteve uma corte erudita e refinada.

No que respeita ao ensino das artes, chegam artistas estrangeiros a Portugal, contribuindo para a atualização dos artistas nacionais. D. João I chamou os mais reputados arquitetos para a construção do Mosteiro da Batalha.


MJS