2023/07/20

Educação e Monarquia: D. José I (1714-1777)


D. José I (1714-1777), “o Reformador”, era o terceiro filho de D. João V e de D. Maria Ana de Áustria. Subiu ao trono em 1750 e teve um reinado marcado pela crise económica que resultou da concorrência estrangeira pelo domínio das colónias e pela diminuição das remessas do ouro do Brasil.

Ao nível externo, seguiu a política do seu pai, mantendo-se neutro em relação aos conflitos europeus. O absolutismo continuou reforçado com este monarca que decretou algumas medidas radicais contra a nobreza e o clero: expulsão dos Jesuítas e execução de alguns nobres acusados de conspiração, como os Távora.


(Imagem retirada da Internet)

O seu homem de confiança foi o primeiro ministro Sebastião José de Carvalho e Melo, Marquês de Pombal. A sua politica teve em conta a reorganização legislativa, económica e social do país.

O acontecimento que marcou todo o seu reinado foi o terramoto de 1755, seguido de um maremoto e de vários incêndios que devastaram a cidade de Lisboa. Graças à rápida ação do Marquês de Pombal, em menos de um ano a baixa da cidade foi totalmente reconstruída. Optou-se por um traçado ortogonal, com ruas direitas, amplas e edifícios semelhantes entre si, usando o método antissísmico conhecido por “gaiola”. Os novos edifícios já tinham saneamento básico. Neste projeto participaram os engenheiros Eugénio dos Santos, Manuel da Maia e Carlos Mardel.

Na sequência deste evento, o Marquês de Pombal aumentou consideravelmente os seus poderes e a sua esfera de influência. Para tal contribuiu o atentado contra o rei em setembro de 1758, na sequência do qual, vários membros da nobreza foram condenados à morte. Em 1759, foram expulsos os Jesuítas.

Apesar deste tipo de política ditatorial, foi nesta época que se aboliu a escravatura em Portugal continental e em que terminou a distinção entre cristãos-velhos e cristãos-novos.

A partir de 1774, D. José foi considerado inapto para governar e a regência foi assumida pela rainha D. Mariana Vitória.

Ao nível educativo, foram várias as medidas tomadas, no sentido de desenvolver a instrução em Portugal. Em 1172 o Marquês de Pombal efetuou uma reforma na universidade: toda a estrutura foi revista, criando-se 6 faculdades, Teologia, Direito Canónico, Direito Civil, Medicina, Matemática e Filosofia. Os programas foram atualizados e recrutaram-se novos professores nacionais e estrangeiros. A orientação desta reforma baseou-se nas ideias iluministas: crítica ao aristotelismo formalista e verbalista e uso do método experimental.

Tentou acompanhar a ciência da época com a criação de um Laboratório Químico, um Jardim Botânico, um Gabinete de Física e um Observatório Astronómico. Pela primeira vez existiam compêndios escolhidos que forneciam aos estudantes as bases das matérias lecionadas.

No que respeita ao ensino das artes, após o terramoto de 1755 foi criada a Casa do Risco de Lisboa, que veio substituir a Aula do Paço da Ribeira. O seu primeiro chefe foi Eugénio dos Santos.

Em 1762, foi criada a Real Escola Náutica no Porto. Em 1763 surgem as Aulas de Desenho na Real Fábrica de Sedas; em 1766 na Fábrica de Estuques; e em 1767 na Fábricas das Caixas.

Igualmente em 1766 abriram-se cursos de Desenho e Arquitetura Civil no Colégio Real dos Nobres e em 1772, na Universidade de Coimbra. Em 1768, com a fundação da Imprensa Régia, começou a funcionar a Aula Oficial de Gravura Artística que funcionou até 1787.

Em meados do século XVIII foi criada uma escola de barristas associada ao Convento de Alcobaça, no âmbito do ensino conventual. O ensino oficial da escultura decaiu devido a questões económicas e à diminuição de encomendas.

Em 1772, com a Carta de Lei de 6 de novembro, o Marquês de Pombal tentou organizar um Sistema Nacional de Ensino, tornando o ensino primário da alçada do Estado. Apesar de tudo, a medida não abrangia toda a população, uma vez que os mais desfavorecidos (assalariados, agricultores ou artesãos) limitavam-se a frequentar as escolas paroquiais.

Embora limitada, esta reforma exigiu uma uniformização na formação e nas competências dos mestres, bem como a criação de um maior número de escolas. O governo criou 479 vagas para mestres, mas a morte do rei inviabilizou o projeto. Nas escolas elementares pombalinas ensinava-se o catecismo, a leitura, a escrita, a aritmética e a gramática, bem como regras de civilidade. A Real Mesa Censória inspecionava e selecionava os professores oficiais e particulares.

O ensino elementar destinava-se a alunos do género masculino, uma vez que as mulheres estavam remetidas às tarefas caseiras. Mesmo ao nível de professores, só em 1790 surgiram as primeiras três Mestras.

  MJS

2023/07/17

Peça do mês de julho/2023

 


Indicador de nível


Instrumento utilizado no âmbito das práticas pedagógicas de Física. Consiste num recipiente com êmbolo interior que se liga a uma vareta graduada, que sobe à medida que os líquidos são introduzidos pela torneira lateral.

Está inventariado com o número ME/400117/26 e pertence ao espólio museológico da Escola Secundária D. Pedro V.

 

MJS