2023/03/30

Educação e Monarquia: D. João II (1455 - 1495)

 

D. João II "o Príncipe Perfeito" (1455 - 1495) era o filho mais novo de D. Afonso V e de D. Isabel. Casou com D. Leonor, sua prima.

Como era hábito, participou na governação do reino durante a vida do seu pai, tendo estado presente na conquista de Arzila (1471) onde foi armado cavaleiro. Entre 1475 e 1476 o seu pai delegou-lhe a regência do reino enquanto se ausentou nas lutas com Castela e com diligências diplomáticas.

O foco do seu reinado foram as descobertas e a luta contra a concorrência castelhana no que respeitava aos territórios conquistados e à exclusividade de navegação da costa africana. Esta política de mare clausum, levou à assinatura do Tratado de Toledo com Espanha em 1480, dividindo o Atlântico pelo paralelo das Ilhas Canárias.

D. Afonso V morreu em 1481 e D. João II teve uma enorme preocupação com a centralização do poder real e com o aumento de poder da nobreza, sobretudo a Casa de Bragança. O monarca reprimiu com violência algumas conspirações, o que fez com que muitos nobres se refugiassem no estrangeiro. Foram reunidas Cortes em 1482, 1483 e 1490.


(Imagem retirada da Internet)

No plano da expansão, toda a costa ocidental africana é explorada, incluindo a travessia do cabo das Tormentas por Bartolomeu Dias em 1488. A partir de então, o monarca preparou uma viagem até à India, enviando emissários por terra para obterem o máximo de informações: Pêro da Covilhã e Afonso de Paiva.

Entretanto, Cristóvão Colombo chega à América e D. João II reivindicou essas terras para a Corte Portuguesa, tendo em conta o Tratado de 1480. Castela opõe-se e seguem-se negociações entre as duas nações que culminam com a assinatura do Tratado de Tordesilhas em 1494. Ficou determinado que a linha que dividia a Terra em duas zonas de influência se localizava a 370 léguas a oeste da Ilha de Santiago em Cabo Verde. Uma vez que esta zona incluía o Brasil, supõe-se que já se conhecia o Brasil.

Ao nível da política externa, D. João II estabeleceu relações diplomáticas com vários países europeus, garantindo o sucesso da política de Descobertas.

Os últimos anos de reinado foram marcados pelo problema da sucessão: o infante D. Afonso, legítimo herdeiro, faleceu em 1491. O rei pretendia que D. Jorge, seu filho ilegítimo herdasse o trono, mas a rainha opôs-se. O sucessor designado acabou por ser D. Manuel, irmão de D. Leonor.

No que respeita à educação e ensino, o desenvolvimento do comércio e da indústria levaram a inevitáveis alterações económicas e culturais: a intensificação das trocas comerciais com o estrangeiro e o aumento de cargos públicos. Estas alterações conduziram à procura de “mestres de saber ler”, recrutados entre estudantes, bacharéis ou clérigos.

Houve uma consciencialização da necessidade de instrução dos filhos, quer ao nível económico quer ao nível social e político. A ascensão social da burguesia necessita do apoio cultural que se baseia na educação. O ensino já não se faz exclusivamente na igreja, mas também na corte e nas casas nobres e burguesas. A maior parte dos alunos era do sexo masculino, mas a instrução também se alargou ao sexo feminino, sobretudo nas classes mais elevadas. A língua nacional afirmou-se, fixando-se por escrito na literatura. Essa mudança irá ocorrer ao longo do século XVI.


MJS

2023/03/27

Educação e Monarquia: D. Afonso V (1432 - 1481)

 

D. Afonso V, "o Africano" (1432 - 1481) era filho de D. Duarte e de D. Leonor de Aragão. O seu reinado divide-se em três períodos distintos: o primeiro vai desde a morte do seu pai, quando D. Afonso tinha apenas 6 anos, até à Batalha de Alfarrobeira em 1149. A regência ficou a cargo de D. Leonor, mas grande parte da população preferia D. Pedro, irmão de D. Duarte. Aquando das Cortes de 1439, o infante D. Pedro foi nomeado regente e D. Leonor foi exilada para Castela.

A educação de D. Afonso ficou a cargo do seu tio, um homem viajado e de grande cultura, tendo uma vertente claramente humanista.

Em 1446 realizaram-se as Cortes de Lisboa e o monarca, já com a maioridade, assumiu a coroa portuguesa auxiliado por D. Pedro. Nesta no mandou publicar as Ordenações Afonsinas, uma compilação de leis que tinha sido iniciada no reinado do seu pai.


(Imagem retirada da Internet)

D. Afonso, casou com D. Isabel de Lancastre, filha de D. Pedro, em 1147. A relação entre o monarca e o tio acabaram por se deteriorar e este é afastado do poder em 1448. Este conflito culminou com a Batalha de Alfarrobeira em 1449, em que D. Pedro foi morto.

Após a morte de D. Pedro, o rei acabou por ser manipulado pela nobreza e pelo clero, havendo um recuo no processo de centralização do poder real.

As campanhas do Norte de África marcaram o segundo período de reinado: em 1458 conquistou-se Alcácer Ceguer, Tânger e Arzila e em 1471, Larache.

Na terceira fase do seu reinado, D. Afonso V orientou-se no sentido da política peninsular: Henrique IV de Espanha morre e era casado com D. Joana de Portugal, sobrinha do monarca português. O plano era casar com a sobrinha e unir os dois reinos, contra a pretensão dos futuros Reis Católicos. Após vários conflitos armados, o rei português assinou o Tratado de Alcáçovas em 1476, em que renunciou aos direitos do trono espanhol.

A política de Descobrimentos foi liderada pelo infante D. Henrique até à sua morte em 1460. Em 1439 iniciou-se a povoação dos Açores. Em 1441 Nuno Tristão atinge o Cabo Branco, em 1443, a baía de Arguim e em 1444, a foz do rio Senegal. As ilhas de Cabo Verde são descobertas em 1456 e chega-se à Serra Leoa em 1460.

D. Afonso IV concedeu o comércio da Guiné a Fernão Gomes em 1469, tendo este a obrigação de descobrir todos os anos 100 léguas de costa. Em 1471 descobriu-se S. Tomé, Príncipe e Ano Bom. Em 1472, Álvaro Esteves passa o Equador e em 1474, João Vaz Corte Real chegou à Terra Nova (ilha do Canadá).

Em 1476, D. Afonso associou D. João, futuro rei ao governo do reino e veio a falecer em 1481.

Ao nível da educação, durante este período coexistiram formas de ensino distintas, consoante os grupos sociais, reproduzindo as desigualdades existentes: os níveis mais elevados contavam com a presença de um precetor, a burguesia recorreu às escolas públicas e os artesãos aprendiam os seus ofícios. No entanto, a instrução continuava a ser um monopólio da Igreja.

Na primeira metade do século XV a afluência ao Estudo Geral já era bastante elevada. Em 1443. D. Pedro decretou a criação de um novo Estudo Geral em Coimbra.


MJS