Ensino da música
II
A música[1]
é uma forma de arte que se constitui basicamente pelo combinar de sons e
silêncio. Assim sendo, é uma representação, por excelência, das práticas
culturais e humanas – não existem, na atualidade, civilizações que não possuam
manifestações ou representações musicais próprias. A escola,
em si mesma, enquanto referência cultural, é um elo de promoção de múltiplas
experiências e, acima de tudo, consolida vivências e saberes quer ao nível
epistemológico quer ao nível estético.
Na monografia música na escola
primária da autoria de Edna Almeida del Valle e Niobe Marques da Costa (4.ª
edição brasileira de 1971) são delineadas, primeiramente, algumas considerações
sobre as vantagens da aprendizagem da música. Entre inúmeras vantagens, o
canto, enquanto expressão artística é vista como uma etapa fundamental do
desenvolvimento intelectual:
“O
canto envolve uma série de ações que proporcionam o desenvolvimento: — da
acuidade auditiva, uma vez que do bem ouvir dependerá, em grande parte, a
reprodução dos sons.” (Valle e Costa, 1971:10)
Na Figura 1, índice da monografia acima referenciada, são apresentadas
metodologias e pedagogias decorrentes do ensino da música:
ü Coadjuvante
de matérias curriculares;
ü Incentivo
à educação cívica;
ü Estrutura
disciplinadora e estruturante;
ü Auxiliar
do sentido critico-estético.
Como verificamos, a música, em si mesma, não aparece desgarrada das
atividades holísticas de aprendizagem, ao invés, é vista como coadjuvante e como
forma de ligação interdisciplinar. Para além deste facto, destaca-se a educação
musical como uma estrutura disciplinadora e estruturante:
“[…] a
obtenção de disciplina ativa, a disciplina que vem de dentro para fora,
consciente, disciplina autónoma - em que
o próprio aluno, movido pelo interesse da música, se impõe a si mesmo
[…].”(Valle e Costa, 1971:20)
Para além deste princípio proactivo e autónomo, o aluno atento aguça o
seu sentido crítico e abre-se a novas e exigentes experiências estéticas — a
educação musical, tomada quer como promotora de conteúdos específicos e/ou
facilitadora da socialização, interage com o trabalho escolar e relações de
cooperação dentro e fora da escola, que só podem afirmar mais-valias de
cidadania.
“Criar,
vivenciar, apreciar e interpretar músicas são práticas que devem constituir a
base das aulas de música. Certamente tais parâmetros precisam ser realizados e
inter-relacionados a partir de objetivos claros, tendo o cuidado de que nenhuma
atividade seja aplicada aleatoriamente. Mas é preciso, também, ter consciência
de que, no contexto das escolas, a brincadeira e o prazer que podem envolver
uma atividade dessa natureza são requisitos, muitas vezes, fundamentais para
que o professor obtenha sucesso na sua proposta educativa.” (Queirós e Marinho,
2009:65)
Queirós e Marinho (2009:65) estão conscientes de que a música é muito mais
do que práticas estruturantes, a música, em si mesmo, é fruição – o sucesso do
bem-fazer, hoje e sempre, são uma prática pedagógica aliada à aprendizagem prazerosa.
A criatividade, seja na música,
seja em qualquer área do saber, constrói pontes, dinâmicas imaginante que se instalam
em semânticas viventes e para viventes.
O capítulo três e quatro são dedicados, inteiramente, a procedimentos
didáticos, tais como, as técnicas para o ensino da música e exercícios
preparatórios. Para além desta parte teórica, são contempladas algumas
aplicabilidades do uso da música em contexto escolar – o capítulo cinco, todo
ele, está vocacionado para a organização das festas na escola. Por fim são
apresentados alguns hinos oficiais, enfim, é apresentado, na prática, o por quê
do estudo da música:
“O processo de ensino e
aprendizagem da educação musical consiste na interação de um conjunto de
atividades relacionadas com a audição, interpretação e composição. Esta
interação carateriza-se por três aspetos essenciais: o primeiro é que todas
estas atividades são atividades criativas; o segundo, diz respeito ao facto de
que as práticas musicais podem envolver mais do que uma atividade em
simultâneo. O terceiro e último aspeto diz respeito ao fato de ouvir,
interpretar e compor estar interligado com os contextos de criação e ação
artística, sociais, culturais, históricos e estéticos através de abordagens
nomeadamente a outras artes e áreas científicas, humanas e tecnológicas.” (Vasconcelos,
2006:5)
Bibliografia:
CARVALHO, Rómulo de
(1986). História do ensino em Portugal, desde a nacionalidade até ao fim do
regime de Salazar-Caetano. Lisboa Fundação Calouste Gulbenkian.
IRIA, Alexei
Valerievich Kozlov (2011). O ensino da música em Portugal – desde 25 de Abril
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NETO, Borges
Hermínio; SANTANA, José Rogério (2001). “Fundamentos Epistemológicos da Teoria
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pesquisa educacional do nordeste: educação, desenvolvimento humano e cidadania;
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VALLE, Adna Almeida
del; COSTA, Niobe Marques da (1971). Música na escola primária. Rio de Janeiro:
Liv. José Olympo.
VASCONCELOS, António
Ângelo (2006). Ensino básico: 1.º ciclo do ensino básico: orientações
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QUEIROZ, Luis
Ricardo Silva; MARINHO, Vanildo Mousinho. “Práticas para o ensino da música nas
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\http://www.abemeducacaomusical.org.br/Masters/revista_musica_na_escola/5_praticas_para_o_ensino.pdf>
[Consulta: 2 abril 2013].
P. M.