2025/07/10

Muitos Anos de Escolas – Volume II – Edifícios para o Ensino Infantil e Primário – Anos 40 – Anos 70 – Capítulo II – Os Edifícios dos Centenários (Parte I)

 

(Imagem da capa do Mapa Definitivo das Obras das Escolas Primárias - Plano dos Centenários)


 

II – Os Edifícios dos Centenários

    1. A Delegação para as Obras de Construção de Escolas Primárias

    2. Os Novos Projetos

 

Em 1943 foram distribuídos 500 exemplares do Mapa Definitivo das Obras de Escolas Primárias: Plano dos Centenários junto dos Governos Civis, Juntas de Província e Câmaras Municipais. Procedeu-se igualmente à implementação de um Questionário que deveria ser preenchido pelos Municípios e que permitiu avaliar as condições locais para iniciar as construções.

Para dar resposta ao tratamento administrativo de todas estas questões, foi criada a Delegação para as Obras de Construção de Escolas Primárias. Em 1944 deu-se inicio à I Fase do Plano dos Centenários. Os planos tipo inicialmente previstos foram reapreciados, baseando-se nas mesmas plantas e obedecendo a dois tipos: edifícios para um só sexo ou edifícios com separação para os dois sexos. A economia de construção esteve subjacente a este planeamento, reduzindo-se os pormenores arquiteturais à exceção da “chaminé algarvia” que caraterizou o Tipo Alentejo.

No que respeitou à Direção dos Edifícios Nacionais do Norte, a cargo do Arquiteto Manuel Fernandes de Sá, os projetos foram os seguintes:

 

(Imagem dos Projetos Aprovados em 1944 do Arquiteto Manuel Fernandes de Sá)

 

(Peças desenhadas dos edifícios de 1 Sala Tipo Douro - Granito e Douro Tijolo (lado esquerdo) e do Tipo Minho- Granito e Minho-Xisto (lado direito)


(Peças desenhadas dos edifícios de 2 Salas, 2 sexos - Tipo Douro - Granito e Douro Tijolo (lado esquerdo) e do Tipo Minho- Granito e Minho-Xisto (lado direito)




Fonte: BEJA, Filomena, et al. Muitos Anos de Escolas – Volume II – Edifícios para o Ensino Infantil e Primário – Anos 40 – Anos 70. Lisboa, Ministério da Educação – Departamento de Gestão de Recursos Educativos, 1996.

MJS


2025/07/07

Educadores Portugueses dos séculos XIX e XX: João Diogo (1868 – 1923)

 

(Imagem do autor retirada da internet)


 

João Diogo do Carmo nasceu a 14 de abril de 1868, em Lamego, filho de um médico que faleceu quando tinha 11 anos. Frequentou a Escola Politécnica do Porto onde se formou em Ciências Físico-Naturais.

A sua vida profissional iniciou-se com a docência no Liceu e no Colégio de Lamego. Mais tarde, já no Porto, exerceu funções de professor no Colégio de Santa Maria, no Colégio Nossa Senhora da Glória e no Colégio São João da Foz do Douro.

Em 1902 publicou A nova reforma do ensino secundário em França. Em 1905 tornou-se proprietário do Colégio de Nossa Senhora da Boavista, no Porto, do qual foi diretor até 1923. Em 1906 criou um jardim de infância anexo ao Colégio, tendo adotado o método fröbeliano. Este método encarava a educação como um processo global de transmissão de conhecimentos académicos, físicos, emocionais e sociais. Salientava a importância do brincar e da exploração do mundo ao redor da criança, sendo o educador um mediador no processo de aprendizagem.

Em 1909 introduziu os trabalhos manuais de cartonagem e modelação na instrução primária e em 1912, os trabalhos em madeira, vidro e ferro. Neste ano fundou igualmente a Biblioteca da Educação, uma coleção de livros da Livraria Chardron, com o objetivo de orientar pais e professores na educação da criança.

Em 1913 apresentou ao parlamento a proposta de criação de uma Escola Nova de caráter público, que foi rejeitada. João Diogo sempre defendeu esta corrente, criticando a escola tradicional. A Base XII da proposta de lei definiu alguns princípios básicos da escola nova portuguesa:

- educação física: vida ao ar livre, trabalhos manuais obrigatórios, agricultura e jardinagem;

- educação intelectual: ausência de memorização, privilegiando a reflexão, adoção do método científico e aplicação da psicologia;

- educação moral: liberdade moral que remeta para uma regra individual que venha de dentro para fora, educação para a responsabilidade e autonomia, mérito pessoal e neutralidade religiosa.

No seu Colégio, o educador pôs em prática estes princípios, valorizando os trabalhos manuais, encaminhando os alunos para as suas aptidões profissionais, fazendo visitas de estudo, colónias de férias, sociedades literárias e musicais, entre outros. João Diogo instituiu um código de conduta, os 13 preceitos de Franklin: “temperança, silêncio, ordem, resolução, economia, trabalho, sinceridade, justiça, moderação, asseio, tranquilidade, castidade e humildade”. 

 

Fonte principal: Dicionário de educadores portugueses / dir. António Nóvoa. - Porto : ASA, 2003.


MJS