João
Diogo do Carmo nasceu a 14 de abril de 1868, em Lamego, filho de um médico que
faleceu quando tinha 11 anos. Frequentou a Escola Politécnica do Porto onde se
formou em Ciências Físico-Naturais.
A sua
vida profissional iniciou-se com a docência no Liceu e no Colégio de Lamego.
Mais tarde, já no Porto, exerceu funções de professor no Colégio de Santa
Maria, no Colégio Nossa Senhora da Glória e no Colégio São João da Foz do
Douro.
Em
1902 publicou A nova reforma do ensino
secundário em França. Em 1905 tornou-se proprietário do Colégio de Nossa
Senhora da Boavista, no Porto, do qual foi diretor até 1923. Em 1906 criou um
jardim de infância anexo ao Colégio, tendo adotado o método fröbeliano. Este
método encarava a educação como um processo global de transmissão de
conhecimentos académicos, físicos, emocionais e sociais. Salientava a
importância do brincar e da exploração do mundo ao redor da criança, sendo o
educador um mediador no processo de aprendizagem.
Em
1909 introduziu os trabalhos manuais de cartonagem e modelação na instrução
primária e em 1912, os trabalhos em madeira, vidro e ferro. Neste ano fundou
igualmente a Biblioteca da Educação,
uma coleção de livros da Livraria Chardron, com o objetivo de orientar pais e
professores na educação da criança.
Em
1913 apresentou ao parlamento a proposta de criação de uma Escola Nova de
caráter público, que foi rejeitada. João Diogo sempre defendeu esta corrente,
criticando a escola tradicional. A Base XII da proposta de lei definiu alguns
princípios básicos da escola nova portuguesa:
-
educação física: vida ao ar livre, trabalhos manuais obrigatórios, agricultura
e jardinagem;
-
educação intelectual: ausência de memorização, privilegiando a reflexão, adoção
do método científico e aplicação da psicologia;
-
educação moral: liberdade moral que remeta para uma regra individual que venha
de dentro para fora, educação para a responsabilidade e autonomia, mérito
pessoal e neutralidade religiosa.
No seu Colégio, o educador pôs em prática estes princípios, valorizando os trabalhos manuais, encaminhando os alunos para as suas aptidões profissionais, fazendo visitas de estudo, colónias de férias, sociedades literária e musicais, entre outros. João Diogo instituiu um código de conduta, os 13 preceitos de Franklin: “temperança, silêncio, ordem, resolução, economia, trabalho, sinceridade, justiça, moderação, asseio, tranquilidade, castidade e humildade”.
Fonte
principal: Dicionário de educadores portugueses / dir. António Nóvoa. - Porto :
ASA, 2003.
MJS