2025/08/21

Educadores Portugueses dos séculos XIX e XX: João de Andrade Corvo (1824 – 1890)

 

(Desenho do autor retirado da internet)

 

João de Andrade Corvo nasceu em Torres Novas a 30 de janeiro de 1824, no seio de uma família abastada, partidária de D. Miguel durante as guerras liberais.

Em 1934 a família mudou-se para Lisboa e em 1839, Andrade Corvo frequentou a Escola Politécnica. A sua educação ficou a cargo do tio, o general Nuno Augusto de Brito Taborda. Em 1844 tornou-se lente substituto da cadeira de Botânica. Frequentou igualmente a Escola do Exército, onde concluiu Engenharia militar.

Dedicou-se à escrita e à divulgação da sua visão do desenvolvimento material de Portugal, que só poderia ocorrer através da ação de especialistas técnico-pedagógicos e da reforma da administração pública e da liberalização da economia.

Após a criação do Instituto Agrícola em 1853, tornou-se professor de Economia Rural e posteriormente, diretor do Jardim Botânico. Em 1859 integrou o Conselho Superior de Instrução Pública, defendendo a mecanização e o ensino agrícola como a base da dinamização da agricultura portuguesa.

Em 1865 foi eleito deputado pelo Partido Regenerador e, em 1866, tornou-se Ministro das Obras Públicas, Comércio e Indústria. Durante este período fundou o Crédito Agrícola e promoveu a construção do caminho-de-ferro na região do Minho e Alto Douro.

No que respeitava à instrução primária, Andrade Corvo reconheceu a necessidade de uma distribuição mais alargada da escolaridade a ambos os sexos e a todas as classes sociais. Para tal, era preciso um aumento da qualidade e quantidade de escolas por todo país. Propôs, como tal, criar uma escola normal por cada distrito, apostar na formação pedagógica de professores, realizar inspeções escolares e organizar os currículos escolares.

Regressou à Câmara dos Deputados em 1869 e em 1871 foi eleito Par do Reino e Ministro dos Negócios Estrangeiros. Para Andrade Corvo, Portugal tinha um peso político bastante inferior a outras nações europeias e era imprescindível estabelecer acordos e alianças políticas e comerciais com outros países.

Em 1875 foi Ministro da Marinha e do Ultramar e implementou a Comissão Central Permanente de Geografia, tendo em vista o desenvolvimento das colónias portuguesas. Em 1879, com a queda do governo regenerador, foi afastado dos cargos políticos.

Em 1881 iniciou a carreira diplomática, tendo desempenhado um papel de relevo na Conferência de Berlim (1884-1885) e no delinear do chamado “Mapa Cor-de-Rosa”.

 

Fonte principal: Dicionário de educadores portugueses / dir. António Nóvoa. - Porto : ASA, 2003.

 

 MJS


2025/08/18

Muitos Anos de Escolas – Volume II – Edifícios para o Ensino Infantil e Primário – Anos 40 – Anos 70 – Capítulo II – Os Edifícios dos Centenários (Parte V)

 

II – Os Edifícios dos Centenários

    3. A Realização das “Fases” do Plano dos Centenários

    4. Alterações aos Projetos

 

Durante o ano de 1944 viveu-se um período de grande carestia e racionamento de bens essenciais, tanto nas casas particulares como nas cantinas das escolas. Apesar disso, o estado mostrava algum dinamismo com construções efetuadas em diferentes áreas, desde os aeroportos até aos estádios. Desta forma, foi anunciada a execução da primeira fase do Planos dos Centenários a 13 de maio de 1944, com 561 edifícios escolares e 12 500 salas de aula previstas.


(Imagem/Tabela onde constam os totais nacionais previstos no Plano dos Centenários divididos por distritos entre as várias zonas - Norte, Centro, Lisboa, Sul, Madeira e Açores)



Até meados da década de 60 houve 5 fases do Plano dos Centenários, sempre com atrasos. Era bastante difícil encontrar terrenos disponíveis que cumprissem os requisitos básicos indicados:

- orientação entre Nascente e Sul;

- área não inferior a 2000 m2;

- planos e geologicamente compatíveis com a construção;

- pontos de água ou fácil acesso aos mesmos.

Como tal, as escolas foram sendo construídas em locais afastados das povoações e muitas sem água potável, implicando uma deslocação de vários quilómetros para as crianças.

Ao longo das diversas fases deste Plano foram sendo feitos ajustes e alterações nas técnicas de construção e aos projetos iniciais dos edifícios. Conforme as escolas foram sendo concluídas perceberam-se algumas deficiências no seu funcionamento e a falta de normalização de alguns componentes. Os cortes orçamentais levaram a alterações à traça inicial das Escolas dos Centenários.

Como exemplo, apresenta-se o Alçado principal do Tipo Beira Litoral –Cantaria, salas, como foi apresentado pelo Arquiteto Joaquim Areal e como foi aplicado.


(No topo da imagem encontra-se o desenho do edifício simplificado pelo arquiteto e em baixo, a sua aplicação prática por parte da DGCE) 


 

Fonte: BEJA, Filomena, et al. Muitos Anos de Escolas – Volume II – Edifícios para o Ensino Infantil e Primário – Anos 40 – Anos 70. Lisboa, Ministério da Educação – Departamento de Gestão de Recursos Educativos, 1996.


MJS