António
Augusto Martins nasceu a 25 de dezembro de 1887 em Murça, filho de Filipe José
Alves Martins, professor primário e de Mariana Jesus Camacho. Durante os
primeiros anos de instrução foi aluno do seu pai, tendo transitado em para a
Escola Normal do Porto, onde concluiu o curso em 1908.
Em
1909 iniciou funções docentes em Avidagos, Mirandela, tendo casado com Isabel
Maria Vaz P. Madureira Lobo Martins. Em 1912 tornou-se professor efetivo em
Gaia, onde promoveu a criação de uma escola móvel. Posteriormente lecionou na
Escola de Santa Marinha. Sugeriu à instituição a mudança de nome para Escola
Ferreira de Macedo e tornou-se Diretor da mesma.
A
partir de 1913 iniciou a sua colaboração jornalística com A Pátria Nova, periódico republicano dirigido por Alfredo Moreira.
Fundou também o Grémio dos Professores Primários Oficiais de Gaia. Foi
militante do Partido Socialista durante alguns anos e aderiu à maçonaria,
fazendo parte do Grémio Progredior do qual foi Presidente.
Em
1919 a gestão dos serviços do ensino primário passou das Câmaras Municipais
para as Juntas Escolares, o que favoreceu uma certa autonomia dos professores.
António Augusto Martins foi eleito secretário da Junta Escolar de Gaia, lutando
pela autonomia administrativa dos docentes. O autor defendeu as Escolas Normais
e os conhecimentos aí veiculados como o centro de uma cultura profissional. Não
foi só adepto da formação de professores, mas também da construção de
infraestruturas.
Em
1921 passou a colaborar com A Federação
Escolar, tornando-se secretário da redação em 1922 e diretor em 1925. Com
Justino Teixeira da Mota partilhou a Livraria Escolar Progredior. editora de
manuais escolares e de outro tipo de obras.
Os
seus editoriais neste periódico versaram temas relacionados com a classe
docente, nomeadamente o aumento dos salários, o associativismo ou a redução de
prerrogativas das Juntas de Educação.
Em
1927, as suas reivindicações fizeram-se sentir, reclamando com o aumento de
vencimentos dos funcionários superiores do Ministério da Instrução, garantido
através do pagamento de emolumentos. Como consequência A Federação Escolar foi suspensa e Augusto Martins teve cortes no
vencimento. Voltou a tentar publicar mais um editorial contrário ao governo e
teve um ano de suspensão com o salário reduzido para metade. Foi o momento em
que se afastou do ensino, passando a viver com severas dificuldades
financeiras.
Na
casa onde residia abriu um internato escolar e começou a produzir manuais
escolares para as Edições A.A. Martins, após a sua saída da Livraria Escolar
Progredior. Não desistindo da ideia de manter um jornal, publicou A Federação Escolar, entretanto
suspensa, e depois A Tribuna Escolar
a que se seguiu A Tribuna da Federação.
Foi formalmente impedido de dirigir qualquer tipo de publicação.
No
final de 1927 foram proibidas as atividades da União do Professorado Primário,
apreendidos os seus bens e detidos vários docentes. Augusto Martins foi também
perseguido pela polícia, mas conseguiu fugir.
Em
1928 a União foi extinta e o educador foi acusado de ter ligações às
organizações soviéticas. Acabou por se entregar às autoridades e a acusação
ficou sem efeito.
Em
1929 foi levantada a proibição sobre a publicação A Federação Escolar. Augusto Martins retomou a direção, mas foi
preso alguns dias depois. Libertado e preso novamente, a sua saúde e a sua
situação financeira encontravam-se bastante debilitadas. Faleceu a 16 de
outubro de 1929, tendo deixado um enorme contributo para a construção da
consciência de classe dos professores primários.
Fonte
principal: Dicionário de educadores portugueses / dir. António Nóvoa. - Porto :
ASA, 2003.