2021/08/05

Vila Viçosa, Vila Ducal Renascentista

 

Vila Viçosa, Vila Ducal Renascentista apresentou a sua candidatura a Património Mundial da UNESCO.

Localizada no Alentejo Central, distrito de Évora, Vila Viçosa é uma vila portuguesa, sede do município que se divide em quatro freguesias: Elvas, Alandroal, Redondo e Borba.

A importância desta localidade reside no fato dos Duques de Bragança aqui terem mantido as suas propriedades e o Paço Ducal até à Proclamação da República.

Foi ocupada por romanos e árabes até à reconquista levada a cabo por D. Afonso II em 1217. D. Afonso III em 1270 concede um foral e o nome da região muda de Vale Viçoso para Vila Viçosa. No século XIV D. Dinis constrói o Castelo de Vila Viçosa.

Durante a crise de 1383-85, o comendador -mor da Ordem de Avis, traiu Portugal tomando o partido de Castela e tomou a Vila, o que fez com que a população fugisse para Borba. Depois da Batalha de Aljubarrota, a vila foi libertada.

Em 1461, a localidade passou a fazer parte do Ducado de Bragança. Em 1502 inicia-se a construção do Paço Ducal que se tornou a sua sede. D. Manuel I Concede o foral à região em 1512.

Com o início da Dinastia de Bragança, em 1640, Vila Viçosa perde a sua importância tornando-se uma residência de férias. Em 1646, D. João VI ofereceu a coroa de Portugal a Nossa Senhora da Conceição que se tornou Padroeira de Portugal. Aqui se encontra o Santuário Nacional de Nossa Senhora da Conceição.

A partir da implantação da República, deu-se a decadência da Vila. Só na década de 1930, com a exploração dos mármores de Estremoz e a abertura do Paço Ducal ao turismo, Vila Viçosa iniciou um período de desenvolvimento.

O património cultural de Vila Viçosa é de extrema importância, podendo apontar-se vários exemplos: a Praça principal, o Paço Ducal, o Palácio Matos Azambuja ou Casa dos Arcos, o Castelo, o Chafariz d'El-Rei, o Convento da Esperança, o Convento das Chagas de Cristo, o Convento de Santa Cruz, a Igreja e Convento dos Agostinhos, o Convento dos Capuchos, o Cruzeiro da Serpente ou da Lapa, as Ermidas de São Bento, São João Batista, São Luís e São Jerónimo, a Estátua Equestre do Duque de Bragança, a Igreja de São João Evangelista, o Santuário de Nossa Senhora da Conceição, entre muitos outros.

O foco é, no entanto, o Paço Ducal, situado no Terreiro do Paço desta Vila. É uma das obras primas da arquitetura da Idade Moderna, tendo sido Nicolau de Frias o arquiteto responsável, iniciando o projeto e Pero Vaz Pereira que concluiu a obra.

D. Fernando (1403 – 1461) tornou Vila Viçosa a sede do Ducado de Bragança. Foi, no entanto, com D. Jaime, o 4º Duque de Bragança, que se iniciou a construção de um novo palácio – O Paço Ducal. Em 1501 iniciaram-se as obras, entretanto interrompidas com a expedição a Azamor. Datam desta época o claustro, a zona da Capela e as salas da Armaria.

D. Teodósio, o 5º Duque, aproveitou o facto da sua irmã se ter casado com o infante D. Duarte para ampliar o Palácio devido às festas do matrimónio que aí ocorreu em 1537. Foi erguida a fachada revestida a mármore. Foram sendo feitos inúmeros melhoramentos até 1640.

Com a subida ao trono de D. João VI, o palácio tornou-se uma residência de férias. D. João V alterou a capela, a cozinha e o pavilhão dos quartos novos. D. Maria I acrescentou as Salas de Jantar e dos Vidros. D. Carlos e D. Amélia fizeram igualmente inúmeras obras, passando aqui várias temporadas.

Após a implantação da República, o Paço continuou na posse da Casa de Bragança, uma vez que se tratava de um bem familiar. Em 1933 D. Manuel II entregou o Palácio à Fundação da Casa de Bragança que o transformou num Museu. Inclui inúmeras obras de arte, pintura, mobiliário, escultura, etc. Deve-se destacar a obra artística do rei D. Carlos e a Biblioteca.

 

MJS

2021/08/02

A Rota de Magalhães: a primeira viagem à volta do mundo

 


A Rota de Magalhães, a primeira viagem à volta do mundo, encontra-se nas listas indicativas para a candidatura de Bens a Património Mundial.

Fernão de Magalhães (c. de 1480- 1521) é um dos mais importantes navegadores portugueses da época dos Descobrimentos. O seu grande feito foi a preparação e realização da primeira viagem de circum-navegação do globo terrestre. De acordo com vários historiadores, a viagem de circum-navegação de Fernão de Magalhães é um símbolo da globalização.

Nascido em Trás os Montes, Fernão de Magalhães esteve cerca de 8 anos no Oriente, depois de se alistar na armada de D. Francisco de Almeida em 1505.

Regressou a Lisboa em 1513 e voltou a partir na expedição a Azamor. Foi acusado pela corte de D. Manuel I de não ter cumprido bem as suas funções, pelo que se afastou de Portugal, sem ter tido o apoio do rei para o seu projeto de volta ao mundo.

Continuou a planear a sua expedição e apresentou-se em Sevilha em 1517. Carlos V aprovou o projeto e financiou-o, pois, o seu objetivo era atingir as Molucas através de mares não navegados pelos portugueses, resolvendo uma antiga rivalidade pela posse da localidade.

Fernão de Magalhães reuniu cinco naus: Trinidad – 32 homens liderados por Fernão de Magalhães; San António – 57 homens liderados por Juan de Cartagena; Concepción – 44 homens liderados por Gaspar de Quesada; Victoria – 45 homens liderados por Luis de Mendonza; e Santiago – 31 homens liderados por João Serrão). Partiu em setembro de 1519 e viria a morrer em 1521 durante a viagem, vítima de uma emboscada.

Quanto ao percurso da viagem, foi o seguinte:

- setembro de 1519 - Partida de Sevilha;

- Escala nas Canárias;

- dezembro de 1519 – Avistamento da Costa da América do Sul;

- março de 1520 – Porto de S. Julião, onde ocorre um motim. A nau Santiago naufragou e a nau San António desertou regressando a Espanha;

-Dificuldades de passagem do estreito;

- novembro de 1520 – Fernão de Magalhães encontra a saída do estreito e inicia a travessia do Pacífico, onde permanecerá durante 4 meses. Passaram fome, sede e sofreram de escorbuto;

- março de 1521 – Chegam às Filipinas, ancorando em Cebu e realizando algum comércio;

-7 de abril de 1521 – Morte de Fernão de Magalhães numa emboscada, Sebastião del Cano assume o comando e volta a Espanha. Queimam a nau Concepción.

18 de maio de 1522 – A nau Vitória dobra o cabo da Boa Esperança

6 de setembro de 1522 – Aportam em Espanha.

A viagem de Fernão de Magalhães revolucionou o mundo: pela primeira vez atravessaram-se todos os oceanos e conheceram-se todos os continentes (à exceção da Austrália) ficando ligados.

Há uma consciência do mundo na sua totalidade, abrindo-se o Oceano Pacífico. A humanidade compreende que não existem apenas cálculos teóricos, mas sim a prática, que demonstra como é o mundo verdadeiramente.

Magalhães fecha o ciclo dos Descobrimentos, iniciado pelo Infante D. Henrique, e torna o mundo totalmente descoberto. Com o final dos Descobrimentos começa a era da globalização.

 

MJS