2025/08/28

Educadores Portugueses dos séculos XIX e XX: Trindade Coelho (1861 – 1908)

 

(Fotografia do autor retirada da internet)


José Francisco Trindade Coelho nasceu a 18 de junho de 1861 em Mogadouro, filho de José Trindade, um pequeno comerciante e de Narcisa Rosa da Silva. Frequentou a Escola Régia até aos 7 anos e recebeu lições particulares em casa. Com 8 anos passou para a Escola de Travanca mas, aos 10 anos, regressou a casa devido à morte da mãe, recebendo lições de latim.

Em 1873 foi para o Porto, sendo aluno do Colégio de S. Francisco e posteriormente concluiu a licenciatura em Direito, em 1885. Aqui fundou dois periódicos, Porta Férrea e O Panorama Contemporâneo.

Em 1886 tornou-se Delegado do Procurador Régio no Sabugal, passando posteriormente por Portalegre (onde fundou a Gazeta de Portalegre e o Comércio de Portalegre), Ovar, Lisboa e Sintra. Demitiu-se em 1907 devido ao mal-estar sentido com o regime franquista.

Em 1891 publicou Os Meus Amores que foi recebido com grande alvoroço da crítica. Tratava-se de um conjunto de histórias que evocavam a vida no campo e as recordações da infância passada em Trás-os-Montes. Divide-se em três partes: I – Amores Velhos; II – Amores Novos; III – Amorinhos.

No que respeita ao seu pensamento pedagógico, Trindade Coelho criticou a postura dos professores da época, nomeadamente os castigos físicos e os programas mecânicos inadaptados aos alunos. Estes eram ensinados sem qualquer espírito crítico e sem formação de carácter ou civismo. O professor deveria interessar e motivar a criança, desenvolvendo a sua criatividade.

A criança deveria ser, assim, o centro de toda a atenção pedagógica, sendo necessário ensiná-la de forma lúdica e de acordo com os interesses próprios de cada idade. Foi assim que surgiu o ABC do Povo, em 1901, obra ilustrada por artistas de renome como Rafael Bordalo Pinheiro. Este livro foi uma fusão entre a Cartilha Maternal de João de Deus – a recusa da soletração e a abreviatura do nome de cada consoante- e o método tradicional, de onde retirou o ponto de partida – o alfabeto e os monossílabos. Foi também autor de vários livros de leitura, baseando-se no universo infantil e na realidade quotidiana.


(Capa do livro ABC do Povo, retirada da internet)


Outra questão fundamental foi a educação dos adultos, num país onde grassava o analfabetismo. Neste sentido, Trindade Coelho promoveu o 1.º Congresso pedagógico da Liga Nacional de Instrução em 1908 para se discutir o tema, analisando causas e formas de as resolver. A reforma da instrução deveria compreender um ensino gratuito, laico, obrigatório e de qualidade. Urgia fundar mais escolas maternais, jardins de infância, escolas, liceus femininos e universidades populares.

Foi neste contexto que foram publicados os Folhetos para o Povo e o Pão Nosso (cerca de 1904), pequenas “enciclopédias” do saber popular, adaptadas à realidade do povo português e transmitindo conhecimentos de história, biologia, arte, política, ofícios, etc.

No que respeita à educação cívica, Trindade Coelho expressou a sua opinião através da obra Manual Político do Cidadão Português, publicado em 1905. Defendeu a educação do povo com o intuito de formar uma opinião individual e crítica, com plena consciência dos seus direitos e deveres. Em 1906 surgiu a obra Primeiras Noções de Educação Cívica, destinada ao ensino primário.

 

 

Fonte principal: Dicionário de educadores portugueses / dir. António Nóvoa. - Porto : ASA, 2003.


MJS


2025/08/25

Muitos Anos de Escolas – Volume II – Edifícios para o Ensino Infantil e Primário – Anos 40 – Anos 70 – Capítulo III – Açores e Madeira (Parte I)

 

(Imagem da lista os projetos aprovados para os Açores em 1945, da autoria do Arquiteto Luís de Mello)


 

III – Açores e Madeira

    As Escolas dos Açores

 

Aquando do anúncio do Plano dos Centenários em 1941, a situação no Arquipélago dos Açores era bastante sensível devido às dificuldades de acessibilidade e ao desenrolar da Segunda Guerra Mundial.


(Imagens desenhadas de projetos Tipo Açores, com 1 sala, sexo feminino e 2 salas, 2 sexos)


Atendendo às especificidades das ilhas, era impossível cumprir os requisitos que se exigiam no continente. Em 1944 o governo decidiu adotar o tipo Extremadura, com alguns ajustes ao nível das plantas e das fachadas. Foi criado o projeto Tipo Açores, aprovados em 1945, pela mão do Arquiteto Luiz de Mello.


(Imagens desenhadas de projetos Tipo Açores, com 3 salas,  2 sexos e 4 salas, sexo masculino)


Será de salientar que nas ilhas não existiam empresas de construção civil nem eram fabricados certos materiais como cal e tijolos. Houve igualmente necessidade de adaptar os edifícios ao clima mais chuvoso, ao vento e à diminuição da luminosidade.

 

 

Fonte: BEJA, Filomena, et al. Muitos Anos de Escolas – Volume II – Edifícios para o Ensino Infantil e Primário – Anos 40 – Anos 70. Lisboa, Ministério da Educação – Departamento de Gestão de Recursos Educativos, 1996.


MJS