2022/03/31

Mulheres na ciência: Marie Curie (1867 - 1934)

 

Marie Sklodowska-Curie nasceu em Varsóvia, na Polónia, a 7 de novembro de 1867, com o nome de Maria Salomea Sklodowska. Foi física e química, tendo feito uma autêntica revolução no mundo da ciência.

Aos 8 anos, Marie perdeu a sua irmã mais velha, com tifo e aos 10, a sua mãe, vítima de tuberculose. Foi encorajada pelo seu pai, professor de matemática e física, a seguir o seu interesse pela ciência, tendo frequentado a Universidade.

Em 1891 seguiu para Paris, onde já se encontrava a sua irmã, para completar os estudos em matemática, física e química na Universidade de Paris. Foram anos difíceis porque Marie tinha falta de recursos financeiros, optando por estudar de dia e dar aulas particulares à noite.

Em1893 licenciou-se em física e começou a trabalhar no laboratório do professor Gabriel Lippmann. Em 1894 terminou a sua segunda licenciatura com a ajuda de uma bolsa.

As primeiras pesquisas que efetuou foram sobre as propriedades magnéticas do aço. Foi igualmente nesta altura que conheceu Pierre Curie, instrutor na Escola Superior de Física e Química Industriais de Paris. Pierre pediu Marie em casamento, mas ela não aceitou pois tinha a esperança de voltar a Varsóvia para continuar a trabalhar na sua área. A Universidade recusou o seu pedido porque era uma mulher.

Marie voltou a Paris para realizar um doutoramento e casou-se com Pierre Curie em 1895. Passaram a trabalhar juntos num laboratório comum, sem grandes condições de ventilação e Marie envolve-se num projeto relacionado com os raios de urânio que emitiam uma radiação espontânea.

Em 1897 nasceu a sua filha, Irène, e Marie começou a dar aulas na Escola Normal Superior de Paris. Recebeu alguns patrocínios de empresas e fez estudos cada vez mais profundos sobre radiação.

Após algumas pesquisas profundas, Pierre e Marie publicaram um documento, em 1989, em que revelam a descoberta de dois novos elementos químicos: o polónio e o rádio. Estava aberto um novo caminho na ciência na área da radioatividade. Entra 1898 e 1902, o casal publicou vários artigos, sendo que um deles alertava para o facto de, quando as células tumorais eram expostas ao rádio, eram destruídas mais rapidamente.

Em 1900, Marie Curie tornou-se a primeira mulher a lecionar na Escola Superior Normal. Em 1903, foram ambos à Royal Institution, em Londres, para discursar sobre as suas descobertas. Marie foi proibida de falar por ser mulher. Neste ano, Pierre e Marie Curie recebem o Prémio Nobel da Física pelos seus trabalhos na área da radiação. Marie foi a primeira mulher a receber um Prémio Nobel.

Em 1904 nasce a segunda filha do casal, Ève. Infelizmente, em 1906, Pierre morre, vítima de um acidente de viação. O departamento de física ofereceu a Marie a cadeira lecionada pelo seu marido: foi a primeira mulher a dar aulas na Universidade de Paris. Em 1910, Curie consegue isolar o rádio e definir um padrão para as emissões radioativas.

Apesar dos inúmeros sucessos científicos, Marie foi alvo de uma atitude xenófoba por parte dos franceses, uma vez que era de origem polaca, foi acusada de ser judia, ateia e de ter um caso com um ex-aluno de Pierre. No entanto, a comunidade científica reconheceu o seu trabalho e em 1911 recebeu o Prémio Nobel da Química. Foi a única vencedora de dois prémios Nobel. Marie não patenteou o processo de isolamento do rádio para permitir que toda a comunidade científica o pudesse utilizar em proveito da humanidade.

Marie chefiou o Instituto do Rádio construído em 1914, atual Instituto Curie, criado em parceria com a Universidade de Paris e o Instituto Pasteur. Com a Primeira Guerra Mundial, as atividades cessaram e só foram retomadas em 1919.

Durante o período da guerra, Marie instalou centros radiológicos perto dos campos de batalha como meio auxiliar de diagnóstico dos cirurgiões. Foram desenvolvidas unidades móveis de radiografia equipadas com os aparelhos necessários.

Marie foi diretora do Serviço de Radiologia da Cruz Vermelha e criou o primeiro centro militar de radiologia em França que começou a funcionar no final de 1914. A sua filha Irène auxiliou em todo este projeto.

Em 1915, Curie inventou agulhas ocas que continham rádon, utilizado na esterilização de tecidos infetados. Mais de um milhão de soldados foram tratados com esta técnica. A cientista contribuiu de forma decisiva no esforço de guerra, tendo publicado um livro sobre o assunto em 1919, Radiologia na Guerra.

Em 1921 visitou os Estados Unidos da América com o objetivo de conseguir fundos para as suas pesquisas. Em 1922 tornou-se membro da Academia Francesa de Medicina e do Comité Internacional de Cooperação Intelectual da Liga das Nações. Em 1923 publicou a biografia de Pierre Curie. Em 1930 foi eleita para o Comité Internacional dos Pesos Atómicos.

Marie Curie morreu a 4 de julho de 1934 devido à exposição prolongada à radiação. Os seus restos mortais estão no Panteão de Paris, tendo sido a primeira mulher a receber essa homenagem.

Irène Joliot-Curie continuou os trabalhos da sua mãe, ao nível da estrutura do átomo e da física nuclear. Recebeu o Prémio Nobel da Química um ano depois da morte da mãe.

Marie Curie revolucionou a física e a química com as suas descobertas, mas também mudou a sociedade, superando as barreiras que se lhe colocaram por ser mulher. Extremamente altruísta, esta cientista nunca hesitou em ajudar a tornar o mundo um lugar melhor, partilhando os seus conhecimentos e a sua sabedoria.

Radiografia

ME/401109/173

Radiografia utilizado em contexto das práticas pedagógicas no Laboratório de Física. Uma radiografia é efetuada através da emissão de um feixe de raios-X, que atravessa uma zona (geralmente no corpo) que se pretende observar e que proporciona uma imagem que permite distinguir estruturas e tecidos. Neste caso trata-se de uma radiografia ao pulso e parte dos dedos da mão, que se encontra devidamente emoldurada.


MJS



2022/03/28

Mulheres na ciência: Nettie Stevens (1861-1912)


Nettie Stevens (1861-1912) nasceu em Cavendish, nos Estados Unidos da América, filha de Ephraim Stevens, carpinteiro, e Julia Adams. Foi a bióloga e geneticista, atribuindo-se-lhe a descoberta dos cromossomas sexuais X e Y.

A sua mãe faleceu em 1863 e o seu pai voltou a casar, mudando-se com a família para Westford, Massachusetts. Nettie teve uma educação de qualidade e licenciou-se na Westford Academy, que frequentou entre 1872 e 1883.

Tornou-se professora numa escola de New Hampshire e três anos depois retomou os estudos para fazer uma pós-graduação na Westfield State University. Numa busca incessante de especialização, ingressou na Universidade de Stanford. A sua área de interesse era a histologia.

No Bryn Mawr College fez um doutoramento em regeneração celular, estrutura de organismos unicelulares e células germinativas, entre outros, que concluiu em 1903. Estagiou em jardins zoológicos em Itália e na Alemanha. O seu orientador foi Thomas Hunt Morgan.

Permaneceu como pesquisadora associada na Bryn Mawr College e posteriormente como professora assistente na área da morfologia experimental. Tendo recebido a bolsa de estudo do Instituto Carnegie, Nettie dedicou-se aos estudos sobre hereditariedade e determinação do sexo dos indivíduos, baseando-se nos trabalhos de Mendel. Este estudo deu origem a um artigo premiado A Study of the Germ Cells of Aphis rosae and Aphis oenotherae.

Nettie publicou cerca de 40 artigos ao longo da vida em áreas novas, como é o caso da hereditariedade e dos cromossomas. Os seus estudos permitiram concluir que os cromossomas determinam o sexo do indivíduo durante o seu desenvolvimento fetal.

Durante a observação de insetos, Nettie concluiu igualmente que existia uma ligação entre cromossomas e diferenças no fenótipo. Este estudo foi publicado em 1905. Foi identificado um cromossoma X (feminino) e um cromossoma Y (masculino).

Apesar dos avanços absolutamente fundamentais para a ciência, Nettie não teve os devidos créditos pelo seu trabalho e foi Thomas Hunt Morgan que foi agraciado com o Prémio Nobel em 1933 pelas suas descobertas.

Nettie faleceu em 1912, após uma vida em que lhe foram negados o reconhecimento e a possibilidade de participar em discussões científicas.

 

Imagem parietal de hereditariedade

ME/401109/693

Escola Secundária de Camões

Quadro parietal utilizado em contexto das práticas pedagógicas nas aulas de Biologia. São apresentadas imagens das leis de Mendel, representando o cruzamento de duas variedades da espécie Mirabilis jalapa, uma de flores vermelhas e outra de flores brancas, de modo a observar uma situação de dominância incompleta, pois todos os descendentes da primeira geração apresentam fenótipo intermédio, flores cor-de-rosa. Na segunda geração manifestam-se os três fenótipos possíveis, vermelho, branco e rosa.


Imagem parietal de hereditariedade

ME/401470/112

Escola Secundária com 3.º Ciclo Dr. Joaquim de Carvalho

O quadro é impresso litograficamente sobre fundo claro com grande qualidade na cor e detalhes e é complementado com desenhos esquemáticos. Servia de apoio visual às aulas de Zoologia evidenciando a origem genética e a hereditariedade nas abelhas. Em cima, estão representadas duas abelhas com os marcadores genéticos, ao centro, mais duas, fruto da reprodução, em baixo estão quatro com todas as possibilidades de reprodução. No canto superior esquerdo encontra-se o título «Drosophila sex-linked I».


MJS