D. João
VI (1767 - 1826), “o Clemente”, era o segundo filho de D. Maria I e de D. Pedro
III. Em 1785 casou com D. Carlota Joaquina Teresa Caetana de Bourbon e Bourbon.
Em 1807 foi forçado a exilar-se no Brasil, juntamente com toda a família real, em virtude das Invasões Francesas. A corte chegou ao Brasil em janeiro de 1808.
A
falta de infraestruturas para acomodar os membros da família real fez com que
D. João tivesse que optar pela criação de várias instituições e serviços
públicos, fomentando a economia, a cultura e as artes. Estes avanços foram
precisamente a base da premente autonomia do Brasil.
Após
um período de regência, com a morte de D. Maria em 1816, D. João foi aclamado
rei.
O
monarca tinha uma orientação liberal e iluminista e foi auxiliado por vários
intelectuais no governo do reino, como foi o caso de D. Rodrigo de Sousa
Coutinho. Uma das preocupações foi implementar formas de incrementar o
desenvolvimento económico da nação e o seu progresso cultural.
A Sociedade Real Marítima, Militar e
Geográfica para o Desenho, Gravura e Impressão das cartas Hidrográficas,
Geográficas e Militares, criada em 1798 por D. Maria I, ganhou um elevado
destaque com D. João VI. O seu o objetivo era a produção mapas e cartas
náuticas de todo o Império. A Casa
Literária do Arco do Cego (1789 – 1801) realizava e publicava estudos sobre
a agricultura, as manufaturas, as ciências e as artes.
A
situação em Portugal estava caótica: não havia alimentos, o comércio decaiu e a
balança comercial encontrava-se em défice. As tropas francesas humilharam os
habitantes e tiveram ações extremamente agressivas. Inglaterra mandou tropas
para Portugal para reorganizar o exército e proceder à defesa de pontos
estratégicos. A guerra, a fome, a doença e o exílio fez com que Portugal
perdesse cerca de 1/6 da população. O general William Beresford tornou-se chefe
do exército, mas acabou por ter amplos poderes, reprimindo qualquer revolta
liberal. Para tornar esta situação ainda mais angustiante o Brasil abriu os
seus portos a todas as nações em 1810 e foi elevado á categoria de reino em
1815.
Esta
situação (a ausência do rei, a ineficácia da regência, os problemas económicos
e sociais e a difusão das ideias liberais) fizeram com que se desse a Revolução
de 1820, ou seja, um pronunciamento militar que teve origem no Porto, mas que
se entendeu a Lisboa. O objetivo era eleger Cortes Constituintes e elaborar uma
Constituição, como viria a suceder em 1822.
D.
João regressou a Portugal em 1821 e jurou a Constituição. Em 1822, D. Pedro, o
príncipe herdeiro que tinha ficado no Brasil, declara a independência desta
ex-colónia.
Em
Portugal, a situação estava marcadamente instável: o infante D. Miguel tentou
executar movimentos militares para impor o absolutismo. D. João conseguiu
resolver a situação e D. Miguel foi exilado. Em 1826, o rei faleceu e entregou
a regência do reino à infanta D. Isabel Maria, em nome de D. Pedro.
A ação
educativa e cultural de D. João no Brasil foi absolutamente vital para o
desenvolvimento do país: criou a Imprensa Régia, o Jardim Botânico, o Arsenal
da Marinha, a Fábrica de Pólvora, o Corpo de Bombeiros. Desenvolveu uma rede de
escolas e fundou várias sociedades e academias para estudos literários,
artísticos e científicos.
Devido
à revolução liberal de 1820, a estrutura do ensino oficial foi profundamente
afetada. Nas Cortes de 1821 declarou-se a necessidade de investir no ensino
obrigatório e gratuito para todos os cidadãos. No entanto, a Constituição de
1822 não contemplou a obrigatoriedade escolar nem o direito ao ensino.
A organização do ensino em Portugal teve, desde
sempre, vários problemas: má distribuição da rede escolar, falta de professores
e desinteresse. Os liberais preocupavam-se com a instrução pública pois a
escola formava os cidadãos, aptos a cumprir os seus deveres cívicos.
O plano de reforma do ensino surgiu de forma
mais clara num folheto publicado por Mouzinho de Albuquerque em 1823. Os Liceus
deviam substituir parcialmente os estudos menores. As escolas secundárias
formariam alunos para o acesso a lugares na administração e os liceus
encaminhariam para a universidade. O currículo incluía latim, grego, lógica e
retórica, às quais de juntaram a matemática, a física, a química e línguas
estrangeiras. Apesar dos esforços, o plano não passou do papel.
No que respeita à instrução elementar, a
revolução liberal prometeu educação generalizada, mas as dificuldades
financeiras inviabilizaram o projeto. Entre 1823 e 1834, as escolas
particulares foram extintas, bem como muitas escolas públicas devido aos
conflitos entre liberais e absolutistas.
Ao nível do ensino artístico, Machado de
Castro, que tinha estudado em Mafra, veio para Lisboa em 1770 e aqui organizou
a Aula de Escultura de Lisboa. Em
1823 integrou-se na Aula Régia de Desenho
em 1836 na Academia.
MJS