(Imagem do autor retirada da internet)
George
Agostinho Baptista da Silva nasceu a 13 de fevereiro de 1906 no Porto, filho de
Francisco José Agostinho da Silva e de Georgina do Carmo Baptista e Silva.
Viveu em Figueira de Castelo Rodrigo até aos 6 anos, regressando ao Porto em
1912 para iniciar os seus estudos na Escola Primária de São Nicolau e
posteriormente, em 1914, na Escola Industrial Mouzinho da Silveira. Concluiu os
seus estudos secundários no Liceu Rodrigues Freitas em 1924.
Entre
1924 e 1928 concluiu a licenciatura em Filologia Clássica na Faculdade de
Letras da Universidade do Porto com 20 valores. Em 1930 fez o Doutoramento
também na Universidade do Porto com a dissertação O Sentido Histórico das Civilizações Clássicas. Iniciou igualmente
uma colaboração com a revista Seara Nova,
que se manteve até 1938.
Em
1931 deslocou-se a Paris para efetuar estudos na Sorbonne e no Collège de
France. Regressou a Portugal em 1933 onde lecionou no ensino secundário em
Aveiro até 1935. Nesta data foi demitido do ensino por não assinar a Lei Cabral: obrigatoriedade de todos os
funcionários públicos a declarem que não participavam em organizações secretas.
Em
1935 conseguiu uma bolsa de estudos para Espanha no Centro de Estudos
Históricos de Madrid. A iminência da Guerra Civil fez com que regressasse a Portugal
em 1936.
Em
1939 fundou o Núcleo Pedagógico Antero de
Quental. Entre 1940 e 1945 publicou os Cadernos Iniciação e entre 1941 e 1946, os Cadernos Antologia. Tendo sido preso pela polícia política em 1943,
abandonou o país no ano seguinte e rumou à América do Sul.
Em
1947 passou a viver no Brasil, onde residiu até 1969. Durante estes anos trabalhou
no Instituto Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro; lecionou na Faculdade Fluminense
de Filosofia; exerceu funções docentes na Universidade Federal de Paraíba e em
Pernambuco; em 1954, juntamente com Jaime Cortesão, organizou a Exposição do
Quarto Centenário da Cidade de São Paulo, entre muitas outras atividades. Em
1958 obteve nacionalidade brasileira, perdendo direito à nacionalidade
portuguesa.
O
regresso a Portugal, após a morte de Salazar, foi marcado pelo ensino e pela
produção literária. Dirigiu o Centro de Estudos Latino-Americanos da
Universidade de Lisboa e foi consultor no Instituto de Cultura e Língua
Portuguesa. Em 1987 recebeu a Grã-cruz da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada.
Em 1990, numa colaboração com a RTP concedeu 13 entrevistas que com o título Conversas Vadias.
Em
1992 readquiriu a nacionalidade portuguesa e veia a falecer a 3 de abril de
1994.
No que
respeita à sua linha de pensamento, podemos distinguir duas fases, uma anterior
à ida para o Brasil e outra, posterior a essa data. Na primeira fase, Agostinho
da Silva, foi influenciado pela pedagogia moderna, defendendo o papel da escola
na formação de cidadãos preparando-os para a vida ativa. Na obra Sanderson e a Escola de Oundle (1941)
Agostinho referiu que no estado atual, a educação tradicional conduzia ao
individualismo, dominado pela posse e pela rivalidade. A “nova escola” deveria
privilegiar o instinto criador e a descoberta através de uma nova organização
da sala de aula que promoveria o trabalho em grupo, sem castigos ou prémios.
Na
segunda fase, marcada pela sua deslocação ao interior do Brasil em 1952, o
educador encontrou uma realidade social caracterizada pela entreajuda e pelo
espírito comunitário, ou seja, uma realidade semelhante à de Portugal durante a
I Dinastia.
O
autor fez uma análise da história de Portugal, uma vez que pensava ser
necessário uma revisão ou correção da sua leitura, destacando alguns momentos.
O primeiro foi a fundação de Portugal, que opôs Afonso Henriques à sua mãe. Foi
um momento negativo que influenciou para sempre o percurso da nação. O segundo
momento, positivo, foi a expansão para o sul através do combate aos muçulmanos,
que imbuiu os portugueses do espírito de sacrifício e de despojamento,
semelhante ao dos Templários. O outro momento positivo foi a introdução do
culto joaquimita da Idade do Espírito Santo pela Rainha Santa Isabel. Por último,
Agostinho referiu a organização da população em concelhos autónomos durante a I
Dinastia o que contribuiu positivamente para o desenvolvimento de um espirito
de partilha comunitária. O foco foi totalmente afastado da época dos
Descobrimentos.
Na sua
obra Educação de Portugal, escrita em
1970 e apenas publicada em 1989, Agostinho fez uma síntese do seu pensamento
educativo: a escola era uma instituição bloqueada que reproduzia os defeitos
morais da sociedade. Retomando a teoria do bom selvagem, reconheceu que o
problema não estava no indivíduo, mas sim na civilização e na escola que perpetuava
as desigualdades sociais. Quando a civilização atual se esgotasse seria a
altura do aparecimento de uma nova escola.
Fonte
principal: Dicionário de educadores
portugueses / dir. António Nóvoa. - Porto : ASA, 2003.
MJS