2020/06/18

Almada Negreiros - O artista completo


Passam esta semana (15 de junho), cinquenta anos sobre o desaparecimento de Almada Negreiros (1893-1970). José Sobral de Almada Negreiros, nascido na ilha de São Tomé e Príncipe, foi uma das personalidades mais marcantes do modernismo português. Estudou na Escola de Belas-Artes, em Lisboa, e mais tarde, em Paris. O seu talento, e interesses, foram muitos e variados. Trabalhou em pintura, desenho, tapeçaria, gravura, pintura mural, mosaico, azulejo e vitral, produções publicitárias, palestras radiofónicas, cinema, cenários e figurinos, etc. O seu nome fica para sempre ligado ao mundo da arte e da cultura abarcando, igualmente, a literatura (romance, poesia, ensaio e dramaturgia), o teatro, a cenografia e mesmo o bailado. Aliás, é pela escrita (interventiva e literária) que ganha peso e projeção no início da sua carreira. Almada teve um papel particularmente ativo na primeira vanguarda modernista e na criação da revista Orpheu, assumindo um papel central na dinâmica do movimento futurista. Ao longo da sua vida dedicou-se a trabalhar diversas áreas e meios de expressão, sem parecer fixar-se numa área, ou meio, específicos. Daí a sua imagem como artista total, complexo e completo, inclassificável e incontornável.

No meio desta dinâmica fulgurante, fica a imagem do artista multidisciplinar (artista plástico, escritor, performer…) que se “fabricou” a si próprio, tendo assumido, desde cedo, uma aprendizagem individualista, de cariz autodidata e multifacetado. Para a posteridade, no campo das letras, ficam obras como: “A Engomadeira”; “Manifesto Anti-Dantas e por extenso”, ou a novela “K4 O Quadrado Azul” e peças como “Pierrot e Arlequim”, ou o romance “Nome de Guerra”. Nas artes plásticas constituirão sempre motivo de estudo e de deslumbramento os frescos das Gares Marítimas de Alcântara e da Rocha do Conde d’Óbidos; os vitrais da Igreja de Nossa Senhora de Fátima e o painel com o título “Começar”, no átrio da Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa).

JMG

Fontes e informação adicional:

BRANDÃO, Lucas (2017, 3 de fevereiro). Almada Negreiros, o modernista autodidata [em linha]. Comunidade, cultura e arte. [Consult. 17 de junho de 2020].

FERREIRA, Sara Afonso e GASPAR, Luís Manuel (2017). Almada Negreiros (1893-1970) [em linha]. Modernismo – arquivo virtual da geração de Orpheu. [Consult. 17 de junho de 2020]. Disponível: https://modernismo.pt/index.php/a/222-almada-negreiros-1893-1970>.

INFOPEDIA. Almada-Negreiros [em linha]. [Consult. 17 de junho de 2020].

WIKIPEDIA, a enciclopédia livre. Almada Negreiros [em linha]. [Consult. 17 de junho de 2020]. Disponível: https://pt.wikipedia.org/wiki/Almada_Negreiros


Escola Secundária Vergílio Ferreira




A Rua do Seminário acolhe desde 1983 a Escola de Vergílio Ferreira, na antiga Quinta dos Inglesinhos de frades católicos irlandeses. Este arruamento que liga o Largo da Luz à Rua Fernando Namora recebeu a denominação de Rua do Seminário por deliberação camarária de 2 de novembro de 1882 da Câmara Municipal de Belém, naquela que era antes a Rua dos Galegos. [1]

A Escola de Vergílio Ferreira foi inaugurada em 1983, servindo apenas uma população estudantil do 3.º ciclo do ensino básico, distribuída por 36 turmas. Em 1986 a escola viu aumentados os seus recursos físicos, sendo ampliada com a construção de mais três blocos.

É em 1993 que a escola passa a ter a designação atual − Escola Secundária de Vergílio Ferreira −, passando o dia da escola a ser comemorado na data de nascimento do seu patrono, Vergílio António Ferreira (1916-1997).


Em 1995, para fazer face ao aumento da carga curricular do 12.º ano, a escola é novamente ampliada com a construção de mais um bloco. Em 1997, a escola passa a ter a sua bandeira escolar e o seu logótipo, como elementos reforçadores da sua identidade.

A construção do pavilhão gimnodesportivo dá-se em 1999 e, em 2002 foi construído o Centro Documental Multimédia, a partir de um velho edifício pertencente ao recinto escolar cuja traça original se respeitou.

Ainda assim, a escola era constituída por blocos descaracterizados e dispersos pelo terreno, inserida num bairro de ambiente fortemente degradado, esta escola foi reabilitada entre 2009 e 2011 pela Parque Escolar, EPE.

O projeto centrou-se na criação de uma nova identidade através da reabilitação e reorganização dos blocos existentes, adaptando-os às novas exigências e redesenhando a sua imagem exterior, na busca por um sentido de unidade e harmonia. Introduziu-se um novo edifício de entrada que se apresenta como um volume robusto em betão aparente de cor branca, com escala referenciada à cidade, criando um novo limite para a escola. Esta intervenção conquistou um maior sentido de acolhimento e resguardo face à envolvente e aos edifícios de habitação contíguos.[2]

 

Em novembro de 2014 é criado o Agrupamento de Escolas Vergílio Ferreira, com este precede-se à agregação da Escola Secundária de Vergílio Ferreira com o Agrupamento de Escolas de Telheiras, como consequência do processo de reorganização da rede escolar ocorrido em junho de 2012. Em abril de 2013 o Agrupamento de Escolas de São Vicente/Telheiras é também integrado nesta Unidade Orgânica, passando esta a congregar dez escolas:
§  Jardim de Infância de Telheiras
§  Jardim de Infância da Horta Nova
§  Escola Básica do Lumiar
§  Escola Básica D. Luís da Cunha
§  Escola Básica Luz Carnide (três escolas de primeiro ciclo com jardim-de infância)
§  Escola Básica n.º 1 de Telheiras
§  Escola Básica Prista Monteiro (duas escolas apenas com primeiro ciclo)
§  Escola Básica de Telheiras (uma escola com segundo e terceiros ciclos)
§  Escola Básica de S. Vicente (uma escola integrada com valências do jardim-de infância ao terceiro ciclo)
§  Escola Secundária de Vergílio Ferreira (escola secundária com terceiro ciclo, escola sede do agrupamento) ASSEM


De acordo com os dados disponíveis no site do Agrupamento, a população do Agrupamento de Escolas Vergílio Ferreira é de cerca de 3917 alunos, 243 dos quais com Necessidades Educativas Especiais de caráter permanente (dados de março de 2014). 51% dos alunos são do sexo masculino e 49% do sexo feminino, distribuídos por 154 turmas, 19 de pré-escolar, 43 de 1.º ciclo, 56 de 2.º e 3.º ciclo e 36 de secundário.


P. M.



BIBLIOGRAFIA:



JOÃO MORGADO - FOTOGRAFIA DE ARQUITECTURA (2011). Escola Secundária Vergílio Ferreira [em linha]. Lisboa: Atelier Central Arquitectos [consult. 22 de maio de 2020]. Disponível:

OPEN HOUSE LISBOA (2016). Escola Secundária de Vergílio Ferreira [em linha]. Lisboa: Trienal de Arquitectura de Lisboa [consult. 22 de maio de 2020]. Disponível: http://2016.openhouselisboa.com/places/escola-secundaria-de-vergilio-ferreira/


PARQUE ESCOLAR (2014). 13 de maio - Prémio Valmor distingue três escolas [em linha]. Lisboa: Parque Escolar, EPE [Consult. 25 de maio de 2020]. Disponível:


PARQUE ESCOLAR (s.d.). Escola Secundária de Vergílio Ferreira [em linha]. Lisboa: Parque Escolar, EPE [Consult. 25 de maio de 2020]. Disponível:

SECRETARIA-GERAL DA EDUCAÇÃO E CIÊNCIA (s.d.). Escola Secundária Vergílio Ferreira, Lisboa [em linha]. Lisboa: Direção de Serviços de Documentação e de Arquivo [Consult. 25 de maio de 2020]. Disponível: http://arquivo-ec.sec-geral.mec.pt/details?id=50591

VIVER EM TELHEIRAS (13 de maio de 2013). Agrupamento de Escolas Vergílio Ferreira [em linha]. Lisboa: Centro de Convergência de Telheiras [Consult. 25 de maio de 20202]. Disponível: http://vivertelheiras.pt/parceiros/aevf/







[1] Em 1923 a Quinta dos Inglesinhos foi transformada num conjunto de instituições escolares. A freguesia de Carnide, no antigo regime, era composta por um conjunto de quintas, solares e palacetes que serviam as classes dominantes nos seus tempos livres. Foi também neste local que surgiram vários conventos para albergarem diversas ordens religiosas.

[2] O Prémio Valmor e Municipal de Arquitetura distinguiu três escolas requalificadas no âmbito do Programa de Modernização das Escolas com Ensino Secundário, da responsabilidade da Parque Escolar. A Escola Secundária Vergílio Ferreira, em Carnide, da autoria do Atelier Central, a Escola Secundária Rainha D. Leonor, em Alvalade, da responsabilidade do Atelier dos Remédios e a Escola Básica Francisco de Arruda, junto à Tapada da Ajuda, da autoria do arquiteto José Neves receberam ontem o Prémio, referente ao ano de 2011.


2020/06/15

A Escola do meu Bairro e o seu patrono - Arquiteto Paulino Montez

Edifício da Escola Básica Paulino Montez
 (Alameda da Encarnação, LISBOA)

Paulino Montez dá o seu nome à antiga Escola 113 (hoje denominada EB1/JI N.º 6, Escola Básica Paulino Montez), situada na Alameda da Encarnação (Freguesia dos Olivais), em Lisboa. Integrada no Agrupamento de Escolas Piscinas – Olivais, é uma Escola Básica de 1.º ciclo, com Jardim de Infância, que há mais de cinquenta anos serve a população do bairro.

A sua história pode detectar-se pelo topónimo da Rua das Escolas, no Bairro da Encarnação, que ganha este nome pela proximidade às antigas escolas primárias 113 e 114 (uma para o sexo feminino e outra para o sexo masculino). A primeira veio a herdar o nome do patrono que traçou o bairro, sendo, nos dias de hoje, frequentada por ambos os sexos. Acresce o jardim-de-infância. A sua construção data da década de 50, do século XX, com obras de beneficiação realizadas na década seguinte.

O Bairro da Encarnação nasce um pouco antes (no final da década de 30), ganhando os contornos que lhe conhecemos entre 1940-46. Inserido num vasto programa de obras públicas do Estado Novo, o objectivo passava por expandir a cidade, proporcionando uma “casa portuguesa”, a cada família, seguindo um modelo económico. Duarte Pacheco foi quem liderou o programa Novos Bairros que deu origem ao Bairro da Encarnação, cujo responsável maior foi o Arquitecto Paulino Montez. A década de 40 ficou, aliás, marcada por dois acontecimentos importantes: A Exposição do Mundo Português (em que participaram muitos dos mais consagrados artistas plásticos e arquitectos portugueses, do tempo), e a Comemoração dos Centenários (fundação e restauração da nacionalidade). Nesta mesma altura (1940), no plano da educação, é lançado o Plano dos Centenários no âmbito do qual são erigidos inúmeros edifícios escolares. Parte das escolas do Plano dos Centenários ainda hoje se encontra em funcionamento como escolas básicas do 1.º ciclo; algumas, porém, desapareceram e outras foram desativadas e transformadas para servirem outros propósitos.

Paulino António Pereira Montez (1897-1988), de seu nome completo, foi um arquitecto português, de grande mérito e valor, cuja obra marcou profundamente o período do Estado Novo. Formou-se na EBAL (Escola de Belas Artes de Lisboa), em 1929, tendo ocupado ao longo da sua carreira importantes lugares de destaque e acumulado inúmeros prémios e reconhecimentos. Personagem talentoso (foi, também, aguarelista), Paulino Montez trabalhou na Repartição das Construções Escolares (Ministério da Instrução Pública) e foi docente em vários liceus da capital (ex. Liceu Gil Vicente). Esteve particularmente ligado ao ensino e urbanismo. Foi autor de diversos planos de urbanização (bairros económicos como o do Alto da Ajuda, do Alvito e da Encarnação, em Lisboa). Foi, ainda, membro do Conselho Superior de Belas Artes, Vogal da Junta Nacional de Educação (Secção de Belas Artes, 1936; Secção do Ensino Superior, 1958) e da Academia Nacional de Belas Artes.

A entrada de acesso à escola, após recente intervenção

O nome de Paulino Montez convoca-nos para a importância da obra de um arquitecto notável, mas também para um percursor no desenvolvimento de um urbanismo pensado e organizado. Com uma obra influente em várias cidades do país, também deixou obra teórica significativa de que se destaca a colecção “Estudos de Urbanismo em Portugal”, publicada entre 1933 e 1978, onde desenvolve planos de extensão, regularização e embelezamento de alguns aglomerados portugueses, sempre sob a preocupação de uma perspectiva estética e artística. Numa perspectiva diferente, mas complementar, desenvolveu um trabalho mais teórico e científico quando redigiu: “A Estética de Lisboa” (1935), ou “Do Ensino de Belas Artes em Portugal através dos séculos” (1960), entre outros. Integrando a primeira geração modernista (tendo como colegas e amigos Cottinelli Telmo, Leitão de Barros, Carlos Ramos, Cristino da Silva, Pardal Monteiro, ou Almada Negreiros), Paulino Montez foi considerado em dezembro de 1931, pela revista Arquitectura, “um dos melhores elementos do ensino industrial”. A sua geração é uma das mais prestigiadas alguma vez formadas pela Escola de Lisboa.

Documentação vária e informação relevante para o estudo da vida e obra do Arq.º Paulino Montez (e sobre o Plano dos Centenários, arquitectura escolar e ‘construções escolares’, de um modo geral), pode ser consultada contactando a Direcção de Serviços de Documentação e de Arquivo (DSDA), da Secretaria Geral da Educação e Ciência (Tel.: 21.7811600, ou através do e-mail: dsda@sec-geral.mec.pt).

Morada provisória
Direcção Geral do Ensino Superior
Av. Duque de Ávila, 137
1069-016 LISBOA


JMG


Bibliografia e informação adicional:


CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA (2020, 3 de janeiro). Escola Básica Paulino Montez [em linha]. Lisboa: Câmara Municipal de Lisboa, informações e serviços. [Consult. 18 de maio de 2020]. Disponível: <https://informacoeseservicos.lisboa.pt/contactos/diretorio-da-cidade/escola-basica-paulino-montez>.

EB1 Paulino Montez/JI n.º 6 (2020). “A EB1 Paulino Montez (antiga escola 113).” [mensagem de blogue]. EB1 Paulino Montez - antiga escola 113. [Consult. 19 de maio de 2020]. Disponível: https://paulinomontez.blogspot.com/

LOPES, Manuel C. (2017, 3 de novembro). “O autor do projecto do Bairro da Encarnação, lembrado no dia em que passam 120 anos sobre o seu nascimento.” [mensagem de blogue]. Ruas com história. [Consult. 18 de maio de 2020]. Disponível: <https://ruascomhistoria.wordpress.com/2017/11/03/o-autor-do-projecto-do-bairro-da-encarnacao-lembrado-no-dia-em-que-passam-120-anos-sobre-o-seu-nascimento/>.

WIKIPEDIA (2018, 3 de agosto). Encarnação (bairro de Lisboa). [Em linha]. Wikipédia, a enciclopédia livre. [Consult. 20 de maio de 2020]. Disponível: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Encarna%C3%A7%C3%A3o_(bairro_de_Lisboa)>.