2019/06/05

Ginestal Machado, Patrono da Escola Industrial e Comercial de Santarém





GINESTAL MACHADO (1874 - 1940) 


A Escola Industrial e Comercial de Santarém foi criada pelo Decreto n.º 40725, de 8 de agosto de 1956. Passadas três décadas, em 1987, adotou como patrono António Ginestal Machado (cf. Portaria n.º 261/87, de 2 de abril de 1987).


Ginestal Machado nasceu na vila de Almeida, a 3 de maio de 1874 e faleceu na cidade de Santarém, a 28 de junho de 1940. Estudou no Liceu da Guarda, frequentando posteriormente, em Lisboa, a Escola Naval, onde se diplomou (1895), concluindo depois o Curso Superior de Letras (1897).


Inicia a aprendizagem das primeiras letras na terra natal e desde cedo demonstra o desejo de vir a ser professor. O prosseguimento dos estudos obriga-o a mudar-se para Braga, onde frequentou o Liceu. A morte do pai, aos 13 anos, marca-o profundamente e, confrontado com as dificuldades da vida, é obrigado a abandonar a Escola. O sentido da responsabilidade e de autonomia levam-no, em 1891, a assentar praça no Regimento de Infantaria, na Cidade da Guarda, conjugando em simultâneo a vida castrense e a conclusão dos Estudos Secundários.

Formou-se na Faculdade de Direito de Coimbra e exerceu o Magistério Liceal. Fez parte do Partido Unionista, do qual veio a ser um dos principais dirigentes, sendo partidário de uma linha republicana moderada. Promoveu a fusão do seu partido com o Evolucionista, do qual resultou o Partido Liberal, depois transformado no Partido Nacionalista.

“Ginestal Machado, dirigente de diversas colectividades ao longo das décadas em estudo, definiu um projecto cultural que ainda hoje apresenta marcas nalgumas colectividades da cidade. Será que podemos enquadrá-lo na ‘cultura popular’? Sendo que esta foi uma das grandes questões colocadas ao longo deste estudo, consideramos que o ideário de Ginestal não correspondia estritamente aos universos da ‘cultura popular’, uma vez que aqueles que beneficiaram das oportunidades culturais trabalhavam essencialmente nos serviços, na administração pública e no comércio” (Moreira, 2013, p. 409).

Desempenhou lugar de relevo na política portuguesa do início do século. Amigo pessoal de Brito Camacho, fez parte do partido unionista. Deve-se-lhe a formação do Partido Liberal, que resultou da fusão do Partido Unionista e Evolucionista. Foi membro da Câmara dos Deputados, Ministro da Instrução Pública (1921) e Chefe de um efémero governo que durou apenas 33 dias (de 15 de novembro a 18 de dezembro de 1923).

Antes da implantação da República, iniciou uma colaboração regular na imprensa, tanto local como nacional, e participou ativamente na Liga Nacional de Instrução (criada em 1907 por Trindade Coelho e Borges Grainha) e na Junta Liberal (fundada em 1909 por Miguel Bombarda), tendo presidido às respetivas delegações na cidade de Santarém.

Ginestal Machado desenvolveu a sua carreira profissional em Santarém: em 1904 foi professor efetivo do Liceu Nacional de Santarém, em 1909 foi eleito presidente da Junta Distrital da mesma cidade, em 1910 liderou o movimento republicano no distrito de Santarém durante a implantação da República Portuguesa, em 1917 foi eleito vogal da Junta Geral de distrito e em 1919 foi provedor da Santa Casa da Misericórdia de Santarém.

“[…] ministro português da Instrução Pública, Ginestal Machado (1874-1940), o carácter social da ciência nas suas duas vertentes: ‘porque é o producto mais alto da sociedade humana’ e porque é ‘predominante no desenvolvimento da civilização’” (Bernardo, 2013, p. 47).

O seu nome faz parte da Toponímia de: Almeida; Lisboa (Freguesia de São Domingos de Benfica, Edital de 14-05-1979, ex-Rua G à Estrada da Luz), Santarém.

Doado pelos herdeiros à Biblioteca Nacional de Portugal em julho de 2008, o espólio (24 caixas, mais alguns documentos de grande formato) testemunha a sua atividade profissional e política, com especial relevo na década de 1920, incluindo manuscritos e datiloscritos, correspondência do autor e de terceiros, documentos biográficos, arquivo de imprensa, impressos e fotografias.

A própria Biblioteca Histórica da Educação, do Ministério da Educação e Ciência, dispõe no seu espólio 79 títulos de manuais escolares, compêndios, tratados e seletas. Este material didático está disponível no Sistema Integrado de Bibliotecas do Ministério da Educação e Ciência (SIBME), sob a cota AGM.


P. M.





BIBLIOGRAFIA:


ALMEIDA, Pedro Tavares (2010). Espólio de António Ginestal Machado 1874-1940: inventário. Lisboa : Biblioteca Nacional de Portugal (ISBN: 9789725654569).

BERNARDO, Luis Miguel (2013). Cultura científica em Portugal: uma perpectiva histórica. Porto: Universiadde do Porto (ISBN 978-989-7460-20-3).

CARVALHO, Rómulo de (1996). História do Ensino em Portugal: desde a Fundação da Nacionalidade até ao fim do Regime de Salazar-Caetano. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2.ª edição.

INSPECÇÃO-GERAL DA EDUCAÇÃO E CIÊNCIA (2014). Avaliação externa das escolas, Relatório, Agrupamento de Escolas Dr. Ginestal Machado [em linha]. [Consult. 16 de abr. 2019]. Disponível: https://www.igec.mec.pt/upload/AEE_2014_Sul/AEE_2014_AE-DrGinestalMachado_R.pdf

MOREIRA, Maria Teresa do R. L. da Cruz (2013). “Todos têm direito à cultura” a dinâmica cultural da cidade de santarém (1930-1959) [em linha]. Tese apresentada para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Doutor em História [Consult. 21 de abr. de 2013]. Disponível: https://run.unl.pt/bitstream/10362/13831/1/teresamoreira.pdfZ

NOTÍCIAS DO RIBATEJO (2016). Encontro anual dos antigos alunos, em 27 fev. 2016, comemoração dos 60 anos da fundação da escola [Escola Industrial e Comercial de Santarém, 1956-2016]. [em linha]. Santarém: Notícias do Ribatejo. [Consult. 16 de abr. de 2019]. Disponível: https://noticiasdoribatejo.blogs.sapo.pt/encontro-anual-dos-antigos-alunos-em-27-3784513

VIDAL, Angela Vieira (2013). Desenvolvimento da criatividade nos alunos de artes visuais [em linha]. Lisboa: Relatório de Estágio apresentado à Escola Superior de Design do IADE. [Consult. 6 de maio de 2019]. Disponível: https://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/10306/1/Angela%20Vidal_Desenvolvimento%20da%20criatividade_IADE_2013.pdf