2025/05/08

Muitos Anos de Escolas – Volume I – Edifícios para o Ensino Infantil e Primário até 1941 – Capítulo VIII - O Após-Guerra. A Repartição das Construções Escolares


(Imagem do alçado principal e do alçado lateral da Escola Tipo XXV - nº. 46 da autoria do arquiteto Eugénio Correia, datado de 1926)


 

VIII – O Após-Guerra. A Repartição das Construções Escolares

 

A situação das instalações escolares na década de 20 piorou consideravelmente, atendendo em grande parte, à participação de Portugal na Primeira Guerra Mundial. O governo encarregou a Repartição das Construções Escolares de proceder ao estudo estatístico do estado das escolas, elaborar projetos e respetivos cadernos de encargos.

A concretização destas medidas foi praticamente inexistente e, após o golpe militar de 1926, a Repartição das Construções Escolares acabou por ser extinta para dar lugar à Direção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais em 1929.

Os projetos anteriormente definidos pela Repartição foram aproveitados pela nova Direção Geral. São referenciados os tipos de maior relevância que foram implantados, com maior ou menor número de alterações:

Tipo I – Norte – Edifício de uma sala de aula, cuja entrada se faz por um átrio coberto e gradeado;

Tipo II – Norte – Edifício com duas salas de aula, vestíbulo, museu e gabinete para professores, num único piso;

Tipo II A – Norte – Edifício com os mesmos espaços da escola Tipo II, Norte e Centro, mas com 2 andares;

Tipo II – Centro – Igual à do Tipo II – Norte, mas com o átrio coberto e delimitado por arcos;

Tipo III – Centro – Edifício com 3 salas de aula, cuja fachada é semelhante ao Tipo II – Centro;

Tipo VII – n.º 7 – Edifício com 2 salas de aula. A entrada faz-se através de um alpendre que articula com o vestíbulo;

Tipo IX – Edifício de 2 andares com 6 salas de aula, gabinetes de professores e uma biblioteca;

Projeto N.º 10 – Edifício de 2 andares com 4 salas de aula, gabinetes e museu. A entrada é feita por um átrio coberto. A autoria é do Arquiteto Eugénio Correia;

Tipo XIV – Centro – Edifício conjunto escola-duas residências com 2 salas de aula, gabinetes e vestíbulo. A entrada faz-se através de um átrio coberto;

Projeto N.º 15 – Edifícios de 2 andares, quatro salas de aula, sala de trabalhos manuais, gabinetes e museu. Tem 2 entradas na zona de recreio coberto, com acesso ao vestíbulo;

Tipo XX – n.º 27 – Edifício de 2 andares, 4 salas de aula e 2 gabinetes de professores. A entrada articula-se com um átrio coberto envolvido por arcos;

Tipo XXI – Norte – Edifício conjunto escola-residência com 1 sala de aula, corredor, gabinete do professor e sala de arrumos. A entrada faz-se por um alpendre que articula com o corredor. A autoria é do Arquiteto Frederico de Carvalho;

Tipo XXIV – Edifício de 2 andares com 6 salas de aula, dois gabinetes de professores e recreio coberto;

Tipo XXV – n.º 46 – Edifício modesto com 1 sala de aula, um pequeno gabinete e um vestíbulo. Da autoria do Arquiteto Eugénio Correia foi o tipo de escola mais repetido pelo país;

(Imagem das fachadas da Escola Tipo XXVIII – n.º 50)

Tipo XXVIII – n.º 50 – Edifício com 2 salas de aula, gabinete e vestiário. Muito semelhante ao Tipo XXV – n.º 46, foi também muito repetido sobre todo o país;

Tipo XXXI – n.º 55 – Edifício conjunto escola-habitação com 1 sala de aula, vestíbulo e gabinete. A autoria é do Arquiteto Jorge Segurado;

Tipo XXXIV – n.º 59 – Centro – Edifício de 2 andares com 2 salas de aula e dois gabinetes;


(Imagem dos alçados da Escola Tipo XXXVI – n.º 61 – Centro

Tipo XXXVI – n.º 61 – Centro – Edifício de 2 salas de aula, vestíbulo, 2 gabinetes e recreio coberto. Foi bastante executado de norte a sul do país;

Tipo XXXIX – n.º 78 – Edifício com 8 salas de aula, quatro gabinetes, museu, vestíbulo e átrio interior. A autoria é do Arquiteto Eugénio Correia;

Tipo XL – n.º 79 – Edifício conjunto escola-residência com 1 sala de aula, vestíbulo, vestiário e gabinete. A autoria é do Arquiteto Jorge Segurado;

Tipo XLII – n.º 81 – Edifício de 2 andares com 4 salas de aula, gabinetes, museu, e átrio interior. A autoria é do Arquiteto Eugénio Correia.

 

 

Fonte: BEJA, Filomena, et al. Muitos Anos de Escolas – Volume I – Edifícios para o Ensino Infantil e Primário até 1941. Lisboa, Ministério da Educação – Direção-Geral da Administração Escolar, 1990.


MJS


2025/05/05

Educadores Portugueses dos séculos XIX e XX: Fernanda de Castro (1900 – 1994)

 

(Imagem da autora retirada da internet)


 

Maria Fernanda Teles de Castro de Quadros Ferro nasceu em Lisboa a 8 de dezembro de 1900, filha de João Filipe das Dores de Quadros, Oficial Capitão-Tenente da Marinha e de Ana Isaura Codina Teles de Castro da Silva.

Tendo perdido a mãe aos 12 anos, acompanhou o pai em diversas comissões pelo país e estudou em Portimão, na Figueira da Foz e em Lisboa.

Foi romancista, poetisa e conferencista, tendo começado pela publicação de contos infantis como A Mariazinha em África, A Princesa dos Sete Castelos, Fim de Semana na Gorongosa ou Novas Aventuras de Mariazinha. Todas estas obras contribuíram para a criação de um sentimento de africanidade entre as gerações mais jovens.

Casou com António Ferro em 1922. Colaborou com várias figuras de destaque do plano intelectual português como Sarah Afonso, Emília de Sousa Costa e Teresa Leitão de Barros.

Apoiante do Estado Novo, participou em importantes eventos culturais, como a Exposição Internacional de Paris (1937), a Exposição Internacional de Nova Iorque e São Francisco (1939) e a Exposição do Mundo Português (1940).

Foi a criadora do primeiro Parque Infantil em Portugal, a 6 de dezembro de 1933 com o financiamento de Ricardo Espírito Santo e a cedência do terreno no Jardim de São Pedro de Alcântara. Seguiram-se muitos outros: o Parque do Campo Pequeno, o Parque das Necessidades, o Parque de Santa Catarina e o Parque de Alcântara, destinados a crianças carenciadas dos 3 aos 10 anos. Quarenta anos depois, a gestão destes parques passou para a Santa Casa da Misericórdia.

Entretanto, Fernanda Castro dedicou-se à educação das crianças desfavorecidas com idade superior a 10 anos, tendo criado a “Colmeia”, uma escola de artes e ofícios. Aqui as crianças aprendiam um ofício e podiam vender os seus trabalhos. No Parque Infantil das Necessidades surgiu o projeto artístico “Pássaro Azul”, onde os mais pequenos tomavam contato com todo o tipo de artes. Esta instituição não vingou devido aos esforços financeiros exigidos pela guerra colonial.

Após a morte do seu marido, aceitou o cargo de Presidente da Comissão de Literatura e Espetáculos para Menores. Este trabalho consistia em fazer uma censura pedagógica a todo o tipo de materiais que se destinavam às crianças. Colaborou em vários jornais e revistas e em 1969 ganhou o Prémio Nacional de Poesia.

 

 

Fonte principal: Dicionário de educadores portugueses / dir. António Nóvoa. - Porto : ASA, 2003.

 

 MJS