2019/10/09

Escola Secundária Nuno Álvares, Castelo Branco


ESCOLA SECUNDÁRIA NUNO ÁLVARES,
CASTELO BRANCO


A rede nacional de liceus foi criada em 1852, determinando que todas as capitais de distrito fossem contempladas com um estabelecimento semelhante. À data, Castelo Branco já possuía uma escola sem estatuto de liceu, lecionando gramática latina, filosofia e retórica. Em 1911, as instalações da escola foram transferidas para o palacete do Paço Episcopal da cidade, e poucos anos mais tarde, em 1918, passou a denominar-se Liceu Nacional Central de Nuno Álvares.

Em 1941 teve início a construção de um edifício projectado de raiz para receber a instituição de ensino albicastrense, concluído em 1944 e inaugurado no ano lectivo seguinte. Logo após, em 1947, foi nomeado o corpo docente para o Liceu de Castelo Branco: António José de Sousa professor das cadeiras de história e de oratória, José Joaquim Magro, enquanto regente de gramática latina e de latinidade, e, por último José Marques Leite, para lecionar filosofia e aritmética.

Em 1852 o liceu funcionou em duas salas do primeiro andar da ala nascente do edifício do antigo hospital da Misericórdia de Castelo Branco. No topo da mesma ala estava instalada a Escola de Ensino Mútuo, cuja sala, por ser maior, era por vezes ocupada para a realização de exames. A 16 de junho de 1863 a precariedade das instalações anteriores, agravadas por um desmoronamento ocorrido em 1859, conduziram à obtenção de uma autorização do Ministério do Reino para se proceder ao aluguer de uma casa senhorial no Largo da Sé.



Entre 1864-1865 as novas instalações permitem lecionar novas disciplinas introduzidas no currículo escolar: línguas (francês e inglês) e artes, aritmética e geometria.

No ano lectivo de 1883/1884 são inscritas as primeiras alunas externas. Em 1910, após a reforma do ensino de 1894-1895, protagonizada por Jaime Moniz, o liceu ganha prestígio. À data da implantação da República tinha já 212 alunos inscritos, no ano seguinte, com a extinção do Colégio de São Fiel.

Em 1911 o liceu é, definitivamente, instalado no antigo Paço Episcopal. Em 1914/1915, após a realização de obras de adaptação, o liceu passa a dispor de 11 salas de aula, uma sala de desenho, um museu de história natural, laboratório de físico-química, biblioteca, reitoria, secretaria, salas para pessoal docente e discente, arrecadações, salas de apoio aos laboratórios.



Em 1938 é aprovado o programa de construção, ampliação e melhoramentos dos edifícios liceais e respetivos encargos (Decreto-lei n.º 28604/1938, DG, 1.ª série, n.º 91). No referido plano é prevista a construção de raiz, em terreno a negociar com a Câmara Municipal de Castelo Branco, de um liceu misto com capacidade para 16 turmas, destinando-se para o efeito a quantia de 4.300.000$00.

Tendo em linha de conta o Decreto-lei n.º 28604/1938, DG, I série, n.º 91, a Junta das Construções do Ensino Técnico e Secundário (JCETS) prevê a construção e raiz de um liceu misto com capacidade para 16 turmas (cerca de 560 alunos). Dois anos mais tarde, em 1949, é apresentado o projeto, de um edifício em dois pisos, tendo apenas numa pequena parte um outro piso inferior, e abrange dois pátios separados pelas instalações de educação física da autoria do arquiteto José Costa e Silva e dos engenheiros Artur Bonneville Franco e António Carvalho Lopes Monteiro, todos pertencentes ao quadro técnico da JCETS.

Em janeiro de 1941, inicia-se a obra, adjudicada 4.239.200$00, nos terrenos cedidos para o efeito pela autarquia, em zona de expansão urbana, com a fachada principal sobre a avenida que liga a estação de caminho de ferro à Praça Nova, e constitui o principal arruamento da cidade. Nos anos seguintes a obra decorre morosamente, para o que contribuem as dificuldades em garantir mão de obra, bem como a aquisição e o transporte dos materiais. Em 1946 as obras são dadas por concluídas e feita a mudança das instalações, teve por custo final 6.759.729$51, ultrapassando a dotação inicialmente atribuída para a sua construção!

No ano lectivo de 1944-1945, a frequência do liceu desce para 431 alunos, dificuldades económicas e o crescimento do ensino particular (mais reputado) são razões apontadas para o decréscimo. Desta feita, no ano lectivo de 1950-1951, ultrapassada a capacidade prevista no projeto inicial do liceu, o reitor, Joaquim Sérvulo Correia, solicita a abertura de mais oito salas conseguidas por prolongamento das alas laterais.


Em 1978 a escola passa a designar-se Escola Secundária Nun'Álvares (Decreto-lei n.º 80/78, publicado no DR, 1.ª série, n.º 97, que termina com a distinção entre liceus e escolas técnicas, uniformizando as designações do ensino secundário). A 24 de agosto de 2006 o edifício está em vias de classificação, nos termos do Regime Transitório previsto no n.º 1 do Artigo 1.º do Decreto-Lei n.º 173/2006, DR, 1.ª série, n.º 16, tendo esta caducado, visto o procedimento não ter sido concluído no prazo fixado pelo Artigo 24.º da Lei n.º 107/2001, DR, 1.º série A, n.º 209 de 08 setembro 2001.

Atualmente, em 2013 foi criado o mega Agrupamento de Escolas Nuno Álvares, que congrega a até então escola não agrupada Secundária Nuno Álvares e os antigos agrupamentos Faria de Vasconcelos e Cidade de Castelo Branco, sendo assim a escola sede de um agrupamento vertical composto pelas escolas básicas do 1.º ciclo com jardim de infância da Boa Esperança, de Escalos de Baixo e Malpica do Tejo, as escolas básicas do 1.º ciclo do Cansado, da Horta Alva, da Mata e de Nossa Senhora da Piedade, Escola Básica dos 1.º e 2.º Ciclo e Jardim de Infância Faria de Vasconcelos, Escola Básica dos 1.º, 2.º e 3.º Ciclo e Jardim de Infância Cidade de Castelo Branco.


BIBLIOGRAFIA:

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TERENO, Paula (2015). Liceu Nacional de Castelo Branco, Liceu Nuno Álvares, Escola Secundária Nuno Álvares [em linha]. Forte de Sacavém: Sistema de Informação para o Património Arquitetónico [Consult. 24 de jun. de 2019]. Disponível: http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=9216


P.M.