2023/02/27

Educação e Monarquia: D. Dinis (1261 - 1325)

 

D. Dinis (1261 - 1325), “o Lavrador”, era filho de D. Afonso III e de D. Beatriz. Em 1282 casou com D. Isabel de Aragão, uma figura incontornável da história nacional pelas suas ações de caridade e pela sua atuação na política interna e externa.

D. Dinis não teve preocupações com a expansão territorial e dedicou-se à administração do reino e à centralização do poder real. Iniciou o processo de Inquirições em 1284 e manteve-as ao longo do seu reinado.

Em relação à Igreja, proibiu que as ordens e os clérigos adquirissem bens de raiz, mas defendeu os seus direitos devido aos problemas criados pelo sistema do padroado. Apoiou a Ordem de Santiago e transformou a Ordem dos Templários na Ordem de Cristo.

Em 1295 iniciou uma guerra com Castela que terminou com a assinatura do Tratado de Alcanises em 1297 e com a estabilização de fronteiras na Beira e no Alentejo.

Incrementou as feiras francas através da concessão de privilégios a diversas povoações. As exportações para a Flandres, Inglaterra e França foram apoiadas.

A agricultura foi outra das suas preocupações, procurando que a população explorasse as terras e facilitando a distribuição das mesmas.


(Imagem retirada da Internet)

Ao nível da cultura, D. Dinis deu um enorme impulso a esta área, sendo ele próprio autor de vários poemas. Ordenou o uso da língua portuguesa nos documentos oficiais e a sua corte tornou-se um dos maiores centros culturais da Europa.

Logo após a fundação da escola de Alcobaça, foi criada a primeira universidade em Portugal com a participação de representantes do mosteiro de Alcobaça, do mosteiro de Santa Cruz de Coimbra e do mosteiro de São Vicente Fora em Lisboa. D. Dinis apoiou o projeto e em 1290 fundou-se o Estudo Geral Português, a primeira Universidade da nação. O Papa Nicolau IV aprovou esta fundação.

D. Dinis concedeu inúmeros privilégios e apoio financeiro aos estudantes e à universidade. A Igreja também contribuiu financeiramente para o sucesso deste projeto de forma a pagar aos professores e a garantir menos custos para os alunos.

O modelo para a organização do estudo foi a Universidade de Bolonha e de Salamanca. Em Portugal eram ministrados cursos de Arte, Direito Canónico, Direito Civil e Medicina. O ensino da Teologia estava reservado aos franciscanos e dominicanos.

Os graus atingidos pelos estudantes dependiam do número de anos que estudavam: 3 anos – bacharel; 4 anos – licenciado; 5 anos – mestre.

A universidade ficou em Lisboa até ao ano de 1309 quando transitou para Coimbra. Ao longo do século XIV alternou a sua sede entre Lisboa e Coimbra.

No que respeita à produção artística, entre os finais do século XIII e inícios do século XIV, os documentos mostram que se identificam individualmente os nomes dos arquitetos envolvidos nas obras. Individualiza-se o artista e a aprendizagem torna-se cada vez mais laica.

O ensino das artes ao nível conventual, em que os monges aprendiam as artes nos conventos e depois transmitiam esses conhecimentos, começou um declínio a favor do ensino oficial. Este ensino baseava-se no sigilo, para salvaguardar os interesses materiais.

O ensino oficinal também vai ganhando importância, desenvolvendo-se paralelamente com a afirmação da burguesia. A vinda de artistas estrangeiros para Portugal contribuiu igualmente para a atualização dos artistas e do ensino das artes.


MJS

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